No Olho Do Furacão. Rebekah Lewis
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Christophe fez uma mesura.
– Christophe Jones, senhora. É um prazer. – Ele deu uma piscadinha para ela enquanto se punha ereto, e Josiah fez ainda mais careta. A Sra. Baker semicerrou os olhos e se aproximou. Ela levou as duas mãos ao rosto dele e moveu, gentilmente, o queixo dele para lá e para cá. Ela arfou e deu um passo para trás.
– Mãe! – Josiah passou um braço em volta dos ombros dela. – A senhora está bem?
Mas ela não deu atenção ao filho. Ela olhava para Christophe e o assombro impregnava a sua voz.
– Sua aura está errada. Assim como nas histórias, mas… eu nunca acreditei muito nelas. Esse não é o seu tempo, é?
Ele riu, mas os outros dois olharam para ele como se ele tivesse interrompido o funeral de alguém.
– A senhora está falando sério? – Sobre ler auras e não ser a época dele? Loucura. Embora… ele tinha mesmo sido arrastado para uma nova terra, mas só que ele estava no mar, e viagens no tempo não eram uma possibilidade. – Isso é absurdo. – Seu sotaque adaptado desapareceu. Ele era da Inglaterra, originalmente, mas usava um pouco de entonação caribenha para que pudesse se encaixar melhor a bordo do Calypso. Continuou usando-o naquele navio estranho, maior do que qualquer coisa que já tinha visto ou sabido que existia, porque tinha se acostumado com ele depois de um tempo. De alguma forma, não achava que precisava escondê-lo por mais tempo. Não tinha certeza do porquê.
A mulher mais velha deu um sorriso cálido.
– Alguma coisa aqui faz sentido para você? A eletricidade, por exemplo?
– O que é… eletricidade? – A palavra estrangeira soou estranha em seus lábios.
Josiah abriu a boca e a mãe bateu no joelho dele com a bengala.
– Cale-se. Você não vê que esse homem não faz ideia de onde ou quando ele está? – Ela apontou para as luzes sem chama. Christophe tinha parado de prestar atenção nelas, pois elas o deixavam muito confuso, assim como a estrutura do navio, e as roupas, e o palavreado, e todo o resto. – Eletricidade é uma fonte de energia que usamos para criar luz, ou para cozinhar, ou aquecer a água do banho. Entre outras coisas.
– A senhora está falando como se fosse doida – disse Josiah entredentes, inclinando-se para esfregar o joelho.
Christophe queria concordar com ele. Tudo aquilo soava totalmente insano. Seu primeiro impulso foi rebater o que ela quis dizer. Poderia o vapor criar o efeito da iluminação sem uma chama? Ainda assim, quanto mais pensava nas luzes, mais temia que aquela fosse uma substância misteriosa que ele não entendia. Um cordão de luzinhas não muito maiores que vagalumes decoravam o convés superior e ele tinha ficado impressionado por elas não piscarem ou voarem como os insetos. Assim que a bela mulher o distraíra, ele foi capaz de se concentrar nela e não no pânico causado pelos arredores. Agora, sem ela, conseguia se concentrar e tudo voltou a ser real demais.
A eletricidade, como a Sra. Baker tinha chamado, estava lá na frente dele, por todo o navio. Um navio que era grande demais e feito de materiais com os quais navios não eram feitos. Onde estava a madeira? Alguma coisa era de aço, como a amurada, e não tinha um mastro ou velas no convés. Era como se eles estivessem em uma armadura da Idade das Trevas, mas com certeza aquilo afundaria. Armaduras não flutuavam. Temia estar preso em um sonho estranho, mas só que o tapa que a rapariga tinha dado no seu rosto doeu o bastante para assegurar a sua consciência. Ele poderia mesmo estar na época errada como a Sra. Baker tinha sugerido?
Não era possível… ainda assim, ele se ouviu fazendo a pergunta que pensou que seria recebida com bufos e escárnio.
– Que ano é este?
A Sra. Baker bateu na mão do filho quando ele abriu a boca para responder e ela disse:
– Estamos em 2015. – A voz gentil disse aquilo de forma tão suave que ele quase não ouviu. Com certeza ele tinha ouvido errado.
Christophe recuou vários passos e sacudiu a cabeça. Isso é…
– Impossível – sussurrou. Essa mulher estava brincando com os seus temores? Ela achava que ele era tão fácil de enganar?
Qualquer outra explicação faria sentido?
Josiah sorriu depreciativamente, esfregou os olhos com o polegar o indicador.
– Que dia você acha que é? – Então, baixinho, ele adicionou – Isso vai ser interessante.
– Dezoito de junho. – Christophe odiou o tremor na própria voz. Não podia aceitar que aquilo era verdade, mas ele olhou para Josiah quando adicionou – Do ano de nosso Senhor de 1715. – O homem não gostava dele, e o curvar dos lábios e o balanço desdenhoso de cabeça o comprovou. Eu tinha sido sugado pelo oceano e pousei em outra era?
A Sra. Baker se limitou a assentir.
– Três séculos. Exatamente como nas histórias. Sempre em três. – Ela olhou para ele, os olhos castanhos brilhando. – Pobrezinho. Você deve estar tão confuso, tão perdido. – Segurando a bengala com força, ela adicionou – Quero que me conte tudo.
Josiah ergueu a mão para pôr um fim àquela conversa, e então um barulho estranho veio da caixa preta presa à camisa dele. Vozes abafadas se seguiram antes do estouro bizarro de sons entrecortados. Christophe olhou para aquilo boquiaberto.
Definitivamente incomum. Em 1715… Deus, estava pensando mesmo naquilo. Esfregou a testa, verificando se estava febril, mas a pele continuava fresca ao toque. Talvez estivesse tudo acontecendo em sua cabeça.
– Vá fechar o seu turno – disse a Sra. Baker para Josiah quando ele xingou baixinho. – Quero conversar com o nosso amigo.
– Ele está armado – disse Josiah, sério. Apontando para ele como se ele fosse sair matando todo mundo. Christophe não o culpava por querer discutir, e sorriu enquanto eles se debicavam sobre se ele iria ou não matá-la a sangue frio antes de roubar o navio e condenar a todos. Só de eles pensarem que ele, sozinho, seria capaz de roubar um navio desse tamanho, o deixou de ânimo elevado, que voltou a diminuir por causa da confusão do navio em si e sua… eletricidade.
– Ele não vai atirar em mim – disse a Sra. Baker. Ela era algum tipo de bruxa? Cabelo grisalho, encurvada, e a bengala… ela se encaixava no papel, mas havia menos gargalhadas e cânticos do que ele imaginava. – Eu tenho as respostas que ele precisará. – Aquilo era verdade, e ele não atirava em pessoas aleatórias. Normalmente, elas mereciam, ou era questão de vida ou morte.
Josiah puxou a mãe para longe para falar com ela em particular, mas Christophe ainda podia ouvir o que ele dizia.
– Mãe, os contos dos nossos ancestrais foram criados para nos dar lições sobre moral. Para tratarmos todos com respeito, assim como gostaríamos de ser tratados. Que a gente pode ser recompensado de formar inimagináveis, se nossa alma não for contaminada pelo mal. – Josiah se inclinou para que eles se olhassem olho no olho. – Aquele homem não tem a alma pura. Viagem do tempo não existe. Ele está brincando