Sete Planetas. Massimo Longo

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Sete Planetas - Massimo Longo

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rugas que se apresentavam eram os olhos e a boca do ser

      No momento era Zàira a estar em perigo e a distância que os separava do cume da colina para Xam parecia eterna. Ali sobressaia uma abobada branca, parecia uma colmeia, tinha uns espelhos hexagonais que contornavam todo o edifício, reflectindo a luz do sol quase cegante.

      Mais se aproximavam ao mosteiro, mais um sentimento de serenidade infundia-se nos seus corações.

      Xam, esgotado pelo peso da companheira, continuou caminhando até que, chegados ao templo, viram-se diante de um arco aberto que levava ao seu interior.

      Assim que estiveram dentro, o corpo de Zàira ergueu-se flutuando entre os braços de Xam, que não se opôs, sentia que não havia ameaça naquilo que estava a acontecer.

      Foi transportada para um largo corredor e desapareceu lentamente da sua vista.

      Centenas de subtis pilares laterais sustinham uma imensa abobada transparente que se apresentava no universo, como se o mosteiro se encontrasse no espaço, Ulica e Xam viram um estranho ser com as formas um tanto insólitas no fundo da nave e aproximaram-se.

      O corpo, cinzento - violeta e aproximadamente cilíndrico, era constituído pela cabeça e por quatro secções que lavavam duas patas cada uma, aquilo que parecia um nariz em forma de uma pequena tromba era preponderante no rosto mas parecia que algo ou alguém o tivesse puxado com força para dentro, as rugas que se demonstravam eram olhos e boca do ser. O seu corpo não era mais grande que um saco cheio de farinha.

      - Sinto em vocês uma energia positiva, desculpem se vos arrastei até aqui, mas o gesto da vossa companheira afectou-me.

      - O gesto da nossa companheira não nos maravilhou, conhecemos a sua generosidade.

      Não devíamos arrastar aquelas criaturas inofensivas num embate, perdemos muito tempo vagueando pela selva, consentindo a Mastigo para intuir onde nos tivéssemos dirigido e levando os seus guardas para aquele lugar doce e sereno, erro imperdoável – esclareceu Ulica.

       - Teria sido impossível para os Tetramir chegar até aqui sem arrastar aquelas pobres criaturas para um embate.

      - Como sabes quem somos?

      Tentou perguntar Ulica, mas Xam a interrompeu bruscamente enquanto instintivamente lhe agarrava o antebraço:

      - Onde foi parar Zàira? – Perguntou ao frade, ainda que sentia que nada de mal pudesse acontecer à sua amiga naquele lugar.

      - Não te preocupes, está seguro. Está a recuperar, brevemente estará aqui entre nós.

      A resposta pareceu-lhe vaga, mas continuava a sentir aquela sensação de bem-estar e serenidade.

      - Como sabes quem somos? – Repetiu Ulica que queria perceber quem estivesse à frente deles.

      - Sou Rimei - proferiu o ser sem fazer caso à questão – estou aqui para a meditação. As vossas almas e as vossas acções, mesmo a beleza da Eumenide da qual me escapa o nome – parecia que estivesse a rir disfarçadamente satisfeito pela malandrice – têm, pois trezentos anos, atraído a minha atenção.

      - Ulica – o seu rosto com traços doces não se descompôs pelo elogio.

      Grácil e fina, sabia que era muito linda e não escondia, a população da qual fazia parte não estava inclinada aos galanteios, nem a ocultar as próprias opiniões e emoções. Reproduziam-se, como as borboletas, por um casulo de cor que teria espelhado aquela criatura que estava para nascer. As Eumenides eram de tantas cores, todas em tonalidade a pastel.

      Ulica fazia parte das novas gerações, criadas geneticamente. No planeta, um estranho acontecimento ocorrido durante a última grande guerra, ainda em estudo pelos geólogos mais experimentados, tinham feito deslocar ligeiramente o eixo, criando alguns desequilíbrios ambientais e magnéticos que tinham eliminado a população masculina.

      Para evitar e extinção da sua espécie, as Eumenides tinham recorrido à multiplicação dos genes masculinos in vitro (processos biológicos laboratoriais) à utilizar para a fecundação artificial.

      Vinham geneticamente criados apenas embriões de sexo feminino, para evitar que nascessem outros machos que teriam ido ao encontro da morte segura. Jamais dispostas em ceder a uma derrota, procuravam novamente no seu ADN tal gene que tinha a eles permitido de sobreviver para implantá-lo no ADN masculino, de forma a torná-lo invulnerável às novas características ambientais de Eumenide.

      - Não me disseste ainda como fazes para saber quem somos – insistiu Ulica com o frade.

      - Porque eu vejo muitas coisas. Esperava já há muito tempo que viessem pôr-me as vossas questões.

      - Que questões? – Perguntou confuso Xam acariciando a densa barba preta e encaracolada.

      - Aquelas relacionadas com o Kirvir – antecipou-o Ulica – antes, do que estas a falar? – Perguntou pois dirigindo-se ao frade – O que consegues ver?

      - Consigo ver tudo aquilo que acontece nos planetas, mas as informações às vezes ficam em mim durante um tempinho.

      - Quanto tempo?

      - Depende das informações, às vezes para sempre, outras não mais que um dia ou algumas horas.

      - O que podes nos dizer sobre Kirvir? – Perguntou Xam.

      - Kirvir é tudo: nos circunda, nos une e nos divide, se estimulada transforma-se, parece que se possa governar na verdade é efémero, pode ser sabia ou terrivelmente perigosa.

      - Não estás a dizer-nos nenhuma novidade – comentou Ulica.

      - Não há nada de novo, tudo já está à nossa volta – respondeu o frade – basta deixar-se transportar por ela para a direcção certa.

      - Se vês tudo, já sabes qual é o nosso escopo, ajude-nos a controlá-la, isto restabeleceria o equilíbrio – declarou Xam.

      - Lógico que nos quer ajudar – fez o ponto Ulica – ou não nos teria levado até aqui, o problema é como.

      - Não tenha pressa minha querida, esperei muito tempo para este momento, são trezentos anos que não converso com ninguém, não me tira o privilégio de conversar. O tempo é uma dimensão dos vivos não da Kirvir, no fundo a escolha de trazer-vos até aqui foi muito meditada.

       - Mas nós vivemos o nosso tempo e temos a responsabilidade de outros como nós, a guerra é iminente – afirmou Xam.

      - Ficarão aqui em cima até que será necessário, se quiserem respostas às vossas questões. Não depende de mim, a decisão virá da Kirvir o tempo necessário para mostrar-vos o caminho por percorrer.

      Aos Tetramir tinha parecido que tivessem passado poucos minutos, todavia viram surgir Zàira através de um largo corredor de luz.

      Xam caminhou velozmente para com ela, tentando ocultar as suas emoções.

      - Como estás? – Perguntou-lhe.

      - O que aconteceu? – Perguntou Zàira.

      - Feriram-te, não te lembras?

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