Conquista Da Meia-Noite. Arial Burnz
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O Ancião Rasheed, que informara a Broderick das três opções, ergueu uma sobrancelha negra como carvão.
— Se você escolher se juntar ao Exército da Luz, não temos permissão para matá-lo; mas sim, se alguém não escolhe entre nós e eles, é costume que se mate os que se negam a fazer tal escolha. Essa é uma ocorrência rara, mas já aconteceu. Matá-lo seria mais por misericórdia do que para preservar o segredo de nossa raça.
Apesar do fogo lambendo seu corpo, Broderick conseguiu erguer a própria sobrancelha.
— Misericórdia? Por quê?
O Ancião Rasheed olhou de soslaio para os companheiros.
— Decerto foi informado de seu destino como Escravo de Sangue. Não é por isso que está aqui?
Broderick não gostou do som daquilo e balançou a cabeça, uma gota de suor escorrendo da sobrancelha para a bochecha.
— O que é um Escravo de Sangue?
Franzindo a testa, o Ancião Rasheed voltou um olhar crítico para Cordelia. Broderick virou a cabeça para a direita, cerrando a mandíbula ante o esforço, e olhou para a mulher que o trouxera até aqui. Cordelia Harley se mantinha majestosa, mas evitava os olhos de todos, vermelho tomava conta de suas bochechas enquanto estudava as tapeçarias nas paredes de pedra.
— Resumindo — continuou Rasheed. —: tornar-se um Escravo de Sangue é uma sentença de morte. A troca de sangue que vivenciou é o que gera sua condição.
Nos últimos meses, Cordelia se alimentou de Broderick, as pequenas presas perfuravam sua garganta, e ela bebia uma pequena quantidade do sangue dele. Em seguida, ela cortava o pulso e o alimentava com o próprio sangue misturado ao dele. Essa troca de sangue era necessária… ou foi o que ela havia dito.
— Cordelia me disse que era parte da transformação.
Rasheed baixou o queixo e lançou um olhar assassino para Cordelia.
— Você criou este Escravo de Sangue? — Cordelia ainda se recusava a fazer contato visual com quer que fosse. — Olhe para mim, mulher!
A beleza pálida, mas tortuosa, mirou o Ancião por debaixo das sobrancelhas negras, então baixou o olhar para o chão e assentiu. Broderick resmungou.
— Você nos levou a acreditar, ao clamar por essa transformação, que o estava salvando dessa condição, não que a havia criado! — Rasheed levantou-se da cadeira como o calor de uma fogueira, devagar e irradiando raiva. — Caso se atreva a sair desse local antes que isso acabe, eu mesmo a esfolarei viva e a deixarei em exibição neste Grande Salão até que eu sinta que já sofreu o suficiente.
A respiração de Cordelia se tornou acelerada enquanto ela encarava os Anciões com os olhos arregalados de terror. Ela fez um ligeiro meneio de cabeça como consentimento.
Rasheed afundou na cadeira, com o olhar ainda fixo nela.
— Não, Broderick MacDougal. Essa pequena troca de sangue cria um laço físico e emocional com o imortal e, em essência, o transforma em um escravo da vontade dele. É por isso que é damos o nome de “Escravo de Sangue”. Esta também é a razão para que sinta tanta dor. O sangue imortal luta dentro de seu corpo, tentando fazer a transformação. Contudo, já que não há sangue imortal o suficiente dentro de você, seu corpo morrerá nesta batalha.
Broderick cerrou os dentes, lutando tanto com a raiva por Cordelia quanto com a dor de sua condição. Explicava por que ele a seguia de maneira tão cega, ele não possuía controle algum das próprias emoções. Mais uma vez, ele se permitiu ser traído por uma mulher.
Das duas mulheres em quem ele confiou, qual era a mais responsável pela posição em que ele se encontrava hoje? A jornada dele, de uma vida inteira, para matar o inimigo de seu clã o motivou a aceitar, com demasiada ansiedade, tudo o que Cordelia prometia. No entanto, a traição de Evangeline causou o massacre de seus irmãos e suas famílias, alimentando ainda mais sua sede de vingança, o deixando sem escolha a não ser aceitar a imortalidade para atingir seus objetivos. Ainda assim, o coração partido dentro de seu peito não exigiria nada menos. Broderick virou os olhos para a esquerda, para contemplar a maldição de sua existência… o inimigo de seu clã, Angus Campbell.
Desde a infância de Broderick, seu pai, Hamish MacDougal, travava uma guerra interminável com Fraser Campbell, uma batalha particular, cujas raízes permaneceram — até agora — um mistério. Pego em uma luta sangrenta após a outra, assistindo àqueles que amava morrerem sob a espada, Broderick desenvolveu seus próprios motivos para buscar vingança contra esta parte dos Campbell.
Seu inimigo estava ao lado dele agora, as veias pulsando em suas têmporas, a fúria queimava em seus olhos verde-esmeralda enquanto ele olhava de volta para Broderick e Cordelia.
— Sua escolha determinará seu destino. — disse o Ancião Rasheed.
— O que é este Exército de Luz? — Broderick perguntou, resistindo ao impulso de acertar Angus no queixo, e sim voltando-se para o Conselho.
O Ancião Ammon explicou, com um sotaque ainda mais estranho do que o de Rasheed:
— Eles se consideram filhos especiais de Deus. — disse com desdém, o nariz aquilino empinado. — São uma perversão do que somos. Afirmam oferecer vida eterna e, ainda assim, devido a nossa imortalidade permanecemos vivos enquanto as vidas mortais deles expiram.
— Se eles são mortais… — Broderick perguntou com uma voz trêmula. —, o que eu ganharia se os escolher? Pensei que eu estava condenado a morrer.
O Ancião Mikhail sorriu.
— Alguns dizem que o deus deles pode fazer milagres e curar. Como nunca temos contato com aqueles que os escolhem; e tenha certeza, foram muito poucos em verdade, não há como confirmar ou negar tais afirmações. Se for com eles, pode ser que o curem… ou pode ser que não. Não oferecemos garantias quanto ao que eles podem ou não fazer. — Mikhail acenou com os dedos finos demonstrando desdém.
— Contudo, a eles deve enfrentar. — disse o Ancião Ammon, apontando para uma porta à direita de Broderick. — Eles explicarão o que esperam em troca da barganha que podem oferecer. Todos aqueles que escolheram fazer parte da raça Vamsiriana devem fazê-lo de boa vontade e com conhecimento de causa. Deve ouvir o que eles têm a dizer antes de decidir.
Dois homens, que Broderick acabara de notar estar atrás dos Anciãos, avançaram e ajudaram-no a se levantar. Apoiando-se neles, ele arrastou-se de maneira laboriosa em direção à porta onde um novo destino possível o aguardava. Ele olhou para Cordelia com uma carranca. Ainda se recusava a fazer contato visual quando ele passou. Ela o considerou um tolo. Nunca teve a intenção de dar a ele a imortalidade, apenas o usou para se vingar de Angus, negando ao homem a possibilidade de matar Broderick ele mesmo. A raiva óbvia de Angus por Broderick e Cordelia confirmou que ela teve sucesso.
Todavia, Broderick só podia imaginar que motivo ela teria para trazê-lo perante o Conselho. Por que não zombar dele e na frente de Angus? Por que trazê-lo aqui? Além disso, a presença de Angus nesta reunião não fazia sentido. Ele estava aqui para protestar contra a transformação? Por que o Conselho não deixava Angus matá-lo sem quaisquer problemas? Estava claro que ele era incapaz de se defender, mas Angus parecia estar com as mãos atadas.
Então,