Atração. Amy Blankenship

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Atração - Amy Blankenship

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é por isso que não és o médico.” A Sra. Tully estava contente por ele ainda ter aquele estranho sentido de humor… assim que começasse a curar-se, iria precisar dele.

      Micah rosnou suavemente quando a agulha se afundou no seu braço e teve que desviar o olhar. Detestava receber ordens de alguém e o que precisava agora era de localizar a irmã. Saíram todos do quarto quando ela retirou a seringa vazia do braço.

      A Sra. Tully viu-os sair e, em seguida, voltou-se para Micah, que já estava a dormir. A sua família estava feliz por ele estar em casa, mas a verdade é que… ela estava preocupada com o puma. Os ferimentos eram tão graves que ela tinha ficado surpreendida por ele ainda estar vivo.

      Ambas as rótulas tinham sido quebradas pelas balas e as suas costelas partidas por terem sido atingidas continuamente durante um certo período de tempo. As suas costas também pareciam ter sido esfoladas por algum tipo de chicote. Estava desidratado, desnutrido e tinha uma infeção a espalhar-se pela sua corrente sanguínea. Se fosse humano, ela ter-lhe-ia dado penicilina, mas infelizmente… antibióticos humanos não faziam qualquer efeito sobre o paranormal.

      Mesmo sabendo que os mutantes se curavam bastante depressa… não significava que não podiam ficar permanentemente feridos… ou mortalmente feridos. Ela considerá-lo-ia um sortudo caso resistisse à infeção.

      Olhou para Michael pelo canto do olho que ainda não se tinha ido embora e estava muito quieto sentado na cadeira. A Sra. Tully decidiu deixá-lo sozinho. Pensou muito em Michael e se ele queria ficar, então ela não o iria mandar embora. Ele era outro que também recorria a ela com frequência, mas sobretudo para lhe trazer os feridos, e nunca por se ter magoado.

      Com um suspiro, a Sra. Tully arrumou o seu equipamento e levantou-se. Com um ligeiro aceno de cabeça na direção de Michael, saiu do quarto em silêncio.

      Michael sabia que estava na hora de ir embora… só estava à espera que a sua raiva desaparecesse. Alicia era um furacão, mas Damon nunca a devia ter metido no meio de um tiroteio daqueles. Ainda conseguia ver o olhar possessivo no rosto de Damon quando colocou os braços à volta dela e questionou-se se a história se estaria a repetir.

      O seu olhar regressou ao que restava de Micah e a imagem de Alicia a chorar enquanto segurava a mão do irmão voltou para o assombrar. Outra imagem passou-lhe pela cabeça… a imagem de Dean a agarrar na sua mão e a colocá-la sobre Kane para o impedir de morrer. Entre ele e Dean… a ferida de Kane curou-se ali, mesmo à frente deles.

      Michael nunca tinha pensado nisso, mas já tinha visto Syn fazer coisas daquele tipo no passado. Houve uma vez em particular que se sobressaiu na sua mente… tinha sido há tanto tempo que ele até já se tinha esquecido.

      Foi durante uma das várias excursões que fizeram e em que encontraram uma criança ferida. Sorriu ligeiramente ao recordar-se da reação de Damon e de Kane ao verem a menina. Tinha uma das pernas partidas e múltiplos hematomas em várias fases de cura.

      A criança insistiu que só tinha caído, mas os rapazes sabiam que não havia nada na clareira que pudesse ter causado aqueles ferimentos. Quando Damon se ajoelhou diante da menina e começou a forçá-la a contar-lhes a verdade, Syn afastou-o dizendo: “Não podes fazer isso a uma criança inocente.”

      Ofereceram-se para a ajudar a voltar para casa, mas cheiraram imediatamente o medo que surgiu dentro da criança. Mas, não era medo deles, era o medo de voltar para casa que fez o coração da menina bater mais forte. Apesar de a criança não ter dito nada, Michael sabia que os pais dela eram os responsáveis pelos seus ferimentos… e não apenas a perna partida.

      Syn não disse nada à criança sobre isso e secou-lhe as lágrimas. Em vez disso, questionou-lhe sobre os irmãos e a menina respondeu que não tinha nenhum. Então ela começou a falar da sua avó que vivia nas montanhas e os seus olhos brilhavam com o seu amor de neta.

      Enquanto ela falava, Syn colocou diretamente a mão sobre a perna ferida da menina. E quando ela terminou a sua história, não só a sua perna estava curada como também todos os seus hematomas haviam desaparecido. Foi aí que Syn chocou realmente Michael. Enquanto Kane pegava a menina nos braços e começava a brincar com ela, Syn aproximou-se dele e de Damon.

      Olhando para Damon, disse: “Nunca deves mexer com a mente de uma criança… exceto desta vez. Ela não precisa de se lembrar dos espancamentos, mas sim das suas mortes.” O seu olhar tornou-se tão frio enquanto acrescentou: “Foi com fogo.” Com isto, Syn voltou-se e foi pelo caminho que, obviamente dava para a casa da menina.

      Kane não escondeu que queria ficar com a menina e criá-la… sempre tivera um fraquinho por crianças. Todos eles tinham pontos fracos, mas os de Kane eram muito piores. Compraria uma loja inteira de brinquedos para elas só por capricho… e já o tinha feito… algumas vezes. No entanto, Syn insistiu em fazer a coisa certa e levou a criança à sua amada avó.

      Na manhã seguinte, quando o sol nasceu, a notícia de que uma casa tinha ardido por completo já se tinha espalhado por toda a aldeia. Os restos mortais de um homem e de uma mulher tinham sido encontrados, mas a filha deles, uma menina pequenina, estava desaparecida.

      Os quatro homens rapidamente deixaram a aldeia, montados nos seus cavalos, em direção ao que agora era conhecido como os Alpes Suíços. Após entregarem a menina aos seus familiares, Syn entregou uma carta e um saco de moedas de ouro à avó enquanto trocava algumas palavras com ela. A velhinha sorriu e abraçou Syn com força antes de pegar na sua neta ao colo.

      Apesar de Syn nunca ter dito nada, eles sabiam que era o responsável pela morte dos pais da menina. Até hoje, aquilo fazia Michael estremecer quando pensava demasiado sobre isso. O código de moral de Syn recusava-se a deixar qualquer criança padecer tanta miséria e, se pudesse fazer alguma coisa em relação a isso… faria. Syn estava-se nas tintas para quem eram os pais ou para o que eles representavam. Acreditava que os pais abusivos mereciam um castigo superior ao que faziam eventualmente aos seus filhos.

      Quando Michael questionou Syn sobre as suas habilidades de cura na criança, Syn apenas lhe mostrou um sorriso paciente.

      “O poder reside dentro da tua alma imortal. Comparado com a imortalidade… ainda és uma criança, por isso a maior parte do teu poder ainda está adormecido. À medida que o tempo passa, esse poder vai aumentando. Quanto ao poder que tens… só a tua alma pode escolher. Se a cura é o poder que a tua alma impele, então tudo o que tens de fazer é querê-lo afincadamente.”

      Olhando para trás, para o puma ferido, ele compreendeu. Ver Alicia chorar daquela maneira era motivação mais do que suficiente para fazê-lo querer aquilo mais do que tudo. Michael levantou-se calmamente e aproximou-se de Micah. À medida que se aproximava, conseguia sentir o cheiro da infeção que começava a tomar conta do corpo do puma. Se acontecesse alguma coisa ao puma, ele sabia que Alicia iria chorar, e ele não queria que ela chorasse.

      Michael colocou a mão sobre o peito de Micah e recordou-se das sensações que sentiu quando ele e Dean tocaram em Kane. Concentrando-se na sua necessidade de ver Alicia sorrir, sentiu algo fluir de si para aquele que sabia que poderia fazê-la feliz. Micah começou a brilhar suavemente e Michael esperou para ver se era capaz de ver a alma de Micah como tinha visto a de Kane. Após um momento, percebeu que tinha sido o poder de Dean… não o seu.

      Se mais alguém estivesse no quarto além dele, poderia ver as diferenças acontecerem. Os olhos de Michael começaram a brilhar num tom ametista profundo e a sua alma tornou-se lentamente visível, sobrepondo-se à sua forma física.

      Michael conseguia sentir uma parte de si dentro do corpo do puma… fluindo através do seu sangue. Suspirou de alívio quando o cheiro da infeção começou, gradualmente,

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