Esperanças ocultas - Amores e mentiras. Heidi Rice
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Na verdade, o que poderia acontecer?
Capítulo Três
– Daisy, não sei o que dizer – Juno olhava-se ao espelho, atónita, o vestido de cetim cor de bronze acariciava-lhe curvas que não acreditava possuir antes. – É quase como estar nua. Não posso entrar na igreja com isto... o padre ia ter um ataque cardíaco.
Daisy soltou uma gargalhada.
– O padre não vai ter um ataque, não te preocupes – respondeu, inclinando a cabeça para observar a sua criação. – Mas talvez tente namoriscar contigo. Afinal de contas, é francês.
– Tenho peito! – exclamou Juno. – Quem diria?
– Eu disse-te que a roupa interior para profissionais do sexo fazia maravilhas – comentou Daisy, muito tranquila. – Estás sensacional, mas a questão é: como é que tu te sentes? Gostas?
Juno deu uma volta em frente ao espelho para ver o decote das costas. Nunca vestira algo tão bonito em toda a sua vida... ou tão revelador.
O cabelo encaracolado que lhe dava pelos ombros, o brilho nos lábios e o rímel nas pestanas faziam com que as feições dela, que sempre lhe tinham parecido normais, parecessem exóticas. E a sua figura, normalmente escondida por várias camadas de roupa, parecia esbelta com o vestido de cetim cor de bronze.
Daisy fizera com que se sentisse sexy pela primeira vez na vida, mas teria coragem para usar aquele vestido? Quando decidiu exibir a sua feminilidade não pensara mostrar-se tão liberta.
– Sinto-me uma pessoa diferente.
– Diferente no bom ou no mau sentido?
– Tenho medo, mas a verdade é que adoro – confessou-lhe Juno por fim.
Daisy sorriu.
– Fico muito feliz. E é normal que tenhas um pouco de medo, vais fazer parar o trânsito. Mas lembra-te: não podes roubar-me todas as atenções. E não deves chorar ou o rímel vai escorrer-te pela cara e parecerás um guaxinim.
Juno soltou uma gargalhada.
– Não chorarei, não te preocupes.
Nunca se sentira tão jovem e alegre.
Juno apertava o ramo de flores enquanto tentava concentrar-se nas palavras do padre. Os ramos de lírios brancos perfumavam o ar da igreja enquanto Daisy e Connor pronunciavam os votos matrimoniais com uma voz clara e o elaborado corpete do vestido de noiva brilhava sob o sol que entrava pelos vitrais, fazendo com que ela parecesse uma princesa de conto de fadas.
Juno passou a mão pela saia do seu vestido e sorriu, contente. Deixara de acreditar em finais felizes havia muito tempo mas, estar ali, a ver a melhor amiga casar-se, fazia com que tudo parecesse possível.
Daisy esforçara-se muito para que a sua relação com Connor funcionasse e encontrara o homem dos seus sonhos. Mas, na opinião dela, os homens como Connor eram muito raros e devia lembrar-se disso para não se emocionar demasiado.
Juno franziu o sobrolho quando a voz do padre foi afogada por um coro de tosses e sussurros. De repente, sentiu a pele arrepiada e teve a sensação de que alguém a observava. E quando arriscou olhar por cima do ombro... o coração parou-lhe durante uma fração de segundo.
Era ele.
Não, não podia ser, era impossível.
Pestanejou furiosamente, convencida de estar a ter alucinações. Mas não era assim. O homem que fora a estrela de demasiados sonhos durante as duas últimas semanas acabava de entrar na igreja e estava a olhar diretamente para ela.
– Connor, é o Mac. Ele veio – ouviu Daisy dizer. O sacerdote aclarou a garganta, incomodado com a interrupção. – Excusez-moi, monsieur – desculpou-se ela apressadamente. – Um momento, por favor, chegou uma pessoa muito importante – disse depois, apertando a mão de Connor. – Vem, temos que lhe dar as boas-vindas.
Juno ficou onde estava, a ver Daisy levantar o vestido de noiva para descer os degraus do altar e abraçar Mac Brody. Pareceu-lhe que ele ficou um pouco tenso e, quando finalmente Daisy o soltou, os dois irmãos apertaram a mão. Não conseguia ouvir o que diziam, mas não lhe passou despercebida a postura rígida de Brody.
Mordendo os lábios, Juno viu que ele se aproximava do banco dela. Mas não ia deixar que a intimidasse, pensou. Ela não era aquela criança ingénua e inexperiente que ele beijara no aeroporto. Agora era mais forte, mais sofisticada. Ou, pelo menos, parecia-o.
– Não vais acreditar em quem chegou. Juno, parece-me que já conheces o irmão do Connor, Mac.
Cortara o cabelo e o novo estilo, juntamente com uma barba bem feita e o elegante fato cinzento, deveriam dar-lhe um aspeto menos perigoso. Mas não era assim.
– Olá outra vez, senhor Brody – cumprimentou-o, apesar do aperto no estômago.
– Juno, não é verdade? O nome de uma deusa – disse ele, fixando nela os penetrantes olhos azuis. – Combina bem contigo – disse ele tratando-a com familiaridade pela primeira vez.
O sacerdote voltou a tossir e Juno olhou para ele, surpreendida porque esquecera que estavam no meio de uma cerimónia.
Concentrou-se nos noivos, tentando ignorar o homem que se sentara ao seu lado. No entanto, sentia o aroma da colónia dele...
E que estava ali a fazer? Não era o mesmo homem que se recusara a ir ao casamento do irmão que dizia não ter?
Após alguns minutos que lhe pareceram séculos, o padre pronunciou a frase: «declaro-vos marido e mulher» e Connor segurou a esposa pela cintura para dar-lhe um beijo de cinema.
– Aquilo parece divertido – o tentador sussurro no ouvido dela provocou-lhe um calafrio. – O que é que te parece se tu e eu experimentarmos?
Juno endireitou-se o máximo que conseguiu. Ah, que típico. Enquanto Daisy encontrara o homem dos seus sonhos, ela era tentada pelo Diabo em pessoa.
– Não, obrigada – respondeu. – Uma vez é mais do que suficiente para mim.
Mas então, sem que pudesse evitá-lo, os olhos dela concentraram-se nos lábios de Mac Brody.
– Uma vez não chega, Juno – murmurou ele, o nome dela soando como uma carícia, – especialmente para ti e para mim.
Ela virou-lhe as costas, contendo o desejo de bater-lhe na cabeça com o ramo. Parecia ter ido ao casamento só para arreliá-la.
Connor soltou então a esposa e Daisy abraçou-a.
– Estou tão feliz que acho que vou explodir – disse-lhe ao ouvido.
– Casaste com o melhor homem do mundo. E acho que quase te merece.
Connor