Recordações de um amor - Uma amante temporária. Emma Darcy
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Ela virou a cara para beijar a sua mão.
– Não deves lamentar. Fico feliz que tu tenhas sido o primeiro.
Amaldiçoando-se a si mesmo em voz baixa, Dario levantou-se e voltou pouco depois com dois roupões de banho.
– Como estás? – perguntou, envolvendo-a num deles. – Magoei-te?
– Não, não – Maeve enterrou a cara no seu peito como uma menina.
– Quantos anos tens?
– Vinte e oito.
Ele deixou escapar um suspiro de alívio… e de surpresa.
– E continuas virgem aos vinte e oito anos?
– Nunca tive tempo para uma relação séria.
Dario começou a ouvir o alarme a disparar na sua mente. Pensaria Maeve que fazer amor equivalia a uma relação? Não, certamente que não. Aos vinte e oito anos não podia estar tão afastada da realidade.
– A primeira vez de uma mulher deveria ser uma coisa especial. Imagino que eu te decepcionei.
– Não, pelo contrário – ela sorriu. – Recordarei esta noite enquanto viver.
E assim seria, mas não pelas razões que ele imaginara.
Um relógio nalguma parte do iate bateu as horas e Dario deixou escapar um suspiro antes de procurar os seus lábios num beijo cheio de ternura.
– Foi uma noite muito longa e deves estar esgotada – sorriu, inclinando-se para apanhar o vestido do chão. – Anda, vou mostrar-te onde te podes vestir e depois levo-te ao hotel.
– Ah, claro.
A desilusão que havia na sua voz era evidente, mas Dario levou-a a um dos camarotes.
– Não precisas de ter pressa. Espero-te na coberta.
O motor da lancha já estava a trabalhar quando ela saiu do camarote e ele não perdeu um segundo a levá-la ao porto. Desejava despedir-se. Não porque depois de fazer amor com ela não quisesse voltar a vê-la, mas porque se sentia como um verme e não se atrevia a olhá-la na cara.
Dario acompanhou-a à porta do hotel Splendido Mare, mas não entrou com ela. Porque se Maeve o convidasse a entrar não seria capaz de recusar.
– Obrigada por esta noite tão especial – murmurou, beijando-a em ambas as faces. – Dorme bem, Maeve. Buona notte.
– A que horas é que nos encontramos amanhã?
– Amanhã? – repetiu ele.
– Disseste que me ias levar a navegar, lembras-te?
Infelizmente tinha-o feito. Se fosse outra mulher ter-lhe-ia ocorrido alguma desculpa, mas Maeve olhava para ele com tanta expectativa que não teve coragem para lhe dizer que não.
– Às duas no porto?
– Óptimo. Vemo-nos então.
– Sim – murmurou Dario. – A domani.
No dia seguinte, às duas, tinha reunido um grupo de amigos e a tripulação do iate andava de um lado para o outro a servir copos e aperitivos.
Uma vez superada a sua timidez inicial, Maeve misturou-se com os convidados, conversando alegremente com todos… apesar das suas humildes origens, movia-se e agia como se fizesse parte da alta sociedade.
– São muito simpáticos os teus amigos – disse depois de jantar, quando o resto dos convidados, talvez para lhes dar um pouco de intimidade, tinham saído para a coberta. – Obrigada por me os teres apresentado. Agora tenho a impressão de te conhecer melhor.
– Eles também gostaram muito de ti, especialmente Eduardo. Não te surpreendas se te pedir que saias com ele antes de te ires embora de Itália.
– Como se eu aceitasse!
– Porque não? Ele conhece a história da zona muito melhor do que eu e pode mostrar-te lugares que não aparecem nos guias turísticos.
– E não te importarias que saísse com ele?
– Eu não tenho o direito de dizer nada… não és propriedade minha.
Maeve não pôde disfarçar a sua desilusão.
– Não, claro que não – murmurou, afastando o olhar. – Mas… parece-me que apanhei demasiado o sol e dói-me um pouco a cabeça. É melhor voltar para o hotel.
– Tens a certeza?
– Sim.
– Nesse caso, acompanho-te.
Maeve não disse mais nada até que chegaram ao porto.
– Adeus, Dario.
– Espera um momento. Não queres que te acompanhe?
– Posso ir sozinha para o hotel.
– Mas insisto em acompanhar-te…
– Não – disse ela, negando com a cabeça. – Não sou uma criança, Dario. E embora certamente tu penses que sou pouco sofisticada, não sou ingénua de todo. Passámos um bom momento e já não queres saber nada de mim. Entendo perfeitamente.
Ele sentiu-se envergonhado.
– Não sei como responder a isso.
– Então vou facilitar-te as coisas: fizemos amor, ou o que quer que fosse, por consentimento mútuo. Foi uma coisa de uma noite, portanto vamos despedir-nos sem rancores.
Poderia não ter experiência em assuntos sexuais, mas era uma profissional quando era preciso fazer com que um homem se sentisse como um canalha.
– Se te sentes enganada, lamento muitíssimo. Em minha defesa devo dizer que tu também me enganaste, embora não fosse essa a tua intenção.
– Porque não te adverti de que era virgem?
– Sim.
– Isso e teria mudado alguma coisa?
– É claro que sim – respondeu ele. – Não te teria tocado, por mais desejável que te achasse.
Maeve pestanejou várias vezes para controlar as lágrimas.
– Nunca pensei que lamentasse ter esperado até que aparecesse o homem adequado.
– Infelizmente, eu não sou o homem adequado para ti.
– E eu não tenho intenção de ser o brinquedo de um playboy – Maeve inclinou-se para lhe dar um beijo na face. – Adeus, Dario. Obrigada por tudo.
Estava enganada, pensou