Sangue Contaminado (Laços De Sangue Livro 7). Amy Blankenship
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Читать онлайн книгу Sangue Contaminado (Laços De Sangue Livro 7) - Amy Blankenship страница 4
Deixou a mente penetrar fundo nela, tentando saber se havia outra razão para querer manter-se adormecida… abandonando este mundo por breves momentos. Nighthawk jamais rompera o vínculo que ela estabelecera consigo no cemitério mais pequeno e isto permitiu-lhe voltar a ativar nela a ligação mental. No passado, quando um necromante se conectava consigo, sentia-se como se estivesse a ser asfixiado. A sensação que tinha com ela era o equivalente a dar as mãos.
Mesmo adormecida, conseguia sentir a sua fome queimando… o lado dela que não pertencia à linhagem de Craven. Ela estava a manter esse lado enterrado bem fundo dento de si… escondendo o seu chamamento. A fome estava a oferecer a possibilidade de acelerar as suas habilidades de cura naturais. Esta era a única coisa que Nighthawk não podia fazer por ela… a energia de que ela precisava vinha da alma e, até ao momento… ele não tinha uma. Por enquanto, era bom que ela dormisse, mesmo sendo uma forma mais lenta de cura.
Nighthawk passou-lhe os nós dos dedos pelo rosto suave, no lugar onde Nile a golpeara e deixara uma pisadura. Craven tinha dito que o carinho de um companheiro podia curá-la. Era mesmo necessário ter uma alma para conseguir amar? Supunha que sim, já que não sentia essa emoção desde a sua morte efetiva décadas antes. Tinha de se esforçar para conseguir sentir uma emoção que não fosse a dormência rígida que sentia durante a maior parte do tempo.
Deitando-a delicadamente na almofada, Nighthawk endireitou-se e olhou por cima do ombro para a alma que o estivera a assombrar desde que regressara à casa.
“Tu pertences-lhe… não pertences?”
Carley deu um salto com a surpresa, não percebendo que o índio estivera ciente da sua presença o tempo todo. Olhou para ele com os olhos semicerrados. Ele tinha-a simplesmente ignorado enquanto gritava e vociferava com ele… o idiota. A expressão de Carley suavizou-se… parara de gritar passado algum tempo, ficando confusa ao vê-lo tratar de Tiara com tanto carinho.
Carley avançou lentamente, parando para ficar a pairar perto de Tiara, e ficando visível para se sentar na beira do colchão. Não fazia sentido esconder-se dele… Não se dava o caso de ele poder magoá-la mesmo que quisesse… o que ela duvidava.
“Poder-se-ia assumir que lhe pertenço…, mas não”, respondeu Carley com sinceridade, enquanto esticava o braço e passava a mão pelo longo cabelo lavado de Tiara, imaginando como seria se ainda estivesse viva. Não estava morta há tempo suficiente para esquecer a sensação do toque.
“Então por que a seguiste?”, perguntou-lhe ele.
Carley encarou-o e empinou o queixo, em modo de desafio. “Ela é minha amiga… quero ter a certeza de que está em segurança.”
Nighthawk assentiu, mostrando respeito pela resposta. “E a magia do Craven não te afeta, mesmo estando tu dentro da sua casa?”
Esta parecia ser uma pergunta importante para o índio, por isso Carley abanou a cabeça e olhou para a amiga. “Por causa da Tiara, a necromancia não consegue mais tocar-me nem me afetar. Amo-a por essa razão, por isso, por favor, não a magoes.”
Nighthawk sentiu o peito inchar de esperança. Esta emoção desvaneceu-se rapidamente, mas tinha sido o suficiente para deixar um vestígio que o fazia querer mais. Isso era tudo o que ele sempre desejara… nunca mais ser invocado por um demónio.
“Não temos intenção de lhe fazer mal. Ela quis vir connosco e nós honrámos a vontade dela. Se não acreditas em mim, és livre de ficar até ela acordar e podes perguntar-lhe diretamente.” Ele dizia só a verdade… esse era o único traço que trouxera consigo da vida.
“Então quem a magoou?”, perguntou Carley, sabendo que não tinha sido o homem ao seu lado, mas as feridas de Tiara, que saravam rapidamente, falavam por si sobre intenções malignas.
“O demónio com quem ela combateu no cemitério fez isto. O Craven salvou-a", respondeu Nighthawk, movendo-se para se sentar à janela, onde podia ser tocado pelo sol. Esta era uma das únicas divisões da casa onde as janelas não tinham sido pintadas de preto. Nighthawk tentou recordar se alguma vez apreciara a luz do sol ou não… supunha que sim.
Carley franziu o sobrolho quando ele virou o rosto na direção da janela, como se não fizesse caso dela nem da conversa. “E o Craven era o demónio que estava contigo? É esse o mesmo homem que cercou esta casa de tantos monstros? Sinceramente, não acredito que a Tiara aprovasse.”
Esticou o braço e pousou a mão na de Tiara, embora a tenha atravessado instantaneamente. “E por que razão ela nos deixaria… a nós, que somos os seus amigos, para ficar com um demónio?”
“Ela e o Craven são parentes de sangue. O Craven é tio dela. Mas, na sua mente, a filha do irmão é a sua filha. É por isso que ele não lhe vai fazer mal. Ela não é uma prisioneira aqui e não vai ser forçada a ficar. Assim que ficar curada… se decidir ir-se embora, irei com ela como seu guardião.”
“Por que farias isso?”, perguntou Carley. Craven é que era parente dela… não o índio. “O Craven ordenou-te que o fizesses?”
“Não, estou além do controlo dele”, respondeu, sem se virar para olhar para ela. “Sou um Caminhante da Noite e ela é a única pessoa que pode devolver-me a alma.”
O queixo de Carley caiu… um Caminhante da Noite? Isso sim, era magia poderosa. Pensou nos mitos e nas lendas que estudara, e até mesmo esses escritos antigos raramente tinham referido os Caminhantes da Noite.
Do que se recordava, um Caminhante da Noite era criado a partir de um humano que possuíra poderes místicos durante a sua vida humana, e que fora depois trazido dos mortos como um zombie por um feiticeiro poderoso. Mas esse era apenas o primeiro passo para a transformação num Caminhante da Noite plenamente desenvolvido.
Ao contrário da maioria dos zombies, conseguiam usar o próprio poder para recuperar a sua mente e o seu coração. Dizia-se que não tinham alma, mas ela não se recordava de que poderes possuía um Caminhante da Noite, ou se existia sequer um limite para o que conseguiam fazer.
Carley franziu o sobrolho ao constatar que não conseguia lembrar-se de ter lido nada acerca de um Caminhante da Noite recuperar a alma. Isso era sequer possível?
“A tua alma não está no além?” perguntou Carley, com curiosidade.
“Não, está vinculada à minha sepultura”, respondeu Nighthawk, enquanto desaparecia no mundo espiritual.
Carley sentou-se num silêncio perplexo. Vinculada à sepultura? Estremeceu perante a ideia de estar vinculada sob a terra, em vez de estar em liberdade como agora. Baixando o olhar para o chão, reparou que Nighthawk podia ter-se desvanecido, mas ainda conseguia senti-lo ali no quarto.
Olhando outra vez para Tiara, Carley decidiu não forçar a conversa… concedendo-lhe a privacidade que ele pedira silenciosamente.
Capítulo 2
No meio da desordem do Cemitério Hollywood, Michael olhou para o Spinnan morto aos seus pés e limpou as mãos empoeiradas ao casaco.
“Isto foi divertido”, murmurou. Olhou para cima, mesmo a tempo de ver Kane arrancar a cabeça a outro demónio e atirá-la por cima do ombro. Michael desviou-se da cabeça voadora e fitou furiosamente as costas