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– Entendo.
Mas antes que pudessem continuar a falar do assunto, Gianni começou a dar-lhe instruções sobre como arrancar com o desportivo e Meg engoliu em seco. Era como a primeira aula na escola de condução e tinha o mesmo medo, mas agarrou o volante de couro com expressão decidida, arrancou… e começou a andar aos solavancos pela estrada.
Trinta segundos depois, Gianni pôs as mãos sobre o tabliê.
– Não, não… Pára!
Meg travou de repente e ele saiu do carro a toda a pressa.
– Pedirei a alguém que te ensine a conduzir pela propriedade e depois arranjaremos um carro para ti – disse-lhe, enquanto se sentava ao volante.
– Estraguei alguma coisa? – perguntou Meg, enquanto colocava o cinto de segurança.
– Não, só os meus nervos – Gianni olhou para ela, antes de arrancar. – Os carros são como as mulheres. Há que tratá-los com carinho e respeito.
– Desculpa, se se estragou alguma coisa…
– Não se estragou nada, não te preocupes. Além disso, que trabalhes para os Bellini já é recompensa mais do que suficiente.
– Eu gostava do teu pai – disse Meg. – E era um chefe muito atencioso.
– E esperas que eu continue com a tradição, não é?
– Sim, bom…
– Pois, lamento, mas eu não me pareço nada com o meu pai – interrompeu-a Gianni. – Para começar, ele estava desesperado por se casar e ter filhos, mas eu fui o seu pior erro. E aprendi com isso, garanto-te. Quando a minha mãe morreu no parto, o meu pai ficou arrasado e passou trinta anos a lamber as suas feridas, de modo que pretendo demorar o meu tempo a escolher uma esposa. Não quero uma menina bem-disposta, que pretenda arrancar-me tudo o que possa.
– Pois, parece-me muito sensato da tua parte.
– A sério? – ele sorriu, irónico. – E essa foi a única razão pela qual aceitaste que te levasse a Florença? Não foi porque estás a pensar em renegociar os termos do teu contrato, pois não?
O seu olhar dizia-lhe que estava a recordar o beijo e Meg reagiu, ficando corada. Embora soubesse que nunca conseguiria livrar-se da tentação.
– Enquanto viver na propriedade Castelfino, não estou interessada em nada que não seja o trabalho – disse-lhe, olhando pela janela. – Quando te disse que tinha vindo trabalhar para aqui porque o teu pai me tinha oferecido o cargo, tu olhaste-me como se fosse uma caçadora de fortunas. Que ilusões poderia ter com um homem que trata assim uma empregada?
– É uma pena que não haja mais mulheres que pensem como tu. As mulheres que conheço só estão interessadas em casar-se com um homem rico, mas eu não pretendo uma mulher como a que arrasou a vida do meu pai. Neste momento, tenho o orgulho de dizer que não sou dos que se casam.
– Espero que não o tenhas dito a raparigas inglesas. No meu país, essa expressão tem um significado do qual não gostarias nada – brincou Meg.
– De qualquer forma, quando uma mulher está comigo sabe que sou um homem a cem por cento.
Gianni virou a cabeça para olhar para ela, um olhar carregado de intenção, e Meg teve de fazer um esforço para disfarçar o seu nervosismo.
Mas então viu que um tractor se dirigia para eles e gritou:
– Gianni, cuidado!
– Inferno! Achas que me arriscaria a ter um acidente agora? – perguntou ele. – Com um carro novo? – acrescentou rapidamente, antes que Meg pudesse ler qualquer outra intenção nas suas palavras.
Gianni decidiu deixá-la na loja mais próxima, assim que chegaram a Florença. Sem prestar atenção às buzinadelas dos carros à sua volta, parou o Ferrari e saiu para lhe abrir a porta.
– Quanto devo dar-te de gorjeta? – brincou ela.
– Pô-lo-ei na conta.
Quando lhe agarrou a mão para a beijar, Meg ficou sem palavras. Se não tivesse voltado a entrar no carro a toda a pressa, ter-se-ia atirado nos seus braços ali mesmo. Espantada, ficou na calçada, a ver como o Ferrari desaparecia entre o trânsito da cidade.
Ter uma tarde livre para escolher um vestido nas lojas mais caras do mundo era uma coisa, que Gianni beijasse a sua mão como tinha feito em Chelsea era um sonho que nunca pensara que pudesse repetir-se. Sentia-se dez centímetros mais alta e inclusive começava a entusiasmar-se com a ideia de ir às compras.
Aquele homem fazia milagres.
Para Meg, ir às compras era, em geral, uma tortura, mas aquilo era completamente diferente. Naquele dia, tinha instruções de Gianni Bellini para comprar uma coisa de que gostasse realmente… Enquanto ele pagava a conta. Normalmente, entrava numa loja e comprava a toda pressa qualquer coisa que lhe parecesse adequada, mas, naquele dia, demorou o seu tempo, desfrutando do sol vespertino. Ainda sentia o toque dos lábios de Gianni na mão e só havia uma nuvem escura no horizonte: a vergonha pela qual poderia passar quando entrasse naquelas lojas tão luxuosas.
E demorou algum tempo a ganhar coragem para empurrar a porta da primeira boutique. Quando ia a entrar, uma jovem elegante e magra estava a sair da loja, carregada de sacos. Meg afastou-se, mas alguém a chamou do interior:
– Menina Imsey?
Atónita, Meg viu uma mulher a segurar a porta.
– Como sabia que era eu?
– O conde de Castelfino acabou de telefonar a dizer-nos que viria. Entre, por favor, aí fora faz muito calor.
Meg sentiu-se imediatamente como em casa, apesar das marcas famosas, e foi quase uma desilusão encontrar o vestido perfeito em poucos minutos. Era azul-claro, sem mangas, com um bolero a condizer.
A mulher ajudou-a a escolher uns sapatos de seda, com um salto vertiginoso, e garantiu-lhe que os forrariam com o mesmo tecido do vestido. Vendo-se ao espelho, Meg ficou maravilhada com a transformação. Sentia-se uma nova mulher. Era espantoso, aquele vestido fazia-a parecer mais magra e dava-lhe uma confiança que nunca tinha tido.
Jamais teria sonhado que pudesse ficar tão elegante e, pela primeira vez, gostou de se ver ao espelho. Em vez de ver a festa de Gianni como uma tortura, começava a desejar que chegasse o dia.
Aproveitando essa nova confiança, anunciou que levava o vestido, o bolero e os sapatos… Tudo colocado na conta do conde de Castelfino.
A mulher abanou a cabeça.
– Não, ainda não, menina. Tenho instruções de lhe perguntar quantas lojas visitou até agora, antes de lhe vender alguma coisa.
– Esta foi a primeira – respondeu Meg, embora desejasse não o ter feito, porque outra empregada lhe tirou o vestido das mãos.
– Não se preocupe, nós guardamo-lo