Uma esposa perfeita. Julia James
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Despediu-se pouco depois, sugerindo um futuro encontro para falar de negócios numa data indeterminável.
Enquanto se afastava, estava de bom humor. Com ou sem um interesse mais profundo por ela, a donzela de gelo estava prestes a ser dele. Mas ainda não decidira em que termos.
Começou a pensar qual seria o passo seguinte…
Capítulo 2
Diana entrou no táxi e deixou escapar um suspiro de alívio. Finalmente a salvo.
A salvo de Nikos Tramontes e do impacto poderoso e inquietante do seu olhar. Um impacto a que não estava habituada e que a perturbara profundamente. Fizera o possível para o ignorar, mas um homem tão atraente não estaria habituado a desprezos, estaria habituado a conseguir sempre o que queria das mulheres.
«Mas não de mim, porque não tenho o menor interesse nele.»
Diana abanou a cabeça, para afastar a imagem perturbadora do estranho. Tinha coisas mais importantes com que se preocupar porque agora sabia, resignada, que não podia casar-se com Toby.
Mas que outra solução havia para salvar o seu lar amado?
Durante os dias seguintes, em Londres, a situação piorou. O banco negou-lhe um empréstimo e as casas de leilões confirmaram que não restava nada que valesse a pena vender. De modo que, quando Toby lhe ligou para a convidar para a ópera, recebeu o convite com pouco entusiasmo.
A nota suplicante no tom de Toby suavizou o seu coração e, contrariada, aceitou o convite para ir a uma representação de Don Carlos de Verdi.
No entanto, quando chegou a Covent Garden, desejou tê-lo rejeitado.
– Lembras-te do Nikos Tramontes, não é? – perguntou Toby. – É o nosso anfitrião esta noite.
Diana tentou disfarçar a sua consternação. Tinha tantos problemas que conseguira esquecê-lo e a reação estranha que causara nela, mas ali estava novamente, tão perturbadoramente atraente como há alguns dias.
Estava com outro homem e depressa reconheceu o homem que os apresentara durante o jantar. Com ele, estava a sua esposa, Louise Melmott, que se afastou com ela quando os homens começaram a falar de negócios.
– Ena, ena… – disse, num tom de cumplicidade, olhando com admiração para Nikos Tramontes. – Certamente, é muito bonito. Não é de estranhar que a Nadya Serensky tenha estado com ele durante tanto tempo. Isso e o seu dinheiro, claro.
Diana olhava para ela sem entender e Louise apressou-se a explicar.
– A Nadya Serensky, a supermodelo. São um casal há muito tempo.
Essa era uma boa notícia, pensou Diana. Talvez só tivesse imaginado que Nikos Tramontes olhava para ela com desejo.
«Talvez esteja a exagerar.»
A exagerar porque era estranho que um homem a afetasse tão profundamente. Sim, devia ser isso. Enquanto bebia um gole de champanhe, tentou recordar se alguma vez na sua vida reagira assim com outro homem e não conseguia pensar em nenhum. Porque ela não se deixava afetar pelos homens. Treinara-se durante toda a sua vida para não o fazer.
Os poucos homens com quem saíra sempre a tinham deixado fria e só permitira algum beijo tímido de boas-noites. Só com um, na universidade, é que decidira experimentar se era possível ter uma relação sem paixão excessiva.
Descobrira que era assim, mas só para ela. A sua falta de entusiasmo fora desalentadora para o namorado, empurrando-o para os braços de outra mulher. Embora não a tivesse magoado, só confirmara que fazia bem em proteger o coração. Perdê-lo era muito perigoso. O celibato era muito mais sensato e seguro.
Claro que, sendo celibatária, não encontraria um marido suficientemente rico para salvar Greymont. Se realmente estivesse a pensar numa solução tão drástica.
Tentou afastar esses pensamentos. No dia seguinte, iria a Greymont para examinar novamente as suas finanças e receber os últimos orçamentos para os trabalhos mais essenciais. Mas, por enquanto, desfrutaria de uma noite sem preocupações em Covent Garden.
E também não se preocuparia com a presença perturbadora de Nikos Tramontes. Se tinha uma namorada supermodelo, não estaria interessado noutras mulheres, incluindo ela.
Dirigiram-se para o camarote enquanto a orquestra afinava os seus instrumentos. Os espetadores mais elegantes sentaram-se nos camarotes e os menos elegantes estavam apinhados como sardinhas na plateia.
Diana levantou o olhar com uma certa tristeza. O mundo via-a como uma pessoa privilegiada. E era, mas ser a dona de Greymont pressupunha muitas responsabilidades. A primeira delas, evitar que se desmoronasse por causa da humidade…
– Permita-me.
Diana assustou-se ao ouvir a voz profunda de Nikos Tramontes, que estava a afastar uma cadeira para que se sentasse antes de ficar atrás dela.
Nikos olhou para o perfil da mulher cuja presença orquestrara e que, segundo o relatório que pedira, poderia ser mais do que uma mera aventura.
Aparentemente, para além de uma beleza glacial, Diana St. Clair também possuía outros atributos que condiziam com os seus propósitos. A menina St. Clair herdara do seu pai uma mansão do século XVIII e o estatuto social que tal propriedade conferia.
Era uma família antiga, sem título nobiliário, mas com estilo, brasões e todas as coisas que vinham com esse estatuto: Terras, posses antigas e casamentos com famílias parecidas, incluindo algumas pertencentes à nobreza. Uma rede complexa de parentesco e contactos com as classes altas, impenetrável para os estranhos.
A não ser por um meio.
O casamento.
Nikos olhou para a sua expressão toldada. Diana St. Clair seria a sua esposa troféu? Era uma ideia tentadora. Tão tentadora como a própria Diana.
Continuou a observá-la, desfrutando da observação daquela mulher com quem poderia conseguir o que mais ansiava na vida.
Para alívio de Diana, a música dramática de Verdi parecia transportá-la e fazê-la esquecer que Nikos Tramontes estava sentado atrás dela. Meia hora depois, durante o intervalo, saíram do camarote e misturaram-se com os outros espetadores para beber uma taça de champanhe, como era a tradição.
– O verdadeiro dom Carlos de Espanha devia estar louco – comentou Louise Melmott, que conhecia a ópera e a sua relação duvidosa com a história verdadeira. – E não há provas de que estivesse apaixonado pela mulher do pai, o rei.
– Entendo que Verdi tenha decidido reescrever a história – comentou Diana. – Um amor trágico e desventurado parece muito mais romântico.
Estava a fazer o possível para mostrar entusiasmo, especialmente, sabendo que Toby não tinha o menor interesse pela ópera.
– A Elisabeth de Valois