Esperanças ocultas - Amores e mentiras. Heidi Rice
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– Mas isso é fantástico. Conta-me todos os detalhes, por mais insignificantes que te pareçam. É realmente tão bonito como nos filmes?
Juno corou.
– A verdade é que não vi nenhum filme dele, mas é tão bonito como nas revistas. E tu não deverias dizer essas coisas, agora que és praticamente uma mulher casada.
Nenhuma mulher era imune aos encantos de Mac Brody?, perguntou-se, irritada.
– Posso ser praticamente casada, mas não sou cega – respondeu Daisy. – Além disso, é natural que o ache bonito porque o Connor e ele são muitíssimo parecidos.
Juno assentiu com a cabeça. O rosto de Mac Brody estava-lhe gravado na memória para sempre.
Os dois irmãos eram realmente muito parecidos. As feições de Mac Brody eram menos duras do que as de Connor e a cor dos olhos mais pura, mais azul, mas ambos eram altos, morenos e de clara ascendência celta. As maçãs do rosto salientes, as sobrancelhas bem definidas, o físico atlético e aquele ar de perigo... como podia não se ter apercebido até Daisy o mencionar?
Talvez porque quando olhava para Connor o coração dela não disparava como lhe acontecia com o irmão dele.
– O aspeto dele é indiferente, a questão é que se recusa a ir ao casamento. Disse-me até que não tinha irmão nenhum. Mas então perdi a paciência com ele... e queria pedir-te desculpa porque agora não há nenhuma possibilidade de que ele vá ao teu casamento.
– Porque é que tens que me pedir desculpas? Já sabíamos que não iria. Na verdade, eu fui muito otimista ao escrever-lhe aquela carta. O Connor era igualmente teimoso quando o conheci, mas sabendo o que lhes aconteceu quando eram pequenos, não é surpresa nenhuma que o Mac renegue a família – Daisy soltou um longo suspiro.
O que acontecera à família de Mac Brody?
Juno esteve prestes a perguntar, mas conteve-se. Talvez houvesse algo mais do que ela pensara. Mas Mac Brody tinha razão sobre uma coisa, não era assunto dela e já se tinha metido em problemas suficientes.
– Imagino que o Mac precise de uma família tanto quanto o Connor – continuou Daisy. – Mas provavelmente ainda não se apercebeu disso. Bom, conta-me, o que é que te pareceu?
– O que é que isso importa?
Talvez Mac Brody não fosse um imbecil como ela pensara, talvez tivesse razões para tratar Connor daquela maneira. Mas não importava o que pensava dele porque não fazia tenção de voltar a vê-lo.
– A revista Blush nomeou-o o homem mais sexy do planeta e, segundo dizem, neste momento não tem namorada – continuou Daisy. – Imagino que seja um homem ao qual nem sequer tu és imune.
Então, Juno viu a armadilha. Desde que se apaixonara por Connor, a amiga tentava, por vezes subtilmente outras vezes nem tanto, convencê-la a voltar a sair com alguém. E convidou Mac Brody para o casamento para que o conhecesse...
– Aconteceu algo! – exclamou Daisy então. – Eu sei, vejo-o na tua cara.
– Não aconteceu nada...
– Beijaste-o!
Juno olhou para ela, perplexa. A sua amiga era vidente?
– Isso que tens na cara não é uma erupção, é o toque de uma barba... O Mac deve ter vindo diretamente de Los Angeles, pelo que imagino que não tenha tido tempo de se barbear – disse Daisy, com uma precisão aterradora.
Ah, então não só era capaz de ler-lhe os pensamentos, como também era uma Sherlock Holmes.
– Foi um erro, não sei como é que aconteceu – começou a dizer Juno. – Tinha que se esconder de um fotógrafo e então...
Então o quê? O beijo queimara-lhe os neurónios?
– Não teve a menor importância.
– Mentira – disse Daisy. – É o primeiro homem que beijas desde o Tony. E isso significa que existe alguma coisa.
Juno fez uma careta ao ouvir o nome de Tony.
– Isto não tem nada que ver com o Tony. Esqueci-me dele há anos.
– Sim, eu sei, mas estás há seis anos a penitenciar-te por isso.
– Não sei do que estás a falar.
– Sabes sim – a amiga suspirou. – Quando foi a última vez que usaste um vestido?
– Não gosto de vestidos, não me ficam bem.
– Por favor... quando foi a última vez que pintaste os lábios? Ou que saístes de Londres? Ou que namoriscaste um rapaz? Porque é que tens vergonha de ter beijado Mac Brody? É o sonho de todas as mulheres... – Daisy inclinou a cabeça, como quem aguça o ouvido. – Ah, o Ronan acordou. Mas não te vás embora, assim que lhe der de mamar, continuamos a falar sobre o teu vestido de dama de honor. E quando finalmente conhecer o Mac vou dar-lhe um abraço por ter feito a minha melhor amiga sentir-se uma mulher outra vez.
Juno resmungou enquanto Daisy saía da cozinha para cuidar do filho.
Como se o beijo de Brody não fosse suficiente, as palavras da amiga faziam-na sentir-se como se tivesse um problema psicológico.
Suspirando, enterrou o rosto entre as mãos e fechou os olhos enquanto ouvia Ronan a chorar pelo monitor. Juno imaginou Daisy sentada na cadeira de balouço branca enquanto o amamentava e, de repente, sentiu o coração encolher-se.
O que se passava com ela? De onde saíra aquele ridículo anseio, aquela sensação de vazio?
E se Daisy tivesse razão? Sobreviveu ao que aconteceu seis anos antes, mas como podia dizer que o tinha superado se se estava a esconder desde então?
Por isso beijar Mac Brody fora tão espetacular. Após seis anos a fingir que não sentia o menor interesse pelo sexo oposto, com um único beijo tinha recordado o que estava a perder. E, ao mesmo tempo, foi confrontada com a sua própria vida. Não apenas sensata, prudente e ordenada, mas também terrivelmente vazia e aborrecida.
Juno olhou para os restos do pequeno almoço que Connor e Daisy tinham partilhado na mesa do pátio, à sombra de um salgueiro. E, de novo, voltou a sentir uma pontada de inveja.
Mantivera-se à margem durante o último ano, vendo Daisy encontrar o amor da vida dela, e talvez estivesse na altura de dar um passo em frente e admitir que sobreviver já não era suficiente, que vestir-se como um rapaz e tornar-se uma freira deixara de ser útil. Seria assim tão terrível admitir que queria algo mais?
Ouviu então Daisy cantar uma canção de embalar ao filho e sentiu um calafrio de emoção.
Podia continuar a ser prática e sensata, mas por que motivo não iria deixar que Daisy lhe desenhasse o vestido de dama de honor? Até então resistira, porque temia que lhe fizesse algo exageradamente feminino... claro que dada a propensão de Daisy para os vestidos exagerados e a esperança que tinha de que ela voltasse a sair com algum homem, a precaução de Juno era perfeitamente justificada.