Uma esposa perfeita. Julia James

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Uma esposa perfeita - Julia James Sabrina

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a pousar o copo na mesa quando o seu olhar se fixou num rosto. Uma mulher sentada a alguns metros dele.

      Era extraordinariamente bela, com um estilo diferente das feições fogosas e dramáticas de Nadya. Aquela mulher era loira, com o cabelo apanhado num coque francês elegante, pálida, com uma compleição de alabastro, olhos claros e uma boca perfeita e destacada por um batom de cor discreta. Parecia remota e ausente. Era uma beleza gelada.

      Uma donzela de gelo que parecia dizer: «Olhar, mas não tocar.»

      Imediatamente, era o que Nikos queria fazer. Aproximar-se dela, acariciar esse rosto de alabastro e sentir o cetim frio da pele pálida por baixo dos dedos, deslizar os polegares sensualmente pelos seus lábios, ver a reação naqueles olhos claros e fazer com que o olhar gelado se derretesse.

      A intensidade desse impulso surpreendeu-o e, sem se aperceber, apertou o copo de conhaque. Uma esposa troféu era o próximo item na sua lista de objetivos, mas não tinha de a procurar imediatamente. Não havia nenhuma razão para não desfrutar de uma aventura temporária antes de procurar uma esposa.

      E acabara de encontrar a mulher ideal para esse papel.

      Fazendo um esforço, Diana desviou o olhar do estranho e, finalmente, o orador acabou o seu discurso.

      – Ainda bem – comentou Toby. – Lamento ter-te feito suportar este discurso.

      Ela esboçou um sorriso amável, pensando no homem que a observava do outro lado da sala. A imagem parecia gravada na sua mente.

      Moreno, de pele bronzeada, cabelo preto e espesso a tocar na testa, maçãs do rosto altas, nariz reto e uma boca de contorno esculpido que a perturbava, mas não tanto como os olhos escuros que se fixavam nela.

      Continuava a observá-la, embora ela se recusasse a fazê-lo. Não se atrevia.

      O seu coração acelerou, como se tivesse recebido uma injeção de adrenalina. Estava habituada a ser observada, mas não a reagir dessa forma.

      Olhou para Toby com urgência. O familiar e afável Toby, com o seu rosto bochechudo e a sua figura gorda. Em comparação com o homem que a observava, o pobre Toby Masterson parecia mais incongruente do que nunca.

      Diana desviou o olhar, com o coração apertado. Conseguiria mesmo casar-se com ele só porque era rico?

      Mas se não fosse Toby, quem podia ser? Quem salvaria Greymont?

      «Onde posso encontrá-lo e quanto tempo demorarei a fazê-lo?»

      Estava a ser mais difícil do que pensara e o tempo acabava…

      Quando finalmente acabaram os discursos, o ambiente na sala animou-se e os convidados começaram a misturar-se. Nikos estava a falar com o anfitrião e apontou para a mulher que despertara o seu interesse. A donzela de gelo.

      – Quem é a loira?

      – Não a conheço, mas está com o Toby Masterson, do Banco Masterson Dubrett. Queres que ta apresente?

      – Porque não?

      Nada na sua inspeção breve indicava que a acompanhante fosse mais do que isso, uma impressão que foi confirmada quando os apresentaram.

      – Toby Masterson, Nikos Tramontes, da Financeira Tramontes. O Nikos tem interesses em muitos negócios. Talvez algum possa interessar-te e vice-versa – disse o anfitrião, antes de os deixar sozinhos.

      Nikos conversou com Masterson durante uns minutos sobre assuntos anódinos que só interessariam a um banqueiro londrino e, depois, olhou para a sua acompanhante.

      A donzela de gelo não estava a olhar para ele. Fazia um esforço para não olhar para ele e alegrou-se. As mulheres que mostravam interesse por ele aborreciam-no. Nadya fizera-se de difícil porque conhecia o seu próprio valor como uma das mulheres mais bonitas do mundo, cortejada por muitos homens. Contudo, não achava que a donzela de gelo estivesse a jogar esse jogo. Não, a sua reserva era genuína.

      E isso aumentou o interesse por ela.

      – Diana, apresento-te o Nikos Tramontes.

      Viu-se obrigada a olhar para ele, sem expressão nos seus olhos cinzentos. Estudadamente sem expressão.

      – É um prazer, senhor Tramontes – cumprimentou, com o tom frio das famílias inglesas de classe alta e o sorriso mais breve de cortesia.

      Nikos esboçou um sorriso igualmente amável.

      – Como está, menina…?

      – St. Clair – apressou-se a dizer Masterson.

      – Menina St. Clair.

      A sua expressão era gelada, mas, no mais profundo dos seus olhos cinzentos-claros, pareceu-lhe ver um véu repentino, como se estivesse a esconder-se da sua inspeção. Isso era bom, pensou. Demonstrava que, apesar da sua expressão glacial, era recetiva.

      Satisfeito, continuou a conversar com Toby Masterson sobre as últimas manobras de Bruxelas e o estado da economia grega.

      – Isso afeta-o? – perguntou Masterson.

      – Não, apesar do meu apelido, a sede da minha empresa é no Mónaco. Tenho uma casa em Cap Pierre – explicou Nikos, olhando para Diana St. Clair. – Gosta do sul de França, menina St. Clair?

      Era uma pergunta direta a que tinha de responder. Tinha de olhar para ele.

      – Não costumo sair de Inglaterra – limitou-se a dizer.

      Viu-a a pegar no copo e a levá-lo aos lábios, para não ter de continuar a falar, mas a sua mão tremia ligeiramente enquanto voltava a pousá-lo na mesa e Nikos disfarçou um sorriso. O gelo não era tão grosso como ela queria dar a entender.

      – Os St. Clair têm uma propriedade espetacular no campo, em Hampshire. Greymont – informou Masterson. – Uma mansão do século XVIII.

      «Ah, sim?»

      Nikos olhou para ela com um interesse renovado.

      – Conhece Hampshire? – perguntou Toby Masterson.

      – Não, não conheço – respondeu ele, sem parar de olhar para Diana St. Clair. – Disse que se chama Greymont?

      Pela primeira vez, viu um brilho de emoção nos seus olhos, um brilho que pareceu atravessá-lo e que lhe disse, com toda a certeza, que havia uma mulher muito diferente por trás da fachada de gelo, uma mulher capaz de sentir paixão.

      O brilho desapareceu um segundo depois, mas deixou um resíduo que, por um instante, lhe pareceu uma faísca de desconsolo.

      – É verdade – murmurou ela.

      Nikos tomou nota. Poderia ter mais informação sobre ela no dia seguinte. Diana St. Clair, de Greymont, em Hampshire. Que tipo de lugar seria? Que tipo de família eram os St. Clair? E que outro interesse poderia ter Diana, para além do desafio delicioso de fundir a donzela de gelo?

      Era muito bonita e gostaria que se derretesse entre os seus braços, na sua cama…

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