Escândalo no quarto. Caitlin Crews

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Escândalo no quarto - Caitlin Crews MINISERIE SABRINA

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sobretudo, quando se virou e voltou a olhar para ela de cima a baixo… e teve o mesmo efeito do que antes. Olhar para ela era como observar uma tempestade.

      – Mau é uma descrição como outra qualquer – acrescentou ele.

      Percebeu que ele não respondera à pergunta.

      – Porquê?

      Lauren parou a meio metro dele, mais ou menos, e pôs as mãos na cintura com o xaile aberto. Aborreceu-se com essa parte de si própria que se emocionou quando ele olhou para a corrente delicada de ouro que lhe pendia do pescoço e para a blusa de seda que tinha por baixo. Os seios e os mamilos endureceram, mas devia ser uma reação ao frio repentino, não a ele…

      Passara anos a usar sapatos que lhe recordavam que era uma mulher e com a esperança de que esse dia fosse o dia em que Matteo a via como uma, para variar. Nunca o fizera nem o faria.

      Aquele homem, pelo contrário, fazia com que se sentisse disparatadamente feminina sem se esforçar.

      Tentou convencer-se de que o que sentia era uma indignação absoluta, mas essa vertigem impedia-a de acreditar.

      – Porque te beijei? – Lauren viu o brilho dos seus dentes, como se ele quisesse sorrir e se arrependesse no último momento. – Porque queria, Capuchinho Vermelho. Por que outra razão seria?

      – Talvez me tenha beijado porque é um porco – acusou ela, com frieza. – Algo que costuma acontecer aos homens que perdem o domínio sobre si próprios.

      O rosto dele refletiu uma espécie de prazer sombrio.

      – Parece-me que misturou as histórias. Além disso, em qualquer caso, quando há porcos, também há bufos e, se não me engano… sopros. – Ele inclinou a cabeça como se quisesse recordar-lhe como era indómito e como estava afastado das experiências dela. – Estás a insinuar-te?

      Sentiu uma labareda por dentro, mas não se deixou levar, não se deixou dominar pelas imagens do que ele poderia chamar «sopros».

      – Muito engraçado – troçou ela, antes de se envergonhar ainda mais. – Não é de estranhar que um homem que vive numa cabana no bosque tenha tempo suficiente para mudar os contos de fadas ao seu gosto, mas não estou aqui por si, senhor James.

      – Chama-me Dominik. – Ele sorriu, mas ela não se deixou enganar por esse sorriso. – Imagino que o senhor James fosse o meu pai, mas nunca conheci esse homem.

      – Gosto da sua estratégia. – Lauren tentou outra tática antes de pensar no beijo. – Pôs-me no meu lugar, obrigada, e adoraria ir-me embora e contar ao meu patrão que o melhor que poderia fazer é não reconhecer o ermitão bárbaro que vive no bosque como o seu irmão perdido, mas receio que não possa.

      – Porquê?

      – Porque tanto faz porque está aqui e se é um bárbaro, um ermitão ou um patife que não sabe lidar com as pessoas. – Abanou uma mão como se não soubesse com que adjetivo ficar. – Se consegui localizá-lo, isso quer dizer que os outros também conseguirão e não serão tão agradáveis como eu. Serão jornalistas e paparazzi e, quando começarem a vir, não vão parar de o fazer. Vão rodear a cabana e transformar a sua vida num inferno. – Lauren sorriu de orelha a orelha. – É apenas uma questão de tempo.

      – Passei toda a infância à espera que alguém viesse – replicou ele, com delicadeza, depois de um silêncio que a deixou nervosa. – Nunca veio ninguém. Vais perdoar-me se não acreditar que, agora, de repente, interesso a alguém.

      – Quando era pequeno, era um erro ilegítimo. Foi o que o pai da Alexandrina San Giacomo escreveu sobre si, não é uma descrição minha – apressou-se a esclarecer ela. – Agora, é o herdeiro San Giacomo que devia ter sido sempre. É um homem muito rico, senhor James. Mais ainda, faz parte de uma linhagem muito antiga e ilustre.

      – Enganas-te por completo – contradisse, com uma amabilidade que não enganou Lauren, pois viu a expressão implacável do seu rosto. – Sou um órfão, um ex-soldado e um homem que prefere estar consigo próprio. Se fosse a ti, voltava a correr para o homem que segura a tua trela e contava-lhe. – Então, os olhos dele deixaram escapar um brilho ameaçador. – E fazia-o já, como um cão obediente, antes que me esqueça do teu sabor e dar rédea solta ao meu mau feitio.

      Fá-lo-ia com muito prazer. Se ser o cão de Matteo a livrasse daquele homem, adoraria sê-lo, mas não fora a tarefa que lhe tinham pedido.

      – Receio que não possa fazê-lo.

      – Não há alternativa, Capuchinho Vermelho. Já te dei a minha resposta.

      Lauren percebia que falava a sério, que estava disposto a voltar para a cabana ridícula no meio do nada, a esquecer as suas origens e a fingir que não a encontrara. Sentiu um arrebatamento de um sentimento diferente e que não dizia nada de bom dela.

      Não desdenharia a fortuna dos San Giacomo e tudo o que a acompanhava. Não gozaria com a ideia de ser uma herdeira desaparecida durante todo esse tempo. Era muito melhor do que a realidade crua, que tanto o pai como a mãe se casaram outra vez e que tinham umas famílias maravilhosas e novas de que gostavam muito mais do que dela, a lembrança de todas as más decisões que tinham tomado juntos.

      Tinham-na passado de mão em mão sem vontade e com muito pouco carinho até, finalmente, ser maior de idade e lhes comunicar que podiam parar de o fazer. A verdade triste era que ela esperara que algum deles objetasse ou, pelo menos, fingisse, mas nenhum dos dois se incomodara em fazê-lo… e não achava que isso tivesse importado muito se tivesse sangue azul e uma fortuna repentina para amortecer o golpe.

      – Esta notícia teria entusiasmado a maioria das pessoas – conseguiu dizer ela, sem ceder aos seus próprios sentimentos. – É quase como ganhar a lotaria, não é? Segue em frente com a sua vida, mas, de repente, descobre que é uma pessoa completamente diferente de quem pensava que era.

      – Sou exatamente quem acho que sou. – Garantiu-o num tom tão ameaçador como o seu olhar. – Trabalhei muito para o ser e não tenciono desistir por causa dos remorsos de uma mulher morta.

      – Mas eu não…

      – Sei quem são os San Giacomo – interrompeu Dominik. – Acredita em mim, em Itália, senti a sombra deles e não quero ser um deles. Podes dizer isso ao teu patrão.

      – Voltará a mandar-me cá e, se continuar a rejeitar-me, acabará por ser ele a vir. É o que quer? Quer ter a oportunidade de lhe dizer que não está interessado no presente que quer dar-lhe?

      – É um presente ou é o que me correspondia por nascimento e não me permitiram reivindicar? – perguntou ele, olhando para ela com atenção.

      – Seja o que for, não será nada se se fechar na sua cabana de madeira como se não estivesse a acontecer nada.

      Riu-se. Não deitou a cabeça para trás nem deixou escapar uma gargalhada, só sorriu. Foi um sorriso fugaz que fez com que Lauren tivesse vontade de ouvir uma gargalhada real.

      Podia saber-se o que estava a acontecer?

      – O que não entendo é o teu empenho.

      A sua voz foi como uma carícia nas costas e não ajudou imaginá-lo a fazer precisamente isso e a passar-lhe

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