Desatinos do coração. Julia James

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Desatinos do coração - Julia James Sabrina

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mais agradável do que um copo de Porto. E Tia desfrutou.

      Anatole levantou-se quando acabou a sobremesa. Deixara o café a fazer quando fora buscar o vinho doce e, naquele momento, foi buscá-lo e deixou-o na mesinha situada ao lado do sofá.

      – Vem sentar-te – convidou, estendendo a mão.

      Tia levantou-se e, de repente, apercebeu-se de que estava um pouco enjoada. Quanto champanhe bebera, interrogou-se. Sentia-se como se lhe corresse pelas veias, como se estivesse a flutuar numa brisa de felicidade. Mas não se importava. Nunca mais voltaria a viver uma noite assim, como saída de um conto de fadas.

      Suspirou, satisfeita, e deixou-se cair no sofá com o copo de vinho na mão.

      Anatole sentou-se ao seu lado.

      – É hora de relaxar – disse, num tom cordial, ligando a televisão com um comando à distância.

      Pôs os pés em cima da mesa e deixou a gravata nas costas do sofá. Queria estar completamente confortável. A mistura do champanhe e do vinho doce percorria-lhe suavemente as veias. Esperava que tivesse o mesmo efeito em Tia e lhe permitisse desfrutar do resto da noite com ele, antes de ir para o hotel.

      Questionou-se, com indolência, se deveria ligar para lhes dizer que ia, mas decidiu não o fazer. O que fez foi ir mudando de canal até encontrar um que levou a convidada a exclamar:

      – Oh, adoro este filme!

      Era uma comédia romântica aceitável e Anatole não se importou de o ver. Contente por ver como Tia se sentava por cima dos pés descalços no sofá e se recostava contra as almofadas.

      Enquanto voltava a encher-lhe o copo, Anatole questionou-se em que momento se aproximara dela. Em que momento esticara e fletira as pernas e também os braços de modo a que, agora, um deles descansasse nas costas do sofá e lhe tocasse no ombro com os dedos?

      Em que momento começara a brincar distraidamente com os seus caracóis suaves ao redor da nuca?

      Em que momento decidira que não tinha vontade de ir a lado nenhum naquela noite?

      A precaução e os sinais de alarme da sua mente caíram em ouvidos moucos.

      O filme chegou ao seu fim sentimental com o protagonista a pegar na rapariga ao colo e a beijá-la enquanto se ouvia a música e apareciam os créditos. Tia deixou escapar um suspiro profundo de satisfação, deixou o copo já vazio na mesa e virou-se para olhar para Anatole.

      Sentia-se embargada por uma emoção que se misturava com o champanhe, o vinho doce delicioso e a comida maravilhosa, a melhor que alguma vez comera. E tudo enfeitado com velas, música suave e um príncipe encantado a fazer-lhe companhia.

      O filme era um dos seus favoritos. Vira-o muitas vezes, mas vê-lo naquele momento ali, com aquele homem tão bonito ao seu lado, era tão real… não era uma fantasia nem um conto de fadas, era real. Nunca estivera tão perto de um homem antes e muito menos de um homem assim, um homem capaz de tornar os contos de fadas realidade.

      E Tia sabia como os contos de fadas acabavam: Com o herói a beijar a protagonista.

      Sentiu-se invadida pela emoção e a esperança. Os olhos brilhavam como estrelas quando levantou o olhar para o rosto bonito daquele homem que representava tudo o que desejara na vida. O homem que, agora, a observava com os seus olhos pretos e brilhantes e aquela boca tão sensual…

      Tia sentiu falta de ar.

      Anatole observou a beleza do seu rosto, como os montículos doces dos seios se apertavam contra a t-shirt de algodão, como entreabria os lábios… e soube exatamente o que queria.

      Ficou quieto durante um bom bocado enquanto um milhão de pensamentos contraditórios batalhava na sua mente para decidir o que devia fazer a seguir. O que tinha de fazer contra o que queria fazer.

      Mas conteve-se, porque sabia que não devia fazer o que tanto desejava. Deveria afastar-se de Tia, levantar-se e aumentar a distância entre eles. Porque, se não o fizesse naquele momento…

      Ela levantou a mão quase a tremer e deslizou os dedos com delicadeza pelo queixo dele com um toque etéreo, como se não conseguisse acreditar no que estava a fazer. Pronunciou o seu nome. Os seus olhos eram dois lagos de desejo. Tinha os lábios entreabertos e os olhos semicerrados. À espera… dele.

      E Anatole não pôde mais. Perdeu os poucos vestígios de consciência que lhe restavam e inclinou-se para ela. A mão que tinha atrás da cabeça agarrou-lhe suavemente a nuca, a outra deslizou pela face antes de lhe segurar a cara. Tia tinha os olhos esbugalhados e brilhavam como faróis, impulsionando-o a fazer o que ela mostrava com tanta clareza que queria que fizesse.

      Anatole fechou os olhos quando a sua boca tocou na boca suave e aveludada, saboreando o vinho doce nos seus lábios e o calor da sua boca quando a entregou. Ouviu-a a emitir um gemido gutural suave e sentiu como o seu próprio coração acelerava.

      Era tão suave que Anatole intensificou o beijo automaticamente, de forma instintiva, deslizando a mão pela curva do ombro e virando-a para ele, puxando-a para que Tia apoiasse a mão no muro duro do seu peito e uma perna contra a dele.

      Ouviu-a a gemer novamente e aquilo acentuou a sua excitação. Anatole pronunciou o seu nome, disse-lhe como era doce e deliciosa. Se o disse em grego, não se apercebeu. Não se apercebeu de nada, exceto que tinha uma mulher que desejava entre os braços.

      E que o desejava.

      Porque era isso que o corpo terno e esbelto lhe dizia, o que os seus mamilos excitados mostravam. Sem saber como, Anatole acariciou-os com a mão.

      Sem se aperceber do que fazia, Tia rodeou-lhe a cintura com o braço. Pôs-lhe as costas no colo e continuou a beijá-la com uma mão no seu seio até ela gemer, com os olhos fechados e uma expressão de felicidade no rosto que tinha de estar cego para não ver.

      Com indolência, deslizou a mão do seio de Tia pelas costas até chegar à coxa. Lá, afastou o tecido fino de algodão até encontrar a pele nua por baixo. Acariciou-a até a ouvir a gemer novamente. Sentiu a coxa contra a dele e também sentiu a excitação do seu próprio corpo.

      O desejo apoderou-se dele. Um desejo forte e impossível de resistir.

      Mas devia resistir. Aquilo estava a ir demasiado depressa e era demasiado intenso. Estava a permitir que o desejo avassalador que sentia por ela o arrastasse e devia voltar atrás.

      Afastou-a, com o coração acelerado.

      – Tia… – Tinha um tom emocionado e levantou a mão como se quisesse contê-la também.

      Viu como uma sombra de angústia atravessava o seu rosto e recebeu-o como um golpe.

      – Não… não me desejas? – Havia tristeza na sua voz, que se expressou num sussurro sossegado.

      Anatole resmungou.

      – Isto não está bem, Tia. Não posso aproveitar-me de ti desta forma.

      – Não estás a aproveitar-te! – exclamou ela, imediatamente. – Por favor, não me digas que não me desejas. Não conseguiria suportá-lo!

      Anatole segurou-lhe o rosto.

      –

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