Quase Perdida. Блейк Пирс
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Ela não fazia ideia de qual seria a resposta certa.
– Isso parece estressante – ela disse eventualmente para preencher o curto silêncio.
– Estive conversando por aí, porque não tive a oportunidade de colocar o anúncio do emprego, e estou tão atrapalhado que não acho que seria particularmente bom em selecionar alguém novo. Todos que trabalharam para mim antes estão indisponíveis. Não me importo em te dizer isso, estou desesperado por ajuda. Estou disposto a pagar o triplo do salário do mercado e o trabalho será de, no máximo, três semanas.
– Bem… – Cassie começou.
Ela não conseguiu se forçar a dizer não. Seria insensível, já que este homem estava em circunstâncias tão terríveis. Sentia pena por ele e achava que seria egoísmo recusar o trabalho de pronto. Eles claramente estavam desesperados por ajuda e o bom pagamento, combinado com o prazo curto, era tentador.
– Por que não vem nos conhecer? – Ryan sugeriu. – Você tem carro? Se não, posso te buscar na estação. Pagarei pelo seu bilhete, é claro.
– Tenho carro – Cassie disse.
– Isso facilita muito, deve levar cerca de cinco horas, se o tráfego cooperar. Vou te enviar o endereço agora, e reembolsar sua viagem caso não goste de nós.
– Tudo bem. Parto amanhã de manhã. Devo estar aí por volta da hora do almoço – Cassie disse.
Ela desligou, aliviada por ter uma chance de passar um tempo com a família antes de tomar sua decisão. Se gostasse deles, poderia ter uma oportunidade de realmente fazer a diferença em suas vidas, oferecendo ajuda e apoio durante um período difícil.
Quando Ryan lhe contara que era recém-divorciado, ela não esperava sentia tanta empatia por ele. Crescendo em um lar recheado de conflitos e tendo perdido sua mãe tão nova, ela entendia o que aquilo significava. Essa era uma situação em que sabia que poderia ser valiosa para a família.
Ao fugir de casa desesperada e amedrontada aos dezesseis anos, ela estivera determinada em seguir os passos de sua irmã e se afastar dos abusos de seu pai para sempre. Mas, após escapar de sua dominância furiosa, ela havia acabado em um relacionamento nocivo com seu namorado tóxico, Zane. Então, viajar para a França para escapar de Zane havia lhe aterrissado no pior pesadelo de todos.
Fora da cidade, em um vilarejo costeiro remoto, ela estaria escondida em segurança e seria capaz de vivenciar um ambiente familiar onde se sentiria necessária, o que era uma das principais razões pelas quais desejara ser uma au pair em primeiro lugar.
Cassie esperava poder usar este tempo para se curar.
CAPÍTULO TRÊS
A viagem até a casa de Ryan Ellis levou mais tempo do que Cassie havia esperado. Parecia impossível evitar o tráfego pesado entupindo as rodovias na direção sul, e houvera duas seções com obras na estrada onde ela teve que fazer um longo desvio.
O tempo adicional na estrada implicou que ela quase ficasse sem gasolina. Teve que usar o restante do dinheiro que Jess havia lhe emprestado para completar o tanque. Preocupada que Ryan pensasse que ela havia mudado de ideia, enviou uma mensagem a ele, se desculpando e dizendo que se atrasaria. Ele respondeu imediatamente, dizendo: “Sem problemas, venha com calma, dirija com cuidado”.
Uma vez fora da rodovia, na área rural, as paisagens eram idílicas. Ela esticou o pescoço, olhando por cima das cercas-vivas bem aparadas para a vista em declive dos campos em retalhos de todos os tons, desde o verde-escuro até o marrom-dourado, com casas de campo pitorescas e rios sinuosos. A paisagem ordenada dava-lhe uma sensação de paz e, apesar de saber que as nuvens se aglomerando significassem chuva à tarde, ela torcia para chegar ao seu destino antes que ela caísse.
Mais de seis horas após sair de Londres, ela chegou ao inusitado vilarejo à beira-mar. Mesmo na luz opaca, o vilarejo era encantador. O carro chacoalhou sobre as ruas de paralelepípedos, onde brechas entre as fileiras de casas davam-lhe vislumbres do pitoresco porto adiante. Ryan havia lhe instruído a dirigir atravessando o vilarejo e, depois, ao longo da estrada que beirava o penhasco. A casa ficava a alguns quilômetros adiante, com vista para o mar.
Parando do lado de fora do portão aberto, Cassie ficou encarando, maravilhada, pois a casa era quase perfeita demais para ser verdade. Parecia um lugar onde ela sempre sonhara em morar. Uma casa simples, porém deslumbrante, com linhas inclinadas e detalhes emadeirados que se misturavam harmoniosamente com os arredores, lembrando-a de um navio atracado no porto – só que esta construção se aninhava em um penhasco, com uma vista incrível do oceano adiante. O quintal bem-cuidado abrigava um balanço e uma gangorra. Ambos estavam levemente enferrujados e Cassie supôs que o estado dos equipamentos oferecesse uma pista sobre a idade das crianças.
Cassie olhou para o espelho do carro e ajeitou o cabelo – as ondas estavam macias e brilhantes, graças a seus esforços naquela manhã, e seu batom coral estava imaculado.
Estacionou na entrada da garagem pavimentada e caminhou até a casa por uma trilha ladeada por canteiros de flores. Mesmo nessa época do ano, os canteiros estavam iluminados por flores amarelas e ela reconheceu a madressilva plantada adiante, florescendo. No verão, imaginou que elas se tornariam uma explosão de cor.
A porta de entrada abriu antes que pudesse alcançá-la.
– Boa tarde, Cassie. Prazer em conhecê-la. Sou Ryan.
O homem que a cumprimentou era bem mais alto do que ela, com um corpo em boa forma e surpreendentemente jovem, com cabelos marrom-claros despenteados e olhos azuis penetrantes. Ele sorria, parecendo genuinamente feliz em vê-la, e vestia uma camiseta desbotada do Eminem e calças jeans gastas. Ela notou um pano de prato enganchado no cós da calça dele.
– Olá, Ryan.
Ela apertou a mão estendida. O toque dele era firme e caloroso.
– Você me pegou no meio da limpeza da cozinha, me preparando para a sua chegada. A chaleira ferveu; você bebe chá? É um hábito inglês, eu sei, mas também tenho café, se preferir.
– Eu adoraria um chá – Cassie disse, tranquilizada pela recepção despretensiosa.
Conforme ele fechava a porta de entrada e os conduzia até a cozinha, ela pensou consigo mesma que Ryan Ellis era muito diferente do que ela havia esperado. Ele era mais amigável do que ela pensava e ela adorava que ele se dispusesse a limpar a cozinha.
Cassie lembrou-se de sua chegada em seu último posto como au pair. Assim que entrara no castelo francês, pressentira a atmosfera desagradável, carregada de conflito. Nesta casa, não sentia nada daquilo.
Caminhando sobre os assoalhos de madeira polida, ela ficou impressionada com a aparente organização. Havia até mesmo flores recém-colhidas na mesa do hall.
– Enfeitamos o lugar para você – disse Ryan, como se lesse sua mente. – Não ficava tão bonito há meses.
À sua direita, Cassie viu uma sala de estar com enormes portas de correr que davam para uma varanda. Com móveis de couro de aparência confortável e quadros de navios nas paredes, o cômodo parecia acolhedor e de bom gosto. Não podia evitar compará-lo à decoração ostentosa do castelo onde trabalhara anteriormente. Parecia que uma família de verdade vivia neste lar.