A Cidade Sinistra. Scott Kaelen

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A Cidade Sinistra - Scott Kaelen

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levou sua caneca aos lábios e tomou um gole de água. “Não me entenda mal,” ela disse. “Amo estar com vocês dois, mas somos freeblades – espadachins de aluguel – com ênfase nas espadas.”

      “O problema é que,” Oriken disse, “somos bons demais no que fazemos.”

      Dagra assentiu em concordância. “Entre nós e o resto das filiais, praticamente livramos Caerheath de todos os bandidos. Agora os problemas na cidade raramente são mais do que disputas insignificantes.”

      Jalis suspirou. “Isso deveria ser uma coisa boa. Estamos mantendo a paz, mas não estamos fazendo nenhum favor para nós mesmos. Desde quando a guilda se tornou a principal legisladora em Himaera?”

      “Principal?” O cenho de Dagra franziu. “Tente a única. Isto não é Vorinsia. Não temos um Arkhus sofisticado administrando a terra nem um militar nem mesmo um maldito xerife. Nada desde os Dias dos Reis. Freeblades são tudo que esta terra tem.”

      “Vivo aqui há muito tempo,” Jalis disse, “mas ainda não consigo me acostumar com a falta de uma figura militar ou um governante. É um milagre como Himaera não foi consumida pelo Arkh séculos atrás.”

      Dagra deu de ombros. “Eles tentaram nos invadir durante a Insurreição, mas mesmo uma Himaera enfraquecida conseguiu sangrar seus narizes e mandá-los embora com algumas lições aprendidas. O Arkh ficou mole desde esta época. Nada conquistável restou.” Ele deu a Jalis um olhar pesaroso. “Sem ofensa, garota.”

      “Não estou ofendida.”

      Oriken recostou-se na parede. “De qualquer maneira,” ele disse, “eu não me preocuparia. Alguma coisa boa vai cair no quadro de empregos em breve. Sempre cai.” Ele deu um sorriso animado para Jalis.

      “Sempre o otimista irritante.” Dagra projetou a barba na direção da alcova do quadro de avisos da guilda no final do bar. “Você viu as recompensas para estas ofertas de emprego? A melhor é por oito moedas de cobre. É um insulto.”

      “Talvez seja hora de tirarmos umas férias,” Oriken disse.

      “Esta não é uma má ideia,” Jalis disse. “Já faz um tempo que não visito minha cidade natal.”

      “Não é realmente o que eu tinha em mente.”

      “Vou mijar,” Dagra anunciou, levantando-se.

      Oriken observou-o se afastar. “Precisamos sair da cidade por um tempo. Talvez Middlemire precise de algumas mãos extras. Ou Baía Brancosi. Deveríamos pedir para Maros dar uma olhada para nós.”

      Uma sombra atravessou a luz do sol nas tábuas do assoalho. Jalis olhou para o outro lado para ver a figura corpulenta de Maros claudicando pelas portas do bar. Ele notou seu olhar e mancou para se juntar a eles.

      “O andarilho retorna,” Oriken disse. “Não consigo mantê-lo na sua própria taverna hoje em dia.”

      Maros deu uma gargalhada cansada e reuniu suas muletas em uma mão. “Balen é o mais longe que eu já fui desde que assumi este lugar. Lembre-me de nunca voltar.”

      Jalis inclinou a cabeça para encontrar seu olhar. “Você esteve em Balen? A tarde toda?”

      “Dificilmente! A maior parte disso fui eu sofrendo para chegar lá e voltar.”

      “Por que você não pediu para Ravlin levá-lo em sua carroça? Ele não teria se importado.”

      “Eu tentei. O mercador está em Brancosi, reabastecendo seu estoque.”

      “O que é tão importante em Balen que você não poderia enviar um novato?” Oriken perguntou.

      “Em qualquer outro dia, absolutamente quase nada.” Maros olhou para Jalis. “Ouça, tenho um pequeno negócio para cuidar. Vou botar o papo em dia com você em breve.”

      Jalis observou-o mancar até o quadro de avisos da guilda. Após um momento, ele saiu mancando do recesso e seguiu pelo corredor adjacente até seu escritório particular. “Ele está aprontando alguma coisa,” ela disse para si mesma.

      Em uma mesa perto da parede oposta da sala comunal, vários freeblades estavam envolvidos em um jogo de cinco marias. Alari, uma blade veterana com mais alguns anos na guilda do que Jalis, olhou para o quadro de avisos da guilda e murmurou para seu companheiro mais próximo.

      “Volto em um minuto.” Jalis levantou-se da sua cadeira e atravessou rapidamente até a alcova. Ela examinou o conteúdo do quadro de avisos da guilda até que localizou um novo pedaço de papel e o soltou da cortiça. Ao ver a oferta da recompensa, seus olhos arregalaram.

      “Garota, você é tão rápida quanto lasca de pedra sobre pederneira,” Alari disse atrás dela.

      Surrupiando o bilhete, Jalis virou-se para sua colega. “Você não estava muito atrás de mim.”

      O sorriso de Alari repuxou a cicatriz pálida ao lado da sua boca. “O que o chefe colocou aí desta vez? Outra que não vale o papel em que está escrito?”

      Jalis deu de ombros. “Parece um pouco melhor do que o habitual. Por que você não pega algumas das ofertas menores? Elas vão servir para o novato que você está cuidando. Todos nós tivemos de começar em algum lugar.”

      A testa de Alari franziu em pensamento. “Você não está errada. Muito provavelmente Kirran poderia fazê-las sozinho. Vou dizer a ele para escolher uma.” Ela deu a Jalis uma piscadela amigável. “Você e os rapazes vão ganhar um pouco de casca-grossa, amor.”

      Enquanto Alari voltava para sua mesa, outro freeblade passou por ela até o quadro de avisos da guilda. Jalis olhou para o homem friamente enquanto ele diminuía a distância.

      “O que você tem?” Fenn disse enquanto entrava na alcova, posicionando-se atrás de Jalis para impedi-la de sair.

      “Afaste-se, Fenn.”

      “Vamos dar uma olhada.” Ele tentou agarrar o papel, mas Jalis puxou a mão para trás das costas.

      “Primeiro a chegar, primeiro a ser servido,” ela disse. “Você conhece as regras. Você quer um trabalho, há muita coisa no quadro que vai te satisfazer.”

      Os olhos redondos de Fenn olhavam zangados para ela. “Pelo menos, eu posso fazer meu trabalho sozinho. Todos nós sabemos que você e seus dois guarda-costas recebem tratamento preferencial por aqui.” Ele agarrou o ombro de Jalis.

      Ela enfiou a mão entre suas pernas e apertou. “Aqueles são meus companheiros e meus amigos. Quer saber, que tal você tirar a mão de mim e eu vou fazer o mesmo. Então você volta para seu assento como um bom menino.”

      O lábio de Fenn curvou em um rosnado silencioso. Jalis aumentou a pressão e, com relutância, ele afastou a mão. “Você tem um problema.”

      “Se eu tenho algum problema, você não está entre eles.” Ela agarrou com mais força. “Só para que estejamos entendidos. Estamos entendidos, Fenn?”

      “Tire a porra da mão de mim!”

      “Oh, eu irei. Mas

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