José, O Grande Servo. Juan Moisés De La Serna

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José, O Grande Servo - Juan Moisés De La Serna

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mas o Rei e eu concordamos que primeiro deveríamos ver se tudo era verdade, porque as referências que tínhamos eram pouco confiáveis. Mas eu vi e verifiquei tudo que me foi encarregado. Amanhã começarão a chegar algumas carroças carregadas com um bom vinho e outras provisões para passar o inverno. Além disso, o Rei envia uma renda que vocês recolherão todos os anos e retira todos os impostos. Além disso, ele quer que todo o mobiliário que eu vi seja renovado que, embora não esteja mal, não é novo. Ele vai pagar por tudo. Da minha parte, irei dar a vocês uma renda particular que, embora não seja muita, poderá ajudar porque não se pode consentir que a família real tenha de viver nestas condições. Mas como seu pai é um homem de honra e eu não quero ofendê-lo, eu imploro que me desculpe diante dele e que explique tudo o que eu disse quando tiver ido embora.

      Em pouco tempo, o homem foi embora e quando José explicou ao seu pai o que ele havia dito, seu pai não saía do seu espanto. E pegando uma correia, disse ao seu filho:

      - Agora você vai ver. Você me deixou no ridículo! Como eu me apresento agora na corte? Porque eu costumava ir uma ou duas vezes por ano.

      E ele tentou pegar José, que dando um passo para trás para que ele não conseguisse, disse:

      - Meu senhor, espere e pense um pouco sobre o que você ganhou e verá que cresceu diante do próprio Rei e das pessoas importantes porque eles estarão pensando que apesar da maneira como vivemos não deixamos de pagar os impostos e isso cairá bem para sua fama de homem de honra.

      Isso fez seu pai pensar, que se conteve e disse:

      - Vamos ver o que vai acontecer! – e deixou a correia de lado.

      As carroças levaram dois dias para chegar, mas quando o fizeram, traziam tal quantidade de alimentos e móveis que parecia que tinham de mobiliar um palácio inteiro.

      Além disso, chegou um homem escoltado por cinco soldados que traziam uma arca com dinheiro. Ele se apresentou, dizendo ser um emissário do Ministro da Fazenda e trazer a arca como um presente para o jovem que o serviu. E todos ficaram muito contentes.

      Quando terminaram de levar tudo, José se apresentou diante do seu pai e disse:

      - Pai, isso não é justo! É como se estas coisas tivessem caído do céu e nós ficamos com elas e não compartilhamos com aqueles tem menos.

      E tanto insistiu que seu pai após protestar, disse:

      - Eu te dou três dias para que chame os mais necessitados para que venham pegar o que puderem, depois deste tempo ninguém levará nada. Mas se você der alguma coisa para alguém que não seja necessitado, eu te darei uma surra que os ossos das suas costelas doerão por uma temporada.

      José se viu em um dilema. Por ter um coração bom estava em uma situação que não sabia o que fazer e sua voz interior lhe disse:

      - Vá ao eremita e peça um conselho. Ele saberá o que fazer.

      No dia seguinte ele partiu e ao fazê-lo, disse ao seu pai:

      - Já pode começar a contar!

      Quando chegou onde o eremita estava, contou tudo o que havia acontecido e o homem riu e disse:

      - Não queria que o ALTÍSSIMO o ajudasse? Pois veja quão bem ELE o ajudou! Agora você tem tudo de sobra e por isso tem um problema, mas venha que vamos pedir ajuda novamente.

      E ambos entraram na caverna e o eremita o levou a um lugar onde orar e ambos se ajoelharam com a cabeça no chão e ouviu-se:

      - Oh, ALTÍSSIMO que conhece o coração dos seres humanos nos dê a solução para este problema, de tal maneira que o maior número de pessoas possa se beneficiar de tudo o que nos foi dado, mas apenas aquelas que sejam dignas disso.

      E José ouviu em sua mente a voz que disse:

      - José, meu servo, estou muito satisfeito com você e irei ajudá-lo, portanto ouça o que você precisa fazer. Dentro de um dia, você viajará em uma direção e a todos que encontrar dirá para se apresentarem em sua casa que seu pai irá ajudá-los. E depois faça o mesmo em outra direção e diga que se apressem porque está terminando o que há para ser distribuído. E eles se apressarão mais do que os primeiros e assim chegarão quase ao mesmo tempo.

      José agradeceu ao ALTÍSSIMO e assim disse:

      - Oh, ALTÍSSIMO que quero servi-LO, me diga qual caminho preciso escolher para fazer isso.

      E a voz surgiu outra vez em seu pensamento e disse:

      - Você tem ao seu lado o homem que irá lhe dizer e quando tiver de procurar uma profissão, lembre-se dos velhos que você encontrou.

      Nada mais se ouviu. Ele se levantou e disse ao eremita:

      - O ALTÍSSIMO falou comigo. Vou embora correndo fazer Sua Vontade.

      - Acho muito bom que se apresse para fazer a vontade do ALTÍSSIMO – respondeu o eremita – mas não comece a correr agora para que não aconteça com você o que aconteceu com o cavalheiro. Desça a montanha primeiro e depois, quando estiver na estrada, comece a correr.

      José se despediu dele e começou a descer tão devagar que deu um tropeção que quase acaba como o cavalheiro. E o eremita, vendo o tropeção lá de cima, disse: - Como você sobe muitas vezes, vou ter de procurar algo para curar seus ferimentos porque é óbvio que você vai acabar com a cabeça quebrada.

      José partiu e fez tudo que lhe foi ordenado. E foi assim que começaram a chegar à casa do seu pai muitas pessoas que foram alimentadas. Algumas também receberam roupas e móveis. E continuaram chegando até o ponto em que o pai disse:

      - Já chega! Porque demos mais do que recebemos e não quero que agora, por fazer caridade, me encontre precisamente na miséria e se torne realidade o que foi dito ao homem do Rei.

      Alguns dias depois, enquanto estavam comendo, o pai de José perguntou:

      - Que comida era aquela que você nos deu? Que não estava tão mal, mas a única coisa que não consegui engolir foi aquele licor que você nos serviu.

      - Meu senhor e meu pai - respondeu José – se conto, o que você está comendo irá fazê-lo se sentir mal. É melhor respondê-lo hoje à tarde, depois da sesta.

      E diante da insistência do pai, José voltou a dizer:

      - Meu senhor e pai, não é prudente dizê-lo agora.

      E seu pai se encheu de raiva e levantando-se, disse:

      - Quando você me chama de meu senhor e pai é que algo está errado. Diga agora, de uma vez por todas porque eu estou mandando!

      - Bem, meu senhor e pai - disse José que se afastava dissimuladamente – não havia outra coisa que não fosse do campo e para que sua honra não fosse maculada com uma mentira, tive de pegar o que surgiu na minha frente. E como não conheço nada sobre o campo, levei dois dos seus criados que foram criados no campo e que não tem segredo para eles. Eles me aconselharam a pegar tudo o que via e eu segui seu conselho. E tirando o licor, que saiu muito ruim, o resto não esteve tão mal.

      O pai, segurando sua mão, disse:

      - Sim, concordo com você, mas me diga mais

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