A Cidade Sinistra. Scott Kaelen

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A Cidade Sinistra - Scott Kaelen

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da guilda,” ele disse com cuidado, “pagamentos só podem ser devolvidos se um contrato não é cumprido. Neste caso, um total de noventa por cento seria devolvido ao beneficiário.”

      “Oh.”

      “De fato. Mas devo avisá-lo e temo que esta parte você pode não gostar…” Maros pegou o contrato da mesa e levou ao rosto, semicerrando os olhos para a sua própria escrita até que encontrou a seção que queria. Virando o papel, ele o colocou na frente de Randallen e tocou um dedo no parágrafo relevante. “Vê aqui? Você notará que sua mãe não nomeou nenhum beneficiário. Tecnicamente, isso significa que não sou obrigado a aceitá-lo como tal. Contudo...”

      “O quê? Você sequer a encorajou a dar um nome?”

      Maros deu um sorriso insensível. “Se um cliente deseja nomear um beneficiário, pode fazê-lo, mas não é uma parte essencial do acordo. Se sua mãe tivesse você em mente, ela teve todas as chances de mencioná-lo.”

      “Ora, a ingrata…” As bochechas de Randallen brilhavam de raiva enquanto ele encarava o pergaminho.

      “É um dilema,” Maros disse. “Com isso eu concordo. Conversamos sobre seu problema, mas você deve perceber que a moeda tem dois lados.” Ele inclinou-se para frente e abaixou a voz. “Tenho três pessoas boas arriscando suas vidas ao se aventurar em um lugar que ninguém esteve em séculos, um dos poucos em toda Himaera a carregar o símbolo da Caveira. Meus freeblades – minha família – viajaram para a Cidade Sinistra para encontrar a herança da sua mãe. Os perigos em potencial, tenho certeza que você concordará, são inimagináveis.” Ele cutucou um dedo no pergaminho. “Este contrato é um seguro contra meus freeblades perdendo suas vidas durante seu empreendimento. Você perdeu sua mãe. Isso é lamentável. Mas se meus freeblades não retornam das Terras Mortas...”

      “Isso não é problema meu! Ninguém os obrigou a aceitar o contrato.”

      “Mestre Chiddari.” Maros se levantou e pairou sobre a mesa. “Você tem a tendência de me interromper. Se você não tivesse feito isso, já teria me ouvido dizer que estou considerando aceitá-lo como beneficiário em vez da sua mãe. Por favor, note que eu disse considerando. Se você aceita ou não, depende de você. Da maneira que eu vejo isso, você tem uma opção. Se meu pessoal retornar com a herança – o que eles farão se ela existir ou morrerão tentando – eu o aconselharia a aceitá-la graciosamente deles. Se eles não retornarem...”

      “Isso é inaceitável!” O rosto de Randallen tremeu com a raiva reprimida. “Exijo que você...”

      Os nós dos dedos de Maros estalaram quando ele cerrou os punhos e apoiou-os na mesa. A madeira rangendo sob seu peso foi o único som na sala comunal. “Você não exige nada da Guilda dos Freeblades, homenzinho. Mais uma faísca de atitude repulsiva de você e não somente esquecerei sobre acrescentá-lo ao contrato, também irei arremessá-lo através das portas da taverna. Não me teste mais.”

      Maros respirou fundo para se recompor, satisfeito em ver Randallen engolir o nó em sua garganta. A mensagem parecia ter sido levada adiante.

      “Pense sobre isso,” Maros disse, abaixando a voz mais uma vez. “A joia será sua. Não posso dizer se vale mais ou menos do que as economias da sua mãe, mas apostaria que provavelmente chega perto. Se você quer tanto o dinheiro, faça um favor a si mesmo e venda a maldita coisa. Tenho certeza que você encontraria um comprador em Baía Brancosi. Eu poderia até mesmo colocá-lo em contato com alguns em potencial, por uma pequena taxa, é claro.”

      Apesar da raiva diminuída de Randallen, a derrota estava em seus olhos quando ele os abaixou para a mesa. “Receio que vender a joia estará fora de questão.”

      “Por quê?”

      “Porque...” — Randallen respirou fundo — “Minha mãe foi enfática que a joia estivesse com ela quando ela morresse. Este era seu único objetivo ao querer a maldita coisa em primeiro lugar. Esperava que, com seu falecimento…”

      “Então você está tentando recuperar o dinheiro porque acredita que o contrato está anulado, é isso?”

      “Talvez.” O rosto de Randallen era uma máscara inflexível.

      “Bem” — Maros deu de ombros — “Lamento dizer que este não é o caso. Sua mãe pode ter perdido este barco em particular, mas o contrato permanece. A joia será sua para fazer o que quiser.”

      Randallen balançou a cabeça. “Não. Ela não queria simplesmente estar de posse da joia antes de morrer.”

      “Você está dizendo que ela queria ser queimada com ela?” Maros deu uma risada. “Se você está disposto a jogar algo deste valor na pira funerária, então isso é problema seu.”

      “Oh, é pior do que isso. Muito pior. Veja, meu querido, minha mãe quer a maldita joia jogada no chão. Para quê? Para ser desenterrada em uma centena de anos por algum garimpeiro afortunado? Ela não se beneficiará disso e eu certamente não irei!” Randallen respirou fundo. “É maldito desperdício sem sentido.”

      Maros deu de ombros. “Não é um pedido insensato. As pessoas têm seus bens enterrados com suas cinzas o tempo todo.”

      Randallen sugou o ar através dos dentes. “Eu disse alguma coisa sobre cremação?”

      Maros franziu o cenho. “Bem, eu… Oh.”

      “Sim.” Randallen sorriu friamente e enfiou a mão no sobretudo. Ele retirou o rolo de pergaminho da noite anterior e brandiu-o para Maros. “Está tudo aqui. Os últimos desejos de Mãe. Ela não vai ser cremada, ela vai ser enterrada.”

      Renfrey balançou na banqueta em sua mesa habitual ao longo da parede lateral da sala comunal do Mascate Solitário. Ainda não era meio-dia e ele já tinha perdido a conta de quantas canecas de Redanchor havia consumido. Em seus dias de folga do moinho, ele bebia cedo para evitar as multidões. No momento em que os clientes noturnos chegassem, ele estaria em casa e dormindo para se recuperar até duas horas antes do amanhecer. Depois sairia para o trabalho, transportando e amarrando sacos de grãos, levantando os sacos nas carroças dos fazendeiros, liberando as engrenagens que giravam o moinho de torrões de farinha e sujeira e limpando a merda da represa e do lago. Pelos deuses, era um trabalho miserável, mas pagava pela cerveja.

      Renfrey gostava da sua privacidade. Um homem poderia se sentar sozinho e gracejar à distância, se quisesse. Não que houvesse qualquer gracejo acontecendo entre a dúzia, mais ou menos, de clientes no Mascate. O mercador pretensioso e imbecil no canto tinha um par de guarda-costas corpulentos fazendo-lhe companhia. Os dois lenhadores comendo tranquilamente uma refeição no lado mais distante da sala comunal realmente não pareciam divertidos. E depois havia os freeblades.

      Não mijaria neles se eles precisassem de um banho. Ele franziu o cenho para sua caneca de Redanchor, depois tomou um gole da cerveja forte e colocou a caneca de volta na mesa com um baque. Líquido formou um arco na borda antes de espirrar de volta para dentro. “Aye,” Renfrey disse com a fala arrastada, “chegar onde pertencemos, apodrecemos…”

      Seu olhar percorreu a sala, os freeblades que estavam absortos em uma conversa discreta, o enorme garçom desajeitado e finalmente pousando na atendente limpando a mesa no centro da sala. Pernas bonitas naquela. Cremosas. Macias. Tetas bonitas também. Coisinhas atrevidas, elas eram, pressionadas para cima pela sua roupa, pequenas, mas ainda conseguiam derramar sobre o vestido. Mas o rosto não era grande coisa para olhar. Renfrey olhou lascivamente

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