Guerreiro Dos Sonhos. Brenda Trim

Чтение книги онлайн.

Читать онлайн книгу Guerreiro Dos Sonhos - Brenda Trim страница 2

Guerreiro Dos Sonhos - Brenda Trim

Скачать книгу

Conseguiu mover lentamente os dedos pelo chão e arrastou o telefone para mais perto.

      Digitou o número e fechou os olhos quando ouviu a saudação sensual da mensagem de voz de sua esposa. Percebeu que não lhe restariam palavras suficientes para alertá-la de forma adequada sobre os perigos que existiam.

      — Não tenho muito tempo… eu a amo, Elsie. Sempre a amarei. Adeus, querida.

      Ele se preocupava com a esposa. Quem a protegeria dos males que vagavam pela noite e que ele conhecia agora? Queria protegê-la e não podia. Sua própria alma clamava contra a injustiça de tudo aquilo.

      O que…? Uma sensação de paz abrangente envolveu Dalton e a mais brilhante luz branca encheu o aposento. Aquela sensação de calma era chocante e totalmente em desacordo com seu ataque brutal. Estava morrendo e aquilo o deixou irritado.

      Seus olhos se fecharam e seus últimos pensamentos voltaram-se para sua linda esposa no dia em que se casaram. Ele viu seus longos cabelos castanhos e ondulados, enrolados com pequenas flores brancas, esvoaçando em torno de seu rosto. Seus olhos claros e azuis mostravam a profundidade de seu amor por ele. Ela segurava um pequeno buquê de jasmim e usava um vestido branco simples e sem alças. Era a imagem mais linda que já vira. Quando olhou nos olhos dela e eles trocaram seus votos, soube que a amaria até o dia de sua morte.

      Só não sabia que esse dia chegaria tão cedo.

      Capítulo Um

      Elsie acordou, encharcada de suor, com um grito preso nos lábios e os lençóis enroscados nas pernas. Sua irmã se mexeu ao lado dela no colchão de casal grande. Ela não queria acordá-la e levou o punho à boca, sufocando o grito que estava prestes a sair, enquanto as imagens de seu pesadelo continuavam a consumi-la. Não importava quanto tempo ela lutasse, as visões e lembranças se recusavam a deixá-la.

      Sempre começava da mesma maneira, com ela parada sobre o linóleo rachado no longo corredor do orfanato onde Dalton havia sido assassinado. Havia revivido aquela noite inteira inúmeras vezes nos últimos dezoito meses. Fechou os olhos com força, enquanto as imagens inundavam seu cérebro dolorido pelo que parecia ser a milionésima vez.

      Um matadouro a cercava. Respingos de sangue cobriam as paredes e havia poças do líquido escarlate congelando no chão quadriculado em preto e branco. Ela engasgou quando viu um pedaço de carne em tom vermelho-claro no chão… carne. Sinalizadores e cones amarelos cobriam as paredes e o chão, em meio à carnificina. Seu estômago revirou enquanto seu corpo tornava-se entorpecido.

      Em meio à agitação, ela sussurrou um pedido de ajuda. Ninguém respondeu e ela despencou no chão. Alheia ao sangue no qual se encontrava, ela contemplou a visão de seu marido deitado em uma poça vermelha, e os olhos sem vida dele pareciam fixos nela. Seu pescoço estava rasgado e retalhado. Quanto tempo ela ficou ali, gritando, ela não sabia. Finalmente, um policial a levou para longe do corpo de Dalton e para fora de casa, onde seu pesadelo piorou quando se deparou com uma multidão de meios de comunicação gritando perguntas sobre o marido ser a mais recente vítima dos TwiKill. Seu mundo desmoronou naquela noite. Naquele momento, um abismo negro gigante implodiu, transformando-se em uma dor interminável em seu peito.

      Agora, dezoito meses depois, aquele abismo negro havia produzido espinhos e perfurado seu coração. A dor a forçou a se enroscar como uma bola em sua cama. Odiava a quantidade de poder que as lembranças exerciam sobre ela. Juntar-se aos SOVA, os Sobreviventes dos Ataques dos Vampiros, havia sido uma maneira de recuperar parte desse poder. Ainda assim, desejava ser uma estudante universitária “normal” de novo. Você não é normal desde os três anos, pensou ela, ironicamente.

      Nem mesmo os pensamentos de sua infância poderiam suprimir a dor da perda. Não importava quanto tempo tivesse passado, o assassinato de Dalton ainda parecia inacreditável. A polícia ainda não sabia quem era o responsável, e os detetives encarregados vinham dando as mesmas desculpas para a imprensa por dezoito meses. Eram incompetentes e não sabiam uma fração do que ela soube nas primeiras quarenta e oito horas. Não que ela pudesse lhe contar o que soubera. Não podia, ou arriscaria a sua liberdade ou a de seus amigos. No instante em que a polícia soubesse sobre os fatos do caso, todos seriam acusados de um crime.

      Ela pulou da cama e foi até o banheiro, onde imediatamente se livrou do mísero conteúdo do seu estômago. Havia sido assim, dia após dia, pelo que parecia uma eternidade. Estava devastada por uma dor sem fim, quase incapaz de raciocinar.

      Dormir era coisa do passado, sendo sempre interrompida por pesadelos. Poderia conviver com as olheiras, mas a memória confusa e a irritabilidade eram outra história. Vivia à base de bebidas energéticas e doces. Não conseguia se lembrar da última vez que consumiu uma refeição completa porque o sofrimento criava uma barreira em sua garganta. Devido às manchas negras sob os olhos e à perda de peso, ela parecia um zumbi. Inferno, também se sentia como um deles.

      Limpando a boca depois que os espasmos do estômago pararam, ela puxou a descarga e rezou pela milionésima vez por uma pílula mágica que aliviasse a dor. Infelizmente, a ciência não estava do lado dela.

      Depois de lavar o rosto e escovar os dentes, ela verificou como estava a irmã. Durante toda a vida de Elsie, Cailyn sempre se certificou de que ela estava segura e tinha o que precisava. Apesar de morar a dois estados de distância, isso não fazia com que as coisas fossem diferentes agora, com suas ligações diárias e visitas bimensais. Cailyn era a única família que lhe restara, e sua bênção salvadora. Ela a amava mais do que tudo.

      Felizmente, sua irmã não a ouviu no banheiro e ainda estava dormindo. Ela não precisava ou queria outro sermão sobre sua falta de alimentação e perda de peso.

      Silenciosamente, pegou o roupão na parte de trás da porta do quarto e dirigiu-se à sala de estar. Parou na cozinha primeiro para tomar uma bebida energética antes de se sentar no sofá-cama que servia de sofá e cama extra. Abrindo o energético, pegou o laptop. Precisava dar os retoques finais em um trabalho antes de entregá-lo na segunda-feira. Enquanto esperava a inicialização do laptop, apanhou a agenda e olhou para o horário de trabalho. Para manter seu apartamento, havia feito turnos extras para compensar a perda de renda. A realidade era que ela usava suas atividades como uma distração para o sofrimento esmagador.

      Sua cabeça caiu sobre o sofá-cama e ela olhou para os coloridos cobertores mexicanos que serviam como um dos lembretes de sua vida com Dalton. A sala era pequena, mas aconchegante. E ainda estava cheia de recordações de sua vida com o falecido marido. Simplesmente, não suportava se separar das lembranças. Lágrimas encheram seus olhos. Ficaria algum dia livre?

      [bad img format]

      * * *

      Elsie se curvou para vestir o casaco preto e apertou o cachecol com mais força quando uma brisa desceu por suas costas. Estava muito frio em Seattle naquela época do ano. Estava também quase sempre úmido ali. As vizinhanças intensamente arborizadas deveriam ter diminuído o vento. Ou mesmo as casas construídas bem próximas umas às outras. Infelizmente, nada daquilo conseguia reduzir o calafrio que penetrava em seus ossos.

      Tremendo, ela levantou a gola e puxou o gorro rosa sobre as orelhas. Estava frio e, para aumentar a infelicidade, começava a chuviscar. A primavera não deveria estar tão fria. Mas ela teria que se mudar para o sul para obter um clima mais quente.

      — Vamos pegar um burrito para o jantar, já que sei que sua geladeira está vazia. De fato, você precisa comer pelo menos uma refeição hoje — disse Cailyn, enquanto passava o braço pelos de Elsie e desciam a rua.

      —

Скачать книгу