Esperanças ocultas - Amores e mentiras. Heidi Rice
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Quase sem se aperceber, fechou os olhos e deu permissão a si mesma para saborear aquilo. Pelo menos, por um pouco.
Deveria tê-la deixado ir. Por que lhe pediu que ficasse?
A pergunta atormentava Mac enquanto sentia o ligeiro peso de Juno sobre o seu torso. Apagara a luz do candeeiro e um raio de luar fazia com que o cabelo dela parecesse de ouro...
Não evitara sempre precisamente aquilo, o típico abraço depois de fazer amor? Partilhar a cama com uma mulher fazia-o sentir-se claustrofóbico. Por que motivo não sentia claustrofobia naquele momento? Por que gostava tanto de sentir os batimentos do coração dela, de sentir o suave toque do seu cabelo?
Algo acontecera a Juno seis anos antes, algo desagradável, era óbvio. Caso contrário por que passaria seis anos sem fazer amor?
E por que se sentia absurdamente responsável?
Fora paciente com ela, apesar de ter tido que fazer um grande esforço. Mas, por alguma razão, precisava de abraçá-la naquela noite, mantê-la ao seu lado, confirmar que estava bem.
Mac fechou os olhos, uma série de imagens daquele dia davam voltas na sua cabeça: Daisy e Connor na igreja; o bebé a dormir nos braços do irmão; a expressão assustada de Juno quando o vira nu.
Era lógico que se estivesse a comportar de uma forma irracional, aquele dia estava a ser uma montanha russa.
Ir ao casamento de Connor fora um erro. Sabia-o desde o princípio, mas deixara que a atração que sentia por Juno o guiasse e, no processo, reabriu velhas feridas. Aproveitara-se de uma rapariga que era praticamente virgem, usando aquela atração para que as feridas permanecessem fechadas e teria que pagar por isso.
Estava com um peso na consciência. Os remorsos típicos de um rapaz educado na religião católica, mais nada. Não se sentia responsável por ela, sentia-se culpado por a ter usado. Especialmente depois de saber como era inocente.
Mac esboçou um sorriso enquanto respirava o aroma do champô dela.
Por que razão estava aborrecido consigo próprio? Tinham-se divertido, muito mesmo. Tinha a certeza que Juno tivera o seu primeiro orgasmo... e até lhe agradecera. Apesar de tudo, gozara. E isso era o mais importante, não era?
Mac ficou novamente excitado ao recordar o prazer que ambos sentiram. Mas repeti-lo não seria boa ideia porque no dia seguinte teriam que despedir-se.
Tinha que voltar à sua vida em Laguna Beach e ao trabalho que tanto o entusiasmava e esquecer Connor, a família e a mulher que tinha nos braços.
Mas quando fechou os olhos, reparou que Juno tremia e, instintivamente, abraçou-a com força.
Capítulo Sete
Um pardal muito atarefado acordou Juno, os primeiros raios do sol cegando-a durante alguns segundos.
E ficou arrepiada ao sentir uma mão masculina sobre a anca.
Juno virou a cabeça para olhar para Mac e as tórridas recordações da noite anterior envolveram-na durante um segundo. Mac Brody estava deitado de bruços, os largos ombros a ocupar a cama quase toda. As costas dele subiam e desciam com um ritmo suave, a barba por fazer dava-lhe um aspeto de pirata, apesar das longas pestanas serem quase infantis.
Notou então uma cicatriz que ia do bíceps até ao cotovelo. Não a tinha visto na noite anterior... claro que então estava demasiado ocupada a viver a experiência mais erótica da sua vida.
Mac fora tão atento com ela, tão paciente. Sabendo quem era, jamais teria esperado que fosse tão generoso.
Juno inclinou-se um pouco para dar-lhe um beijo no rosto e Mac suspirou, mas não se moveu.
– Obrigada, Mac Brody – murmurou, sentindo os olhos embaciados.
Que estava a fazer? Não devia ser sentimental. Era apenas sexo, mais nada.
Não tinham trocado promessas, não havia qualquer compromisso entre eles. Durante quanto tempo recordaria o nome dela?, perguntou-se. Afinal de contas, um homem não fazia amor como ele a não ser que tivesse muita prática.
Sem fazer barulho, Juno saltou da cama. Fora o seu momento de Cinderela e aproveitara-o, mas não pretendia ficar a admirá-lo, como uma fã apaixonada por um ídolo.
Depois de vestir-se, pegou num papel e numa caneta de uma secretária antiga para escrever-lhe um bilhete, que deixou sobre a mesa de cabeceira.
Quando olhou pela última vez para o magnífico corpo de Mac Brody estendido sobre a cama, teve que engolir em seco.
Como podia parecer perigoso enquanto dormia?
Respirando fundo, Juno abriu a porta e saiu do quarto. Mas quando a porta se fechou, o ruído ecoou-lhe num recanto esquecido do coração.
Cinco horas depois, o telefone interrompeu uma estupenda fantasia erótica. Deixando escapar um grunhido, Mac estendeu a mão sem abrir os olhos e sem se aperceber de que um papel caía da mesa de cabeceira.
– Sim? – murmurou quando finalmente localizou o maldito aparelho.
– Porque é que tens o telemóvel desligado? E o que é que estás a fazer em França?
Mac suspirou ao reconhecer a voz do seu agente, Mickey Carver.
– Não é da tua conta.
– Não desligues, espera aí...
– Que queres? – Mac suspirou. Não valia a pena desligar porque Mickey ligaria para a receção do hotel e convencê-los-ia com uma história qualquer para que entrassem no quarto. – Diz-me o que queres... mas não fales muito alto, não estou sozinho.
Quando virou a cabeça pestanejou várias vezes ao ver que o outro lado da cama estava vazio.
Que estranho. Onde estava a protagonista das suas fantasias eróticas?
– Espera um momento, Mick. Posso ligar-te daqui a cinco minutos?
Mickey soltou um suspiro exagerado.
– Sim, claro. Mas faz-me um favor, da próxima vez que decidires envolver-te com alguém, avisa-me, está bem? Passei o dia todo a evitar telefonemas das revistas inglesas.
Mac levantou-se de um salto.
– Que disseste?
– As fotos saíram em todas as revistas inglesas.
– Que fotos?
– As fotos com essa rapariga inglesa... a beijá-la numa varanda.
A surpresa de Mac transformou-se em fúria.
Algum canalha fotografara-os durante o banquete e aquele beijo privado e incrivelmente sexy fora servido de bandeja aos leitores...
– Raios!
– Foram tiradas de longe, mas é evidente que és tu. Agora