Esperanças ocultas - Amores e mentiras. Heidi Rice
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– Sim – disse Mac, depois de aclarar a garganta.
– Vens ao copo-d’água? Eu e Daisy queremos que conheças o Ronan, o nosso filho. Afinal, és tio dele.
– Sim – assentiu Mac. A resposta parecia apática.
E Juno reconhecia aquele tom porque era o mesmo que usara no aeroporto, quando lhe disse que não tinha irmão nenhum.
– Não sabes o que isto significa para nós, Mac – interveio Daisy. – A única coisa que importa neste momento é que estás aqui... e espero que tenhas vindo com apetite porque temos comida francesa suficiente para alimentar um exército.
– Imagino que comerei alguma coisa – assentiu ele.
– Eu e Connor temos que cumprimentar o resto dos convidados, por isso deixo-te nas mãos da Juno, que é a minha melhor amiga. Ela apresentar-te-á a todos.
«Não, nem pensar».
Juno olhou para ela, horrorizada. Mas não era capaz de encontrar uma desculpa.
– Não tenhas medo, não te vai morder – disse-lhe Daisy ao ouvido. – Pelo menos, não neste momento.
Depois disso, Daisy e Connor saíram da igreja como marido e mulher, seguidos dos outros convidados.
Juno não sabia o que fazer com as mãos. Adorava o vestido que Daisy fizera para ela, mas sob o olhar de Mac Brody sentia-se nua.
– O castelo onde se celebra o copo-d’água fica a dez minutos daqui – disse-lhe, depois de aclarar a garganta. – Lá apresentá-lo-ei a todos.
– Não é preciso apresentares-me a ninguém. E não sei como chegar ao castelo, por isso devias ir comigo. Não queres que me perca, pois não?
«Não terei essa sorte».
– Não, por favor – respondeu, no entanto, Juno.
Mac riu-se, segurando-lhe o braço.
– Muito bem, querida. Ah! E trata-me por tu, está bem. Afinal, já somos íntimos...
Ela concentrou-se em respirar e em não tropeçar com os sapatos de salto alto.
– Não comi nada o dia todo e estou a morrer de fome – disse Mac.
E ela não conseguiu controlar um calafrio. Por que motivo tinha a impressão de que não era só o banquete de Daisy e Connor que aquele homem queria devorar?
No meio de um bosque de carvalhos que pareciam dourados à luz do entardecer, apareceu o castelo francês, com as suas torres engalanadas. Quando o poderoso desportivo chegou à entrada, da qual se viam os elegantes convidados servidos por um exército de empregados, Juno pensou, e não pela primeira vez, em príncipes, em princesas e em contos de fadas. Daisy e Connor tinham transformado o seu casamento em algo mágico...
Mas já bastava de pensar tolices, pensou. Não era apropriado naquelas circunstâncias.
Depois olhou para o homem ao lado dela. Nos vinte minutos que demoraram a chegar, Mac Brody estivera surpreendentemente calado. Provavelmente porque se vira rodeado de pessoas assim que Daisy e Connor tinham desaparecido no carro dos noivos.
Sabia que ele era famoso, mas não sabia que era tanto. Na verdade, raramente ia ao cinema porque não tinha muito tempo livre e também não costumava ler as revistas cor-de-rosa.
Mas o que mais a surpreendeu foi a reação dele. Mac mostrou-se paciente, simpático e até carinhoso com as pessoas que lhe pediam autógrafos. E isso fez com que se perguntasse o que era feito do homem trocista e convencido que conhecera no aeroporto.
Parecia ter-se descontraído quando entraram no Porsche alugado mas assim que o castelo apareceu à distância viu que apertava o volante com força, como quem se prepara para o que o espera.
Por que motivo teria decidido afinal ir ao casamento se sabia que ia ser desagradável para ele?
– Achas que consegues andar sobre as pedras com esses sapatos? – perguntou-lhe Mac.
Decerto, estaria habituado a mulheres que eram capazes de correr uma maratona em saltos altos, mas o comentário parecia mais divertido do que desdenhoso.
– Acho que consigo. Se não, descalço-os. Mas não podes contar à Daisy.
– Porquê?
– Porque foi ela própria quem os desenhou, tal como o vestido. Se tirar os sapatos, acusar-me-á de ter arruinado o conjunto.
Mac olhou-a de alto a baixo e a pulsação dela acelerou novamente.
– Pois a Daisy tem muito talento. Estás lindíssima.
O brilho dos seus olhos azuis fez com que Juno ficasse sem respiração.
«Muito bem, bela. Agora voltas a sentir-te como se estivesses nua».
Capítulo Quatro
Onde raio se metera?
Mac procurou-a no salão de dança pela enésima vez antes de olhar para o relógio, impaciente. Juno desaparecera três horas antes, assim que chegaram ao castelo e, apesar de a ter procurado em todo o lado, não voltou a vê-la.
Todos pareciam estar a divertir-se muito, todos menos ele. Não se sentia tão tenso desde a sua estreia na Broadway.
Como podia um casal ter tantos amigos?, perguntou-se, olhando em volta. E todos eles se tinham aproximado para cumprimentá-lo... todos, exceto a mulher que tinha ido ver.
«Acalma-te».
Mac apoiou-se na parede, suspirando. Ao menos livrara-se do grupo de adolescentes que tinham passado a última hora a persegui-lo.
Enquanto observava os convidados na pista de dança e esperava em vão ver a mulher de caracóis loiros, voltou a perguntar-se o que estivera a fazer a tarde toda.
Por que motivo fora ao casamento?
No dia anterior fora à festa de fim de filmagem do seu último filme, em Londres, e a coprotagonista, Imelda Jackson, fizera-lhe uma oferta que não deveria ter recusado. Mas disse-lhe que não.
E não tinha a menor dúvida: a culpada era a invisível senhorita Juno.
Parecia tê-lo enfeitiçado, levando-o ali contra sua vontade com o seu canto de sereia. Desde que a tinha beijado no aeroporto de Heathrow que não conseguia parar de pensar nela. E, quando acordou de manhã, depois de um erótico sonho em que ela era a estrela principal, apercebeu-se de que estava na hora de entrar em ação.
Ele não era obcecado por sexo e nunca deixava as mulheres invadirem-lhe os sonhos, pelo que, depois de um duche frio, cancelou o voo de regresso a Los Angeles e reservou um voo para Nice.
Mas quando chegou à capela, apercebeu-se de que tinha cometido um erro. Ver o irmão de novo fora como receber um soco no peito e, como se isso não fosse suficiente, ali