Interseção Com Nibiru. Danilo Clementoni

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Interseção Com Nibiru - Danilo Clementoni

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juntando aos outros três no centro da ponte de comando, continuou: — Sem dúvida, é um sistema antigo, mas acho que consegui identificar o princípio de funcionamento. Conectei a um desses satélites que circulam lentamente em torno do planeta numa órbita mais baixa que a nossa, e agora acho que será possível fazer um”telefonema”.

      — Bom trabalho, meu amigo — exclamou Azakis. — Sabia que conseguiria.

      — Antes de cantar vitória, vamos ver se realmente funciona — disse Jack, tirando o celular das mãos do alienígena. O Coronel olhou cuidadosamente para a tela e então disse surpreso: — É inacreditável, tenho três barras de sinal.

      — Vá em frente, tente — sugeriu Elisa, toda empolgada.

      Jack rapidamente passou os olhos pela lista de contatos e encontrou o número do Almirante Wilson. Mas antes de chamar, teve uma dúvida repentina: — Que horas são agora em Washington?

      — Bem, deve ser duas e meia da tarde — respondeu Elisa, depois de olhar no relógio de pulso.

      — Ok, vou tentar então — Jack tomou um grande fôlego e então apertou a tecla "ENTER". O celular estava chamando. Inacreditável...

      Ele esperou pacientemente e somente após o sétimo toque, uma voz rouca e grave atendeu: — Almirante Benjamin Wilson, quem é?

      — Almirante. É o Coronel Jack Hudson. Consegue me ouvir?

      — Sim, meu caro, alto e claro. É um prazer ouvi-lo depois de tanto tempo. Está tudo bem?

      — Almirante... Sim, sim, obrigado... — Jack estava muito encabulado e não sabia exatamente por onde começar. — Estou lhe incomodando porque temos um assunto de extrema urgência, mas sobretudo inacreditável.

      — Pelo amor de Deus, filho, não faça suspense. Que diabos está acontecendo?

      — Bem, é difícil explicar. Você confia em mim, não é?

      — É claro, que pergunta é essa?

      — O que estou prestes a dizer pode parecer absurdo, mas garanto que é a verdade, pura e simples.

      — Jack, se não me contar imediatamente, meu pobre e velho coração vai parar.

      — Ok — O Coronel fez uma breve pausa, e então desembuchou de uma só vez: — Neste momento, estou em órbita em volta da Terra. Estou numa astronave alienígena e tenho notícias terríveis para relatar diretamente ao Presidente dos Estados Unidos. Você é a única pessoa de confiança que pode me colocar em contato com ele. Juro pela memória do meu pai que isso não é uma piada.

      Longos segundos se passaram, sem ouvirem nada do alto-falante do celular. Por um momento, Jack temeu que o Almirante estivesse aterrorizado. Então a voz rouca do outro lado disse: — Mas está realmente me chamando daí de cima? Como diabos consegue fazer isso?

      Wilson realmente era surpreendente. Em vez de se preocupar com alienígenas, ficava imaginando como consigo usar meu celular daqui de cima... Formidável...

      — Bem, com a tecnologia deles, conseguiram fazer algum tipo de conexão com um satélite de telecomunicação. Não posso lhe dizer mais que isso.

      — Alienígenas. Da onde são? E o que exatamente é essa catástrofe iminente? E por que escolheram você?

      — Almirante, é uma longa história que espero ter tempo de lhe contar, mas por ora, a coisa mais importante é que me ponha em contato com o Presidente o mais depressa possível.

      — Meu querido rapaz, confio plenamente em você, mas para conseguir que o Presidente acredite numa história como essa, precisarei algo mais que um simples telefonema.

      — Sim, imaginei isso e me parece justo — continuou Jack. — E se eu dissesse que neste momento, você está sentado numa poltrona marrom escura, com uma cópia do New York Times, será que a minha história seria mais convincente? — Petri conseguira identificar as coordenadas do Almirante por meio do sinal do celular, posicionara a Theos bem no zênite da cidade e ativou os sensores de curto alcance, apontados diretamente para a fonte das emissões.

      — Raios me partam — exclamou o Almirante, pulando e deixando o jornal cair no chão. — Como é que sabe disso? Não existem câmeras ocultas aqui. Meu escritório é verificado todos os dias.

      — Bem, não estou exatamente usando uma "câmera" para vê-lo. Digamos que é um sistema de visualização absolutamente incrível. Estamos a uma distância de 50.000 quilômetros da Terra, e pude ler com facilidade seu jornal, da onde estou. Posso até informar seu batimento cardíaco.

      — Está brincando, não é?

      Jack olhou para Petri, que imediatamente mudou o modo de visualização.

      Agora a figura do Almirante aparecia avermelhada, com vários matizes de amarelo e cinza escuro. Alguns números surgiram no canto superior direito da tela.. Jack os leu e disse: — Seu batimento cardíaco é de noventa e oito por minuto e sua pressão arterial é de 135/90 mmHg.

      — Sim, eu sei, é um pouco alta. Tomo remédio para controlar, mas nem sempre funciona. É a idade, sabe... — Então ele ponderou um momento e exclamou: — Mas é absolutamente incrível, é surpreendente! Será que você consegue fazer a mesma coisa com o Presidente?

      — Acho que sim — respondeu Jack, esperando um sinal positivo de Petri, que simplesmente assentiu de leve.

      — Poderia pelo menos me dar uma pista sobre o que vai acontecer com nós todos? Considerando que eles vieram sabe-se lá de onde para nos avisar, é sinal de que deve ser um evento bastante grave.

      — Ok, acho justo você saber.

      Elisa estava encorajando-o a continuar com gestos das mãos e fazendo caretas esquisitas com a boca.

      — O planeta deles está chegando perto do nosso num ritmo vertiginoso. Um dos seus satélites, Kodon para ser exato, vai se aproximar e nos atingir em menos de sete dias, e poderia causar uma série de transtornos indescritíveis. Até a nossa órbita e a da Lua poderiam ser afetadas. Ondas gigantescas na Terra poderiam varrer áreas submersas e as águas poderiam levar milhões e milhões de pessoas. Em resumo, uma catástrofe.

      O Almirante estava emudecido. Ele afundou pesadamente na sua poltrona marrom, e em voz baixa, somente conseguiu sussurrar: — Bem, raios me partam.

      — Na verdade, nossos amigos aqui gostariam de disponibilizar para nós um sistema que seja capaz de conter a maioria dos efeitos do desastre, mas é um procedimento muito perigoso, que nunca foi testado. Além disso, mesmo que tudo dê certo, na melhor maneira possível, não conseguiríamos sair ilesos do acontecimento. Uma parte da influência planetária, embora pequena, infelizmente não pode ser controlada. Portanto, devemos nos preparar para reduzir a um mínimo os danos e as perdas.

      — Meu caro jovem — respondeu sutilmente o Almirante. — Eu realmente acho que o Presidente deve ficar imediatamente a par de tudo o que acabou de me contar. Só espero, pelo bem de nós dois, que não seja alguma brincadeira, porque ninguém sairá impune, embora, no meu íntimo esteja na esperança de que seja. Talvez, simplesmente adormeci na cadeira e logo vou acordar, descobrindo que isso não é mais que um pesadelo.

      —

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