José, O Grande Servo. Juan Moisés De La Serna
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- Meu Rei e Senhor me envia para perguntar como e quando nascerá o MESSIAS para que esteja preparado para recebê-LO e colocar o trono à sua disposição – ele respondeu.
- O MESSIAS está perto, mas não a ponto de ter de colocar o trono à disposição de ninguém. Está escrito que ELE nascerá por volta desta data e assim será. O lugar será Belém – disse o eremita enquanto se virava para o menino e dizia: - Agora me diga, o que você quer saber?
E José que não esperava a pergunta respondeu:
- Nada, senhor. Só venho acompanhar o cavalheiro – mas de repente, pensando rápido disse – mas se quer responder a uma pergunta será esta. Você verá que é um enigma. Uma autoridade tem um filho, riquezas, dinheiro e bens. A sorte sorri para ele, mas ele está vazio por dentro e não sabe o que fazer. Diga-me, que solução você pode dar para sua vida?
O eremita olhando em seus olhos respondeu:
- Que se ponha ao serviço do ALTÍSSIMO! ELE lhe dará trabalho porque está procurando por um trabalhador. E embora tenha chamado, ninguém respondeu. Mas parece que há um que pode ser merecedor.
Dizendo isso, ele deu meia volta e entrou na caverna. E enquanto estava indo embora ouviu que ele cantava, mas não entendeu o que ele estava dizendo.
Eles desceram da montanha e enquanto faziam isso o cavalheiro perguntou ao menino que impressão o eremita havia lhe causado porque em determinados momentos parecia lúcido e em outros, completamente louco. E enquanto desciam, o cavalheiro tropeçou e caiu montanha abaixo.
José o pegou, surrado pelos golpes, enquanto o cavalheiro dizia:
- Eu realmente quase me mato. Como vamos chegar a um lugar habitado se mal consigo me mover?
- Senhor, irei ajudá-lo, mas será melhor curar suas feridas. Vou pedir ajuda ao eremita, caso ele conheça alguma erva ou tenha água com a qual você possa ser curado - respondeu José.
Após dizer isso e sem esperar pela resposta, ele subiu a montanha correndo e chamou o eremita. Ele chegou até onde esteve antes, mas ninguém saiu. Voltou a chamar e vendo que ninguém respondia, decidiu entrar na caverna e o fez chamando continuamente, mas sem obter resposta. E quando entrou o suficiente, descobriu que a caverna descia e se transformava em uma grande cavidade interna e que havia luz que saía das paredes. E tal foi a impressão que isso lhe causou, que ficou parado e não percebeu que o eremita estava na sua frente. Quando reagiu, ele disse o motivo da sua visita. E o eremita respondeu:
- Isso aqui - e com a mão apontou as maravilhas da gruta em que estavam – é como seu interior, que por fora é uma montanha nua e por dentro tem uma maravilha, mas esta maravilha precisa sair para o exterior. Do que adiante o que você tem guardado se ninguém pode desfrutar? Mas não mostre esta maravilha aos porcos, mostre àqueles que podem vê-la e deslumbrar-se com ela. Eu lhe direi que tudo isso é obra do ALTÍSSIMO, que todo o ouro que um Rei possa ter não vale a metade da beleza aqui encerrada. Logo você vai conhecer a mulher que um dia será sua esposa e, mesmo que a conheça agora, também não poderá possui-la, pois ainda não nasceu.
José não entendeu e disse:
- Meu senhor, eu já a conheci quando era menino.
- Sim, assim como quando era velha e as duas são a mesma. E, no entanto, nenhuma das duas ainda tem vida pois não nasceram. Mas logo terá nascido e você irá conhecê-la. Digo tudo isso para que você compreenda que em relação as coisas do ALTÍSSIMO, só precisa fazer Sua Vontade, sem sequer pensar em compreendê-lo. E se você parar para fazê-lo, perderá o tempo e a oportunidade – disse o eremita e ele continuou: - Você terá de fazer uma viagem em breve e irá parar em uma aldeia e em uma casa você pedirá água e as pessoas que irão atendê-lo serão os pais da sua mulher. Respeite-os e fale com eles que, apesar de serem pessoas simples têm dentro do si o ALTÍSSIMO e sabem quando estão diante DELE. Agora vamos cuidar do cavalheiro, mas não será uma cura fácil. Você terá de levá-lo com cuidado para sua casa. Ele vai mandar que você leve um recado ao Rei e você terá de fazê-lo. E é sobre esta viagem que eu falei – o eremita concluiu.
Os dois desceram a montanha e pegaram o cavalheiro. Após cuidar dele um pouco, eles o colocaram com cuidado no cavalo e o rapaz o levou para casa. Eles levaram dois dias para chegar e quando o fizeram, colocaram o cavalheiro na cama e o homem disse ao pai de José:
- Preciso informar ao Rei!
E perguntou se ele poderia ir em seu lugar. O pai se recusou porque suas costas estavam incomodando, mas disse:
- Deixe que eu cuido disso e não há ninguém melhor do que o meu filho para informar ao Rei o que ele mesmo ouviu.
O cavalheiro concordou e decidiu-se que no dia seguinte José sairia para a Capital e embora o Rei não estivesse ali, deveria avisar na casa do cavalheiro para que viessem buscá-lo. Depois ele iria até onde o Rei estava, que era muito longe, em um lugar onde tinha uma fazenda em que gostava de ficar pois era fresco quando fazia calor.
José, com um bom cavalo e uma boa vestimenta, foi à procura do rei. Na Capital, ele deu o recado à família do cavalheiro e seguiu seu caminho. A noite o surpreendeu e ele chamou em uma casa, próxima a uma aldeia que não conhecia e pediu pousada. E disseram-lhe para entrar, apesar de não se dedicarem a fornecer pousada. Mas ele poderia passar uma noite em casa, pois o costume os obrigava a serem caridosos com aqueles que pediam corretamente. Quando entrou, ele percebeu que era a casa que o eremita havia indicado. Eles disseram:
- Meu senhor, somos pobres, mas honrados por isso em nossa mesa não existe muita comida e é possível que você não goste como é preparada, mas não podemos prepará-la de outra maneira.
E voltaram a servir aqueles ensopados que ele tanto gostou quando foi servido pela velha daquela casa. E assim que o viu e provou, ele se lembrou e não conseguindo se conter, disse:
- Está magnífico, como na outra vez.
E a mulher ficou olhando para ele e disse:
- Meu senhor, você já esteve aqui alguma vez para se lembrar do ensopado? Pois como você pode ver, não tem nada porque não temos nada. Está apenas cozido, são produtos do campo e só tem sal para temperá-lo e como molho, tem um pouco de azeite e de pimenta moída.
- No entanto, está magnífico! - disse José.
Depois serviram um frango e aconteceu a mesma coisa. Ele comentou como estava bom e a mulher voltou a dizer:
- Meu senhor, não tem nada de mais e só está cozido com sal e mais nada.
José notou que a mulher estava grávida e perguntou:
- Para quando é a criança?
- Falta pouco, mas precisamos fazer uma viagem até a casa de alguns parentes e é possível que nasça ali - ela respondeu.
Era costume que quando uma mulher fosse ter um filho se reunisse na casa de algum parente que cuidaria dela pelo tempo que fosse necessário, desde o parto até que ficasse em pé.
- Se você tivesse passado na próxima semana, não teria nos encontrado – acrescentou