Vida De Aeromoça. Marina Iuvara

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Vida De Aeromoça - Marina Iuvara

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a Ròoma.”

      Dei-me conta de que apertando as bochechas e fechando a boca um pouco, contraindo os lábios e evitando as nasalizações, conseguia encurtar o som:

      “Buongiòorno”, “bòordo” e “Ròoma” finalmente viraram “Buongiorno”, “bordo”, “Roma”.

      Depois de um voo doméstico entre Roma e Bolonha e uma viagem internacional logo em seguida de Bolonha a Paris, cheguei ao destino final, embora aquele maldito "ó" ainda me acompanhasse.

      Depois da despedida dos passageiros, um ônibus me levou para o hotel e, como sempre acontecia, depois de feito o check-in, combinamos de sair para jantar juntos.

       Nos vemos às 20 horas, nada muito formal.

      Foi o que me disseram os colegas antes de ir para o quarto trocar de roupa.

      Aprendi por minha conta que é importante ser pontual.

      Eu estava feliz por estar em boa companhia e por estar sendo guiada por eles, que conheciam bem a região.

      Teríamos jantado no famoso restaurante "La Coupole", na Boulevard Montparnasse, conhecido pelo entrecôte e um bom vinho tinto.

      Eu teria provado avestruz com o aperitivo, e teria tirado muitas fotos para lembrar a ocasião. Teria mostrado as fotos para Stefania, minha mãe, meu pais, minhas primas. Eu teria sido a princesinha parisiense jantando em um famoso restaurante francês na companhia de pessoas que viajavam, que conheciam o mundo e viviam em hotéis luxuosos. E eu junto a eles, fazia parte daquele sonho que virava realidade.

      Achei que não deveria chegar bem no horário combinado no saguão do hotel, pois "uma senhora deve sempre se fazer de difícil". Era assim de onde vim.

      Aprendi que "uma colega" não pode fazer isso, porque aquele "nada muito formal" significa: "Máximo de cinco minutos de atraso permitidos".

      Jantei sozinha na lanchonete do hotel, que só servia sanduíche na chapa: comi um croque monsieur de presunto e uma ótima soupe d’oignons, vulgarmente conhecida como sopa de cebola. Aqui, tudo era diferente, até a sopa.

      Na época, eu não era acostumada a comer sozinha em restaurantes e estava envergonhada pela situação. Escondi o embaraço com um livro do Hemingway aberto ao lado do prato e o celular em mãos. As mesinhas eram típicas, pequenas e próximas umas às outras. Ao meu lado, estava uma senhora elegante com cabelo preso, vestindo um conjunto da Chanel.

      Na manhã seguinte, depois de visitar a torre Eiffel, uma parada rapidinha pelo Arco do Triunfo e as vitrines cintilantes da Champs-Élysées, almocei apressada no renomado “Relais de Venice” na rue Pereire, e não deixei de passar pelo cabeleireiro "Carita", especialista em makeovers, que cortava o cabelo depois de ter estudado os traços da pessoa e adaptando-o ao formato do rosto.

      Uma ilustre colega "entendida", que tinha um corte espetacular e que conheci em trânsito no aeroporto, foi quem me aconselhou o local.

      Nunca confie cegamente nos conselhos das colegas. Também aprendi essa.

      Com uma franjinha horrível sobre a testa e a conta bancária quase zerada (por sorte eu tinha um cartão de crédito, e o champanhe e os canapés de salmão eram cortesia do cabeleireiro), voltei para o hotel bem na hora de pôr o uniforme, tentar esconder a franja com gel e fechar a mala que, sabe-se lá por que, na volta parece nunca ter a mesma capacidade da vinda, e nenhum voo é exceção.

      Desta vez, a falta de espaço era por causa do chapéu retrô que, embora fosse quase certo que nunca conseguiria usar, me fez sonhar e, portanto, não resisti e comprei, depois de tê-lo visto no mercado de pulgas de Saint Queen.

      Uma colega do voo me disse que tinha ido para a loja de departamento Lafayette e para outra loja na rue du Bac onde se encontram de sofás de P. Starck a lanternas de bolso do tamanho de uma pilha, de sacolas de compras extravagantes a armários feitos de corda e botões. Anotei para ir da próxima vez que estivesse na cidade.

      Logo depois da aterrissagem, os colegas prepararam o "happy landing" em minha honra, um drink à base de espumante e suco de laranja para festejar minha "primeira vez".

      Voltei para casa lívida, pronta para mostrar meu chapéu novo para a Eva, a única que apreciaria a compra e que seguramente o pediria emprestado. Pelo menos ele seria usado.

      Valentina dormia na cama, exausta de um voo longo e despreparada para a súbita mudança de fuso horário e de temperatura.

      Em Buenos Aires, é inverno quando na Itália é verão, e a diferença de fuso é de quatro horas.

      Seu corpo achava que era noite, pois estava acordada há treze horas (mais ou menos a duração do voo), mas a luz do sol e aqueles raios tão prepotentes diziam que era hora do almoço, o que era estranho, já que tinha comido a janta no voo poucas horas antes.

      Naquela noite, não conseguiria dormir. Infelizmente, eu também não, já que dividíamos o mesmo quarto.

      A maquiagem borrada no rosto de Ludovica e seus cachos, que pareciam rebelar-se contra as presilhas exaustas que os continham, confirmavam que ela também precisava de repouso. Suas pernas estavam inchadas como dois pãezinhos por causa da pressurização do avião.

      Não é surpresa que seu noivo "não volátil", como todos os futuros maridinhos das aeromoças, iria querer sair na manhã seguinte para um passeio com a amada, que não via com frequência. A hora do almoço seria ideal para almoçar, de tarde um passeio pela cidade e, que grande ideia: "um cineminha depois?"

      Também seria inútil tentar explicar a necessidade de um longo repouso, não importava o horário que fosse no meridiano de Greenwich.

      É difícil explicar ao namorado que não saímos de férias e que aquelas poltronas macias e reclináveis, com lugar para apoiar os braços, era para os passageiros, não para as aeromoças. Também inútil dizer que não tivemos tempo para assistir ao filme que projetam.

      Trabalhamos por muitas horas e chegamos exaustas.

      Abro a geladeira e já consigo sentir o gosto do lombo que Valentina trouxe da Argentina e guardou no gelo seco durante o voo.

      Na cozinha, vendo a nova faca de cerâmica e os saquinhos de chá verde, adivinho a causa da rebeldia dos cachos de Ludovica: o voo para Tóquio dura pelo menos doze horas, nem mesmo seus penteados sempre impecáveis resistiram. Ludovica, antes de se despedir para o tão necessário repouso pós-voo, deu suas impressões sobre aquela cidade tão frenética que contrasta com a delicadeza de seus habitantes, com aquela extrema timidez que os leva às vezes a rir cobrindo a boca, com seus milhares de reverências ao saudar alguém. Ficou impressionada com aqueles vertiginosos arranha-céus, com as multidões de carros e pedestres nas ruas, com a escrita incompreensível dos ideogramas japoneses. Contou que foi ao mercado de peixes de Tsukiji, o maior do mundo, tão limpo e organizado, que viu papelarias de nove andares e bares que comportam no máximo cinco clientes. Contou que se perdeu em Harajuku, um quarteirão de moda na pequena rua Takeshita, entre pequenas lojas da moda frequentadas por jovens com roupas extravagantes. Descobriu que existem restaurantes chamados Maid Café, onde as atendentes escolhem um cliente e demonstram sua submissão, o massageiam e entretêm com danças e canções, como as antigas gueishas. Nos Butler Cafés, os mordomos atendem mulheres de modo similar. Também nos contou que os preços de máquinas fotográficas e filmadoras novas eram muito bons, mas que também era possível encontrá-las

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