Conquista Da Meia-Noite. Arial Burnz

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Conquista Da Meia-Noite - Arial Burnz

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decerto não teria sua vingança. Broderick estaria sob proteção. Se, por algum acaso, o Exército da Luz pudesse curá-lo, ele poderia viver para lutar outro dia, sob a proteção deles, mesmo sendo mortal. E se não pudessem curá-lo, pelo menos, caso ele morresse, o faria sabendo que Angus não obteria sua tão sonhada vingança, um último ato de desafio, embora fraco. Nada parecia de bom agouro para ele, mas o que mais poderia fazer?

      Um Vamsiriano abriu a pesada porta de carvalho. Os dois imortais ajudaram Broderick a se acomodar na única cadeira de madeira existente na sala, colocada de frente para outra porta na parede oposta. Eles assentiram e se retiraram para os cantos sombreados atrás de Broderick. O silêncio da câmara os envolveu como uma névoa.

      Um braseiro alto queimava à direita de Broderick, estalava e sibilava, projetando uma luz laranja bruxuleante nas paredes de pedra, mas não fornecia muita iluminação. Broderick estremeceu quando outra onda queimou por ele e tirou seu fôlego ao atravessar seu corpo. Ele agarrou os apoios de braço, preparando-se para a agonia, à espera da diminuição da dor.

      O tormento precisa acabar ou ficaria louco pela tortura de seu estado!

      O som de um ferrolho sendo aberto do outro lado da câmara o fez estremecer. Mais ondas de dor percorreram suas pernas e fizeram os dedos do pé curvarem-se. Uma figura encapuzada entrou na câmara. A porta se fechou atrás da pessoa, e o ferrolho retiniu mais uma vez, trancando-os juntos. O corpo dele se recuperou quando a dor diminuiu, e Broderick respirou com facilidade mais uma vez.

      A figura o encarou.

      — Sei que sua condição pode parecer desesperadora, mas Deus pode curá-lo dessa aflição de sangue.

      Broderick enrijeceu e se inclinou para frente para tentar ver o rosto da mulher que se escondia sob a capa, mas o braseiro não o ajudava muito.

      — É impossível. — ele grunhiu por entre os dentes. — A voz que ouço deve vir do túmulo.

      A mulher diante dele puxou o capuz para trás e revelou os cabelos longos e dourados que ele conhecia tão bem. Evangeline, sua esposa prostituta, balançou a cabeça e olhou para ele com olhos arregalados. Os lábios de Broderick se curvaram em um rosnado, e ele engoliu a bile que subiu em sua garganta.

      Evangeline choramingou e caiu de joelhos.

      — Querido Pai do céu, como pôde me escolher para enfrentar meu marido? Ele com certeza irá escolher o caminho das trevas se for eu aquela a mostrar a luz. Por que não pôde enviar outra pessoa?

      A raiva invadiu seus sentidos.

      Broderick se levantou, deu um passo na direção dela. A dor crescente em seu coração ameaçou afogá-lo como uma torrente de ondas, e ele lutou contra as lágrimas que ardiam nos olhos. Veria a luz expirar dela como testemunhou acontecer com Maxwell e Donnell.

      Evangeline arfou e ergueu as palmas das mãos, continuou seu devaneio com uma rápida sucessão de palavras.

      Broderick bateu em uma parede invisível e caiu no chão. Contorcendo-se em agonia, a raiva desapareceu. Através de uma nuvem turva de consciência, ele cambaleou enquanto os dois guardas Vamsirianos o ajudaram a se sentar na cadeira, antes de voltar para o canto. Evangeline baixou as mãos e permaneceu ajoelhada no chão de pedra do outro lado do cômodo. Assim que voltou a si, ele limpou a garganta.

      — O que é essa magia, bruxa?

      Ela franziu a testa.

      — Não sou uma bruxa, Broderick. Sou membro do Tzava Ha'or: o Exército da Luz. Deus nos deu certas medidas de proteção contra… — ela franziu os lábios e baixou o olhar, uma respiração trêmula sacudiu seus ombros, e ela ergueu o queixo, encarando-o com os olhos cheios de lágrimas. — Contra o sangue dos amaldiçoados.

      Broderick agarrou os braços da cadeira para se levantar, mas lembrou-se do último encontro dele com a proteção de Deus e reconsiderou.

      — Como pode estar viva e entre aqueles que deveriam ser filhos especiais de Deus? — ódio temperava cada sílaba que ele conseguiu dizer entredentes, ela implorou com os olhos, o que só o fez tremer ainda mais de raiva e tristeza: — Por que você ainda vive?

      — Eu corri… — ela sussurrou em meio às lágrimas, revivendo o passado. —, corri para longe da batalha, floresta adentro, por horas. Quando caí de exaustão, fui atacada por ladrões que… — ela fechou os olhos e engoliu em seco. — forçaram-se a mim e me deixaram para morrer.

      — E mesmo assim se ajoelha diante de mim. — Broderick lutou contra a simpatia que sentia. — Continue.

      — Não sei quanto tempo fiquei ali deitada, mas acordei e fui, aos tropeços, para a estrada, onde um grupo de monges quase me atropelou com uma carroça. Eles me levaram para um convento onde as irmãs cuidaram de mim; onde me tornei um membro do Exército da Luz. — Evangeline olhou para Broderick com uma centelha de esperança em seus olhos vidrados. — Fui ensinada que Nosso Senhor é um Deus que perdoa e ama, Broderick. Por favor, não dê as costas a Ele escolhendo este caminho das trevas. Ele pode curar você e perdoar tudo. Perdoou até a mim!

      — Eu não! — ódio sacudia seus membros e deu-lhe força para resistir à agonia que rasgava seu corpo, tremor quebrou suas palavras. — Acredita que todas as vidas que tirou com sua traição podem ser ignoradas com tanta facilidade? Você é a razão para eu estar aqui buscando vingança contra meu inimigo, alguém cuja cama você compartilhou. Permanece nos braços protetores de Deus enquanto meu corpo morre como um escravo de sangue.

      — Deus pode curar você, Broderick! Ele libertou outros que se tornaram escravos de sangue. Junte-se ao Exército da Luz e Ele pode curá-lo.

      Os dois guardas Vamsirianos flanquearam Broderick quando ele fez menção de ir na direção dela. Ele lutou com os braços deles, contra a angústia de sua alma, contra a injustiça que atormentava a vida dele sem cessar.

      — Você está louca ao pensar que eu aceitaria de você, ou de um Deus que abriga traidores. Deveria estar morta, mas está sentada diante de mim, oferecendo-me a salvação. Supôs que eu iria perdoá-la só por ser a portadora de tal oferta?

      Evangeline fez uma reverência e balançou a cabeça.

      — Não. — ela sussurrou. — Também estou surpresa por estar viva. Como tal, ainda sou sua esposa, e você detém o direito de fazer comigo o que quiser.

      Evangeline ergueu as mãos de novo, murmurando outra série de frases estranhas.

      Broderick respirou melhor com a diferença perceptível na atmosfera, a pressão diminuindo em seu corpo. Os Vamsirianos ao seu lado também olharam ao redor, admiração em seus olhos. A parede invisível que ela havia erguido deve ter caído. Broderick tentou avançar, mas os Vamsirianos o contiveram. Incapaz de lutar contra eles, ele se rendeu.

      — Escolho o caminho da imortalidade, tornando-me assim, morto para você. Já que Deus perdoou suas transgressões, tenho certeza de que a igreja anulará nosso casamento patético. Deus é seu marido agora e que ambos sofram as consequências disso!

      Evangeline caiu no chão aos prantos enquanto escoltavam Broderick para fora dali.

      Posicionando-o diante do Conselho mais uma vez, os dois Vamsirianos soltaram Broderick, e ele reuniu toda força que pôde para permanecer de pé.

      —

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