O Diário De Um Gato Detective. R. F. Kristi

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O Diário De Um Gato Detective - R. F. Kristi

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meia tonta e a língua babada não mudavam isso nem um bocadinho.

      Eu adorava ser popular assim.

      O Terrance costumava acompanhar o Solo e o Hobbs para todo o lado.

      O Solo tinha posto o Terrance numa escola para cães muito famosa. Ele não se tinha arrependido, pois Terrance tinha tido as melhores notas na Academia Canina de Busca e Salvamento. O Terrance era um bom colaborador da agência de detectives de Solo.

      Eu estava morta por saber o que é que o Terrance andava a fazer.

      O Terrance abanou a cauda quando nos viu e deu-nos um sorriso de boas vindas. O Monk saltou da sua cadeira favorita e veio receber-nos.

      “Alguém quer natas frescas?”, ronronou ele na sua voz grave.

      “Obrigada, NÃO”, respondeu a Cara antes que o Fromage ou eu pudéssemos dizer alguma coisa, “nós jantámos antes de vir.”

      O Fromage olhou para ela fixamente.

      Conhecendo bem o meu irmão, e sabendo que ele estava a preparar-se para começar uma briga, eu mudei rapidamente de assunto.

      “Terrance, o que se passa?”, miei.

      “Há novidades importantes acerca do Raoul, o pai desaparecido do Polo!”, disse o Terrance, depois que toda a gente se sentou no lugar do costume na biblioteca.

      Tenho de vos falar sobre o nosso amigo Polo e o triste estado em que está a sua família.

      O Polo é um pequinês. Ele é baixinho e não é muito maior do que eu.

      Nós conhecemos o Polo quando nos mudámos de Paris para Londres no Verão passado. Curiosamente, havia uma amizade especial entre ele e a Charlotte.

      Tinha havido alguns ciúmes entre o Fromage e o Polo por causa da Charlotte. Foi um alívio quando esses ciúmes passaram à história.

      O Polo pertencia à Señora Conchita Consoles, a quem toda a gente chamava Senõra, uma cantora de ópera reformada.

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      A Señora tinha perdido o seu marido, Raoul, quando ele desapareceu ao escalar o Monte Evereste nos Himalaias. Desde essa altura, e até nós chegarmos, ela tinha estado muito triste.

      Ela estava a recuperar-se pouco a pouco da perda de Raoul. Mas nós sabíamos que tanto a Señora como o Polo sentiam terrivelmente a falta do Raoul.

      Tornámo-nos bons amigos quando ajudámos o Polo durante o mistério do colar de diamantes desaparecido da Señora.

      O desfecho tinha sido surpreendente, mas fantástico, apesar do susto que foi o desaparecimento do Fromage e o sítio muito estranho em que o colar foi descoberto.

      Foi nessa altura que o bichinho das investigações me mordeu. Eu estava morta por me envolver noutro caso e tornar-me uma detective famosa de direito próprio.

      O Terrance continuou a contar a sua história em latidos graves.

      “O Solo chegou a casa com novidades que, se se confirmarem, vão deixar o Polo felicíssimo.”

      “O Solo tem um amigo que trabalha para os Médicos Sem Fronteiras no Nepal.”

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      “Numa viagem recente a Londres, o jovem médico disse ao Solo que tinha ouvido falar de um estrangeiro, ferido, que estava a ser tratado por alguns habitantes locais numa aldeia perto dos Himalaias.”

      “A breve descrição que lhe deram fizeram-no pensar que se possa tratar de Raoul, o marido da Señora.”

      “Nós vamos aos Himalaias para confirmar esta informação, uma vez que o Solo não pode ter a certeza se é mesmo Raoul, o dono do Polo.”

      “Se a Señora ou o Polo ficam a saber disto e afinal é outra pessoa, eles vão ficar muito desiludidos.”

      “O mais importante é evitar que tanto a Señora como o Polo saibam oq eu se passa até termos a certeza de que este estrangeiro é o Raoul”, disse o Terrance.

      “Não te preocupes, nós vamos fazer tudo para que isto não chegue aos ouvidos do Polo”, disse eu, olhando para o Fromage e a Charlotte com um olhar severo.

      “A última coisa que eu quero é desiludir o Polo. Ele é nosso amigo”, disse a Charlotte, olhando para o Fromage e franzindo os seus olhinhos pequeninos.

      “Também eu”, murmurou o Fromage, um pouco acanhado. Eu respirei de alívio.

      Terrance deu-nos mais pormenores.

      Ele ia acompanhar Solo e Hobbs na viagem até ao Nepal. Eles iam apanhar o avião de Inglaterra para Katmandu, a capital do Nepal, onde iam alugar um carro para ir até aos Himalaias. De lá iriam a pé até à aldeia, com a ajuda de um guia local.

      O Terrance disse-nos que a parte da viagem que iam fazer a pé era perigosa e difícil, Iam ter de andar por caminhos estreitos em encostas montanhosas.

      Mas o Solo estava decidido a fazê-lo porque o Raoul era seu amigo. Se o Raoul estivesse vivo, ia fazer toda a diferença do mundo para a Señora se ela pudesse vê-lo outra vez.

      “E não só para a Señora”, disse a Charlotte, numa voz fininha.

      “Também para o Polo. Ele adorava o Raoul! Afinal, ele é o pai dele”, suspirou Charlotte com o seu narizinho a tremer.

      Prometemos ao Terrance não dizer uma palavra ao Polo acerca da razão que os levava a viajar até ao Nepal.

      “Quando é que partem?”, perguntei.

      “Amanhã”, ladrou o Terrance.

      “O Hobbs está a fazer as malas. Ele já comprou os bilhetes de avião para o Nepal. Eu vou agora tomar as minhas vacinas para poder viajar para fora do país.”

      De repente lembrei-me de uma coisa – e o Natal?

      Nós tencionávamos festejar o Natal todos juntos em casa do Solo. A Señora, o Polo, os empregados deles, o Senhor e a Senhora Applebee, que eram parentes do Hobbs e muito simpáticos, e a Mãe andavam a planear o jantar de Natal há semanas.

      “Se tudo correr bem, estaremos de volta antes do Natal”, disse o Terrance.

      Eu senti um arrepio na espinha quando vi o olhar pensativo que os dois velhos amigos, Monk e Terrance, trocaram entre si.

      Lembrei-me do que o Terrance tinha dito acerca da última parte da viagem, que era muito perigosa e extremamente arriscada.

      E eu aqui,

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