A Cidade Sinistra. Scott Kaelen

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A Cidade Sinistra - Scott Kaelen

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mais noventa metros. Vá em frente com isso,” ele se repreendeu. Ele afundou as muletas na terra e um choque de dor subiu pela sua perna. Cerrando os dentes, ele cambaleou para a clareira. Lentamente, a distância até a cabana diminuiu, com Maros resmungando e xingando por todo o caminho.

      “Deveria ter enviado um corredor,” ele murmurou. Um ano atrás, eu poderia ter feito isso em um quarto do tempo e ainda estaria pronto para uma luta no fim. Agora? Ele deu uma risada irônica. Gotejando como um porco espetado.

      Com um passo largo, ele alcançou seu alvo e sufocou um rugido de júbilo. Seu rosto era uma máscara de suor, gotas pingando na terra encharcada pelo sol para serem consumidas sob o sol do meio-dia. Acalmando-se à porta, ele lançou um olhar de soslaio para a extremidade mais distante da aldeia em formato de meia-lua onde uma mulher de meia idade estava ocupada estendendo a roupa de cama e olhando para ele por cima dos lençóis. Ele desviou o olhar para duas jovens no centro da clareira. Sentindo o escrutínio de Maros, elas pararam com seu jogo de saltar argolas e o encararam com um horror indisfarçado. Ele lançou a elas um sorriso amplo e elas saíram correndo para a floresta nos arredores.

      Ele balançou a cabeça. As pessoas na aldeia de Balen raramente deixavam seu pequeno microcosmo exótico e não estavam acostumadas a ver nada fora do comum. A mulher, sem dúvida, o considerava como uma aberração da natureza ou, pior, uma criatura amaldiçoada pelos deuses para sentirem pena. A perna problemática não melhorava a situação. Se elas já tivessem ouvido o nome Maros, a Montanha, não o reconheceriam como o jotunn-humano exausto à porta da cabana como o homem destes contos sussurrados. Sua reputação pertencia ao passado. Nos dias de hoje, ele era pouco mais do que um enorme coçador de saco.

      Ele enxugou um antebraço na testa e bateu os dedos na porta. Os sons abafados de pés se arrastando flutuaram de dentro e a porta se abriu para revelar uma mulher abatida e idosa. Seus olhos úmidos se ergueram para olhar para ele, uma máscara de austeridade espalhada sobre suas rugas. Ela olhou para ele de alto a baixo, franzindo o cenho para suas muletas e seu colete encharcado de suor.

      “Presumo que a comoção que ouvi aqui fora foi você?” ela disse. “Alguém presumiria que um boi estava sendo abatido. O que em Verragos você estava fazendo?”

      “Eu…” Reprimindo um suspiro, Maros acenou com um gesto fraco para a trilha da floresta atrás dele. Muito bem. Mostre à velhinha frágil como você estava atravessando uma área plana e aberta. Com certeza, isso vai impressioná-la.

      “Hmph, não importa. Devo dizer, não vi um de vocês em décadas.”

      Ele franziu o cenho. “Um de mim o quê? Um homem? Um aleijado?”

      “Um mestiço.” Seus olhos remelentos semicerraram em fendas. “Bem, o que você quer? Não tenho o dia inteiro.”

      “Eu, ah…” Ele pigarreou. “Um prazer conhecê-la. O nome é Maros, Oficial dos Freeblades de Alder’s Folly. Posso estar falando com Cela, ah…” Vasculhando o bolso do seu colete, ele retirou uma folha suada de papel e trouxe até o rosto. “Cela Chiddari?”

      “Você poderia. Oficial, você diz? Mas não acostumado a memorizar títulos de família, não é? Hum. Bem, já que eles me enviaram o homem no topo, imagino que eu deveria me sentir honrada.”

      O homem no topo enviou a si mesmo, sua velha maluca. Maros forçou um sorriso simpático. “Tenho certeza que o prazer é todo meu.”

      “Então permita-me agradecer por responder à minha convocação. Como você pode ver, não estou em condições de estar perambulando até Folly.”

      Convocação? Seu sorriso vacilou. “Não costumo fazer atendimentos domiciliares pessoalmente, mas quando li seu bilhete entregue pelo mensageiro, estava preparado para fazer uma exceção.”

      “Não duvido disso.” Cela espiou ao redor da porta para seu vizinho no outro lado do semicírculo. “É melhor você entrar, meu jovem,” ela murmurou, arrastando os pés para dentro da cabana. “Nossa discussão não é para ouvidos indiscretos.”

      Maros inclinou-se mais baixo sobre suas muletas e espremeu-se através do batente. Ele fechou a porta com o calcanhar e semicerrou os olhos já que a sala estava mergulhada na escuridão. Algumas lascas finas da luz do dia cortavam através das persianas fechadas e o fedor mofado de idade penetrou em suas narinas. Ele engoliu uma tosse e observou a velha abaixar sua ossatura esquelética em uma poltrona ao lado da lareira vazia. Enquanto ela se remexia para sentar-se ereta, ele a imaginou caindo no tapete em uma pilha de ossos empoeirados.

      “Sente-se, freeblade.” Ela acenou com a mão ao redor da sala. “Onde for melhor para você.”

      Maros examinou os grupos escuros de móveis por um poleiro robusto e adequado e mancou até um banco no lado oposto da lareira. Ele se abaixou, reprimindo um suspiro enquanto as dores na sua perna recuavam.

      “Ouvi dizer que você está mantendo a taverna de Alderby sobrevivendo no lugar dele,” Cela disse coloquialmente.

      “Sim.”

      “Administrando uma guilda e uma taverna. Uma carga de trabalho considerável.”

      “Nada que eu não possa lidar. A verdade é que foi uma bênção quando o velho Alderby faleceu logo após meu… acidente.” Maros apoiou a mão no joelho. “Triste, no entanto. O lugar nunca esteve sem um ou outro Alderby no comando.”

      “Assim eu concluí. Bem, chega de conversa fiada.” Os olhos de Cela estavam brilhando nas sombras. Um sorriso forçado cortou suas feições encarquilhadas. “Aos negócios.”

      “Aos negócios, de fato. A recompensa que você ofereceu é o suficiente para erguer até mesmo as sobrancelhas do Banco Brancosi, um pouco. Sem ofensa, senhora, mas estou olhando para esta cabana e pensando que não vejo o equivalente a quinhentas moedas em propriedade aqui.”

      “Ouso dizer que você estaria certo se eu estivesse oferecendo a minha casa. Você vai receber moedas, freeblade, fique tranquilo. Minhas economias não vão me beneficiar agora a não ser que você adquira aquilo que pertence às mãos de Chiddari.”

      “Sim,” Maros disse com cuidado. “Como é que você detém um título de família quando eles caíram em desuso séculos atrás?”

      Cela soltou uma gargalhada aguda e apontou um dedo para ele. “Perguntas, perguntas, mestiço. Vamos nos ater ao assunto em questão?”

      “Muito justo. Além do valor da recompensa, seu bilhete foi vago na melhor das hipóteses...”

      “Por um bom motivo. Você aprecia a sensibilidade da informação, tenho certeza.”

      “Então, por favor, me diga o que você precisa da guilda e verei se podemos atender.”

      “A herança da minha família se perdeu para nós por muitas gerações.” Cela olhava para ele atentamente. “Perdida e, ainda assim, sei sua localização precisa. Reside em um cemitério que remonta a uma época em que os mortos ainda eram enterrados inteiros.”

      “Estes lugares estão todos submersos sob o deserto. Não há quase nenhum vestígio dos antigos reinos.”

      O sorriso tenso de Cela retornou. “Exceto, isto é, por um lugar.”

      “Agora escute aqui.

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