Esperanças ocultas - Amores e mentiras. Heidi Rice

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Esperanças ocultas - Amores e mentiras - Heidi Rice OMNIBUS DESEJO

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se podia beijar uma estrela de Hollywood no aeroporto de Heathrow e sobreviver a isso, também podia deixar que a melhor amiga lhe desenhasse um vestido. Especialmente se lhe deixasse claro que queria um vestido simples e discreto.

      Na verdade, o que poderia acontecer?

      – Daisy, não sei o que dizer – Juno olhava-se ao espelho, atónita, o vestido de cetim cor de bronze acariciava-lhe curvas que não acreditava possuir antes. – É quase como estar nua. Não posso entrar na igreja com isto... o padre ia ter um ataque cardíaco.

      Daisy soltou uma gargalhada.

      – O padre não vai ter um ataque, não te preocupes – respondeu, inclinando a cabeça para observar a sua criação. – Mas talvez tente namoriscar contigo. Afinal de contas, é francês.

      – Tenho peito! – exclamou Juno. – Quem diria?

      – Eu disse-te que a roupa interior para profissionais do sexo fazia maravilhas – comentou Daisy, muito tranquila. – Estás sensacional, mas a questão é: como é que tu te sentes? Gostas?

      Juno deu uma volta em frente ao espelho para ver o decote das costas. Nunca vestira algo tão bonito em toda a sua vida... ou tão revelador.

      O cabelo encaracolado que lhe dava pelos ombros, o brilho nos lábios e o rímel nas pestanas faziam com que as feições dela, que sempre lhe tinham parecido normais, parecessem exóticas. E a sua figura, normalmente escondida por várias camadas de roupa, parecia esbelta com o vestido de cetim cor de bronze.

      Daisy fizera com que se sentisse sexy pela primeira vez na vida, mas teria coragem para usar aquele vestido? Quando decidiu exibir a sua feminilidade não pensara mostrar-se tão liberta.

      – Sinto-me uma pessoa diferente.

      – Diferente no bom ou no mau sentido?

      – Tenho medo, mas a verdade é que adoro – confessou-lhe Juno por fim.

      Daisy sorriu.

      – Fico muito feliz. E é normal que tenhas um pouco de medo, vais fazer parar o trânsito. Mas lembra-te: não podes roubar-me todas as atenções. E não deves chorar ou o rímel vai escorrer-te pela cara e parecerás um guaxinim.

      Juno soltou uma gargalhada.

      – Não chorarei, não te preocupes.

      Nunca se sentira tão jovem e alegre.

      Juno apertava o ramo de flores enquanto tentava concentrar-se nas palavras do padre. Os ramos de lírios brancos perfumavam o ar da igreja enquanto Daisy e Connor pronunciavam os votos matrimoniais com uma voz clara e o elaborado corpete do vestido de noiva brilhava sob o sol que entrava pelos vitrais, fazendo com que ela parecesse uma princesa de conto de fadas.

      Juno passou a mão pela saia do seu vestido e sorriu, contente. Deixara de acreditar em finais felizes havia muito tempo mas, estar ali, a ver a melhor amiga casar-se, fazia com que tudo parecesse possível.

      Daisy esforçara-se muito para que a sua relação com Connor funcionasse e encontrara o homem dos seus sonhos. Mas, na opinião dela, os homens como Connor eram muito raros e devia lembrar-se disso para não se emocionar demasiado.

      Juno franziu o sobrolho quando a voz do padre foi afogada por um coro de tosses e sussurros. De repente, sentiu a pele arrepiada e teve a sensação de que alguém a observava. E quando arriscou olhar por cima do ombro... o coração parou-lhe durante uma fração de segundo.

      Era ele.

      Não, não podia ser, era impossível.

      Pestanejou furiosamente, convencida de estar a ter alucinações. Mas não era assim. O homem que fora a estrela de demasiados sonhos durante as duas últimas semanas acabava de entrar na igreja e estava a olhar diretamente para ela.

      – Connor, é o Mac. Ele veio – ouviu Daisy dizer. O sacerdote aclarou a garganta, incomodado com a interrupção. – Excusez-moi, monsieur – desculpou-se ela apressadamente. – Um momento, por favor, chegou uma pessoa muito importante – disse depois, apertando a mão de Connor. – Vem, temos que lhe dar as boas-vindas.

      Juno ficou onde estava, a ver Daisy levantar o vestido de noiva para descer os degraus do altar e abraçar Mac Brody. Pareceu-lhe que ele ficou um pouco tenso e, quando finalmente Daisy o soltou, os dois irmãos apertaram a mão. Não conseguia ouvir o que diziam, mas não lhe passou despercebida a postura rígida de Brody.

      Mordendo os lábios, Juno viu que ele se aproximava do banco dela. Mas não ia deixar que a intimidasse, pensou. Ela não era aquela criança ingénua e inexperiente que ele beijara no aeroporto. Agora era mais forte, mais sofisticada. Ou, pelo menos, parecia-o.

      – Não vais acreditar em quem chegou. Juno, parece-me que já conheces o irmão do Connor, Mac.

      Cortara o cabelo e o novo estilo, juntamente com uma barba bem feita e o elegante fato cinzento, deveriam dar-lhe um aspeto menos perigoso. Mas não era assim.

      – Olá outra vez, senhor Brody – cumprimentou-o, apesar do aperto no estômago.

      – Juno, não é verdade? O nome de uma deusa – disse ele, fixando nela os penetrantes olhos azuis. – Combina bem contigo – disse ele tratando-a com familiaridade pela primeira vez.

      O sacerdote voltou a tossir e Juno olhou para ele, surpreendida porque esquecera que estavam no meio de uma cerimónia.

      Concentrou-se nos noivos, tentando ignorar o homem que se sentara ao seu lado. No entanto, sentia o aroma da colónia dele...

      E que estava ali a fazer? Não era o mesmo homem que se recusara a ir ao casamento do irmão que dizia não ter?

      Após alguns minutos que lhe pareceram séculos, o padre pronunciou a frase: «declaro-vos marido e mulher» e Connor segurou a esposa pela cintura para dar-lhe um beijo de cinema.

      – Aquilo parece divertido – o tentador sussurro no ouvido dela provocou-lhe um calafrio. – O que é que te parece se tu e eu experimentarmos?

      Juno endireitou-se o máximo que conseguiu. Ah, que típico. Enquanto Daisy encontrara o homem dos seus sonhos, ela era tentada pelo Diabo em pessoa.

      – Não, obrigada – respondeu. – Uma vez é mais do que suficiente para mim.

      Mas então, sem que pudesse evitá-lo, os olhos dela concentraram-se nos lábios de Mac Brody.

      – Uma vez não chega, Juno – murmurou ele, o nome dela soando como uma carícia, – especialmente para ti e para mim.

      Ela virou-lhe as costas, contendo o desejo de bater-lhe na cabeça com o ramo. Parecia ter ido ao casamento só para arreliá-la.

      Connor soltou então a esposa e Daisy abraçou-a.

      – Estou tão feliz que acho que vou explodir – disse-lhe ao ouvido.

      – Casaste com o melhor homem do mundo. E acho que quase te merece.

      Connor

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