Esperanças ocultas - Amores e mentiras. Heidi Rice

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Esperanças ocultas - Amores e mentiras - Heidi Rice OMNIBUS DESEJO

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não parassem de falar do maldito beijo, dava-lhe uma bofetada.

      – Nessa altura, não o conhecia. Agora sim, já o conheço.

      – Ah, mas ainda não viu o melhor.

      Juno voltou a corar, mas ergueu os ombros, recusando-se a reconhecer aquele estranho formigueiro no ventre.

      – Acho que sobrevaloriza os seus encantos, senhor Brody.

      Ele riu-se novamente.

      – Mas nunca terá a certeza, pois não?

      Juno não dignificou a pergunta com uma resposta. Que ser tão arrogante, imbecil, convencido...

      Ia largando fumo enquanto saía do terminal, com o coração a bater ao ritmo dos seus passos. Não estava enganada sobre Mac Brody, aquele homem não merecia uma família tão maravilhosa como a de Daisy, Connor e o seu belo filho, Ronan. Felizmente, não iria ao casamento. Que alívio não ter que voltar a ver aquele tipo insuportável em toda a sua vida.

      Mac parou de sorrir enquanto via a rapariga sair do aeroporto... ou melhor, enquanto admirava a curva do seu traseiro.

      Não deveria gozado com ela, mas parecera-lhe irresistível. Como o fora o desejo de beijá-la. Embora não soubesse muito bem porquê.

      Ao ver uma faísca de desejo nos seus olhos, o instinto apoderara-se dele. E quando começou a beijá-la, a sua inocente reação parecera-lhe embriagante.

      Mas a espontaneidade era uma coisa, a temeridade outra muito diferente.

      Mac olhou em volta. Felizmente, não parecia haver nenhum paparazzi em lado algum. Se Danners o tivesse visto a beijar aquela rapariga, poderia ter-lhe tirado uma dezena de fotos e ele não teria dado por nada.

      Suspirando, agarrou a mala do chão e dirigiu-se para a porta. Só então se deu conta de que continuava a ter o convite para o casamento na mão e aproximou-se de um caixote do lixo. Como tinha dito à rapariga, já não tinha irmão, não precisava da sua família e não pretendia ir a nenhum casamento. A última coisa de que precisava era reviver coisas que andava há muito tempo a tentar esquecer.

      Mas quando ia deitar fora o convite, levou o envelope ao nariz e respirou o aroma da rapariga no papel... e sentiu algo, uma emoção que há muito não sentia.

      Desejava-a. Depois daquele beijo, era evidente. Não era tão sofisticada ou tão complacente como as raparigas com que costumava sair em Hollywood, mas tinha-o cativado. E ele não era pessoa de cativar-se facilmente.

      Mac observou o envelope. Talvez ela o atraísse tanto precisamente por ser diferente. A sua roupa de maria-rapaz; a pele suave; a reação irritada, representavam a única coisa que não tinha há muito tempo: um desafio.

      E nem sequer sabia o seu nome.

      Murmurando um palavrão, Mac guardou o envelope no bolso das calças.

      Enquanto voltava para casa de metro, Juno ia recordando, em detalhe, o seu desastroso encontro com Mac Brody.

      E quando saiu da estação de Ladbroke Grove vinte minutos depois para se dirigir a Portobello, teve finalmente que admitir a verdade: Mac Brody era um imbecil arrogante que fazia com que Casanova parecesse um monge, mas ele não era o único culpado. Também ela tivera alguma culpa naquele desastre.

      Às duas e um quarto de uma quinta-feira, Portobello parecia uma cidade fantasma, as bancas fechadas deprimiam-na ainda mais. Um par de turistas desconcertados, que evidentemente não tinham lido bem o guia de Londres, davam voltas por ali, mas a rua do famoso mercado estava deserta.

      Juno chegou à loja de Daisy, Funky Fashionista, da qual era gerente, e olhou para a montra que estivera a montar durante quatro horas no dia anterior, orgulhosa de si mesma... e de repente sentiu remorsos.

      Como podia ter sido tão irresponsável?

      Nervosa, passou uma mão pelo rosto, onde a barba de Mac Brody lhe tocara. Sabia muito bem porquê: assim que a beijou, o bom senso dela desapareceu completamente.

      Beijá-lo fora como entrar num raio de sol. Mas por que motivo o corpo dela o escolheu a ele, precisamente a ele, de entre todos os outros homens? Era incrível.

      Esquece o estúpido beijo, ordenou a si própria.

      Não era importante, não ia permitir que o fosse. O atraente Mac Brody deixaria louca qualquer mulher a duzentos metros de distância e ela estivera bem mais perto. Afinal de contas, era uma estrela de cinema, pensou ela. A sua reação fora um... acidente. Um acidente de proporções nucleares, sim, mas um acidente. Não significava nada porque não tencionava encontrar-se novamente com Brody.

      Juno suspirou quando chegou ao edifício da senhora Valdermeyer, que parecia o parente pobre do maravilhoso edifício georgiano onde viviam Daisy e Connor.

      Naquele momento, tudo o que queria era esconder-se no quarto dela e passar o resto do dia a rever a contabilidade da loja e a convencer-se a si mesma de que não acontecera nada.

      Mas não podia fazê-lo porque seis anos antes prometera que enfrentaria as situações sempre de frente. Naquela manhã, cometera um erro e desiludira duas pessoas de quem gostava muito.

      Fossem quais fossem as circunstâncias, tinha que contar a verdade a Daisy e pedir-lhe desculpa.

      – Estou muito feliz por teres vindo – Daisy segurava-lhe um braço enquanto a levava pelo corredor. – O tecido do vestido de noiva chegou finalmente de Nova Deli. É maravilhoso, vem vê-lo.

      – Fantástico – murmurou Juno, tentando mostrar entusiasmo enquanto entrava na ensolarada cozinha. – Onde é que está o Ronan?

      – A dormir a sesta – Daisy suspirou enquanto enchia o biberão de água. – Acreditas que nos acordou às quatro da manhã? Enfim, vamos deixar o meu pequeno monstro, temos que falar do teu vestido de dama de honor – disse depois, pondo o biberão a aquecer. – Não pretendo deixar que vás ao meu casamento de calças de ganga... mas o que é que te aconteceu à cara? É uma alergia?

      Juno levou uma mão à cara.

      – Pois... não sei.

      – Espera, vou procurar um creme de aloé vera, é muito bom para as erupções cutâneas.

      – Não, não é preciso, não me dói – disse Juno, engolindo em seco. – Daisy, tenho que falar contigo. Fiz algo muito irresponsável e...

      – Tu, irresponsável? – interrompeu-a a amiga. – Não acredito. És a pessoa mais sensata que conheço.

      Sim, bom, até àquele dia...

      – Vi o Mac Brody no aeroporto – começou a dizer Juno – e tentei dar-lhe o convite.

      – Viste o Mac, o irmão do Connor?

      – Foi uma ideia absurda tentar convencê-lo a ir ao casamento, mas eu sabia que vocês iriam ficar encantados e...

      – Espera aí – voltou a interrompê-la

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