Uma bala com o meu nome. Susana Rodríguez Lezaun

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Uma bala com o meu nome - Susana Rodríguez Lezaun HARPERCOLLINS PORTUGAL

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baixo da minha roupa, explorando avidamente cada centímetro de pele.

      Sem prévio aviso, os meus pés perderam o contacto com o chão. Agarrei-me ao pescoço de Noah e cruzei as pernas à volta das suas ancas. Conseguia sentir as mãos fortes a segurar-me pelo rabo.

      — Desejo-te tanto — admitiu, num tom rouco. — Não consigo pensar em nada senão em ti. Todo o dia. Cada minuto.

      Beijou-me com força e paixão, profundamente, quase sem me deixar respirar. Eu respondi imediatamente, sem hesitar, e deixei que o meu beijo lhe explicasse quanto medo tinha e que, às vezes, a insegurança me apertava a garganta até quase me asfixiar, que passara tantos anos morta, vazia e sozinha que tremia com a simples ideia de perder o que acabara de começar a saborear e que não conseguia evitar pensar que talvez fosse melhor se me afastasse do festim e continuasse a olhar do outro lado da janela antes de me ver expulsa do banquete e ser lançada novamente para o inferno. Porque agora sabia que, até então, não vivera, mas que me limitara a manter-me com vida, a sobreviver. Agora, estava viva. Noah ativara cada uma das minhas terminações nervosas e transformara-se no oxigénio de que precisava para subsistir.

      Sem parar de me beijar, estendeu uma mão até alcançar a beira das minhas cuecas. Com um só movimento, arrancou-as e deixou-as cair ao chão. Gemi e colei-me mais a ele. Não pensei que alguém podia entrar na oficina e surpreender-nos. Não havia mais ninguém ali, só nós e a voz doce e louca da minha cabeça que me encorajava a continuar.

      Demorou um pouco mais a abrir o fecho das calças e a baixá-las o suficiente. Durante um instante, Noah parou, afastou-se um pouco de mim e olhou-me nos olhos, procurando a minha aprovação. A modo de resposta, mexi as ancas, arqueei as costas e apertei as pernas para me aproximar ainda mais do seu corpo.

      Com um só movimento, Noah penetrou-me e afundou-se ao mesmo tempo na minha boca, marcando o ritmo com as ancas e puxando-me para ele, fazendo-me subir e descer cada vez mais depressa.

      A minha mente esvaziou-se de medos e de dúvidas. Só havia espaço para as sensações.

      O clímax alcançou-me quase sem prévio aviso, formigou entre as minhas pernas, explodiu no centro do meu organismo e espalhou-se através das extremidades até chegar ao meu cérebro. Quando parei de tremer, abracei Noah com força e recebi o seu orgasmo como próprio, feliz e satisfeita.

      Acariciou-me o rabo com suavidade e depositou um carreiro de beijos desde o meu ombro até à boca. Desta vez, beijou-me com ternura e carinho. Talvez estivéssemos a partilhar amor, talvez a paixão e a necessidade fossem dois dos vimes com que o amor tecia as suas pontes intrincadas. No entanto, aquele não era o momento de semelhantes pensamentos tão profundos.

      Noah levantou-me com delicadeza, saiu do meu interior e deixou-me no chão com cuidado. Senti como os fluidos de ambos deslizavam entre as minhas pernas e procurei um lenço na mala para me limpar. Ajudou-me com um sorriso atrevido na cara, depois de abotoar as calças.

      Dez minutos mais tarde, saíamos dali, com os farrapos das minhas cuecas no fundo da minha mala. Fechei a porta, voltei a escrever o código de segurança para ativar o alarme e dirigimo-nos para a saída.

      O semblante corado e estupefacto do vigilante fez-me sentir consciência de um pequeno detalhe que evitara por completo: Na oficina, tal como no resto das salas, havia câmaras. A central de controlo, de onde o guarda não parava de nos observar, vermelho até à raiz do cabelo, contava com vários monitores que reproduziam em tempo real o que acontecia no interior das divisões.

      Parei, demasiado chocada com o que acabara de descobrir. Noah, que ia atrás de mim, quase chocou contra as minhas costas.

      — O que se passa? — perguntou.

      — As câmaras — respondi, num sussurro.

      — Que câmaras?

      — Há câmaras na oficina. Viu-nos. Filmaram tudo. Oh, meu Deus, o diretor vai ver amanhã.

      — Ena…

      Noah pareceu meditar durante uns instantes. Depois, olhou brevemente para mim e pediu-me para esperar por ele ali enquanto tentava resolver as coisas. Resolver as coisas? O desastre que se abatia sobre a minha cabeça não tinha solução possível.

      Aproximou-se da zona da receção e pôs os cotovelos no balcão. O guarda olhou para ele sem pestanejar. Falaram durante um bom bocado, enquanto a pele do vigilante recuperava, a pouco e pouco, o seu tom normal. Apanhei-o algumas vezes a lançar-me olhares furtivos, portanto, virei-me e escondi-me atrás de uma coluna, fingindo que observava os quadros que enfeitavam o vestíbulo.

      Noah demorou uns quinze minutos a voltar.

      — Podes ficar tranquila — disse, enquanto me agarrava o braço e me dirigia para a porta. O meu cérebro estupefacto recusava-se a coordenar a ação das minhas extremidades, por isso Noah teve de me empurrar na direção correta. Levantou a mão para se despedir do guarda, que lhe devolveu o cumprimento como se fossem dois velhos amigos.

      — O que se passou?

      — Está tudo resolvido. Expliquei-lhe que um incidente como este pode arruinar a tua vida e a tua carreira se chegar às mãos erradas, já para não falar do que aconteceria se fosse visto pelo teu chefe ou pelos teus colegas. Um vídeo assim podia tornar-se viral nas redes sociais numa questão de minutos. Falei-lhe da tua reputação, do teu profissionalismo e de como fomos estúpidos e acedeu a apagar esses quinze minutos do registo digital de imagens. É um homem bom e honrado. Garantiu-me que ninguém perceberá, porque todas as salas estavam vazias durante esse tempo, o colega ainda não regressou da ronda e o corte temporário será impercetível.

      — E acedeu assim, sem mais nem menos?

      — Bom, sem mais nem menos, não. Dei-lhe trezentos dólares, tudo o que tinha na carteira nesse momento. Não queria aceitar, mas insisti que era o mínimo que podia fazer, dado o grande favor que está a fazer-nos. Gosto do Scott.

      — Quem é o Scott?

      — O vigilante, claro.

      Nesse momento, não sabia se devia rir-me ou chorar. Abracei-o com força e optei pela segunda alternativa. As minhas lágrimas estavam a sujar-lhe a camisa, mas não parou de me abraçar. Chorei de raiva por ser tão estúpida (mais uma vez), de medo e de alívio. Criticara tantas vezes com amargura aqueles que arriscam o presente e o futuro para ter sexo e eu acabara de fazer o mesmo! Estava espantada. Castiguei-me mentalmente, insultei-me e prometi-me não voltar a ser tão idiota.

      Conduzi em silêncio até ao seu apartamento e rejeitei a oferta de subir um pouco.

      — Preciso de me acalmar e de pensar um pouco — expliquei, sem desligar o motor.

      Não ia deixar-me convencer, estava demasiado afetada.

      — Como queiras — acedeu —, mas não esqueças que não tens nada a lamentar. As imagens já não existem e, mesmo que o Scott comente com alguém que uma restauradora teve prazer na oficina, não tem nada para o provar. Se contar e não houver imagens, ficará mal por as ter apagado. Não dirá nada, podes ficar tranquila.

      Lutava para me convencer de que tinha razão, de que não ia acontecer nada e de que tudo não passaria de uma história, um pouco aterradora agora, mas divertida assim que adquirisse a perspetiva do tempo. Enquanto esse momento chegava, não conseguia evitar tremer dos pés à cabeça.

      Beijou-me

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