Uma bala com o meu nome. Susana Rodríguez Lezaun

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Uma bala com o meu nome - Susana Rodríguez Lezaun HARPERCOLLINS PORTUGAL

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style="font-size:15px;">      — Não haverá problemas. Quando o museu fecha, só ficam dois vigilantes e estão habituados a ver-me a deambular fora das horas de trabalho. Não vão surpreender-se se os avisar de que vou entrar por uma das portas laterais. Vou dizer-lhes que vou com um técnico que precisa de verificar algum material.

      — Estou desejoso de ir.

      — Está bem, iremos amanhã.

      — Oh, não! — exclamou. — Amanhã, tenho trabalho, achava que te tinha dito…

      — Não faz mal, podemos ir na segunda-feira.

      Como resposta, inclinou-se para mim e ofereceu uma fileira deliciosa de beijos que acabou, como quase sempre, com os nossos corpos unidos a rebolar a um ritmo suave e cadencioso, no meio de sussurros e gemidos.

      Estava a habituar-me demasiado depressa a esta situação. Noah era um homem atencioso e um amante fantástico. Era bonito e divertido e parecia sentir-se bem ao meu lado. Os meus sentimentos, tão claros e contundentes no dia em que nos conhecemos, estavam a mudar a pouco e pouco para uma zona de águas profundas, perigosas e desconhecidas e eu nem sequer sentia consciência do lamaçal em que estava a afundar os pés.

      Como esperava, na segunda-feira à tarde, o vigilante do museu não estranhou quando me viu a aparecer na câmara de vigilância. Abriu a porta e foi ter comigo. Parou ao descobrir Noah ao meu lado, mas deixou-nos passar quando lhe recordei que já avisara de que viria acompanhada de um técnico.

      — Não vamos demorar muito tempo — garanti.

      — Demore o tempo que precisar, senhora Bennett, eu vou estar cá toda a noite.

      O guarda, um cinquentão roliço de sorriso fácil, regressou ao balcão de onde controlava o edifício. Não vi rasto do segundo vigilante, por isso pensei que estaria a fazer a ronda habitual pelas salas e pelos diferentes andares do museu.

      Noah olhava para tudo com curiosidade. Parou à frente de várias obras e interessou-se por uma coleção de figurinhas pré-colombianas que mostravam as suas barrigas volumosas e seios enormes por trás de uma vitrina mal iluminada àquelas horas da noite, longe da hora de visitas.

      — O museu possui obras de arte procedentes dos cinco continentes — expliquei. — Temos a segunda coleção permanente mais importante do país, só o Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque nos supera. E, depois, há as exposições temporárias. Agora, há uma exposição de joias realmente espetacular.

      — Joias num museu?

      — Também são arte! A exposição tem uma seleção de joias antiquíssimas, como uns brincos egípcios de oitocentos anos antes de Cristo e peças espetaculares de joalharia moderna inspiradas no Mundo Antigo: Da Cartier, Bulgari, Castellani… As minhas favoritas são um conjunto de colar e brincos renascentistas feito de platina, ouro, diamantes, rubis, safiras, pérolas e umas pedras de crisólita verde que brilham como os olhos de um gato.

      — Ficarias linda com esses brincos — murmurou, por cima do meu pescoço.

      — Não poderia pagar nenhuma das gemas que os formam.

      — Custam assim tanto?

      — Se estivessem à venda, o seu valor superaria um milhão de dólares.

      Calou-se durante um breve instante. A sua cara de pasmo foi resposta suficiente para a informação que acabara de lhe dar.

      — E não há algo mais… acessível?

      — Bom — respondi, depois de examinar as maravilhas expostas na minha mente —, partindo do princípio de que nenhuma está no mercado… há um colar de ouro e âmbar que está assegurado em cerca de trezentos mil dólares. Foi fabricado por um ourives italiano por volta de 1880, é bastante sóbrio para a época e para o lugar, mas continua a ser uma peça importante. Além disso, não me imagino a usar joias de semelhante tamanho. As donas originais eram tudo menos discretas.

      Sorri e continuei a avançar. Talvez pudéssemos vir um dia e fazer uma visita completa ao museu. Não há nada de que goste mais do que de falar de arte e, vendo como Noah se mostrava recetivo com os dados que lhe dera, pensei que seria uma boa forma de nos aproximarmos, de ele conhecer o mundo em que gosto de me perder, sempre cheio de beleza, mesmo quando descreve a morte.

      Passei o meu cartão pelo leitor, escrevi o código e empurrei a porta da oficina da restauração. Entrei com Noah colado ao meu corpo. Senti um nó no estômago e um arrepio no corpo. Aquele homem excitava-me com apenas sussurrar algumas palavras.

      Acendi as luzes e desviei-me para lhe mostrar o meu santuário. A sala enorme, de mais de trinta metros de comprimento e quinze de largura, contava com um teto muito alto do qual pendiam focos extensíveis, gruas e cabos de todo o tipo. À direita, vários cavaletes acolhiam diversas obras em diferente estado de restauração. Junto das telas, candeeiros grandes de LED encarregavam-se de iluminar o trabalho do restaurador sem produzir um calor que poderia ser perigoso para os pigmentos. À esquerda da sala, havia mesas de diferentes tamanhos, alturas e inclinações, para poderem trabalhar nelas com obras muito diversas, como pergaminhos, tabuletas ou esculturas. Por cima das mesas, pendiam os purificadores imensos de ar que depuravam o ambiente da oficina, muitas vezes carregado de emanações de vernizes e tintas, para além de pó de mármore, argila ou pedra.

      — Isto é impressionante — sussurrou Noah, como se a sua voz pudesse incomodar as personagens que nos observavam dos quadros. — Muito mais do que esperava.

      Devagar, avancei para o interior da divisão, explicando a utilidade de cada elemento que encontrávamos, e contei-lhe pequenas histórias das obras que dormiam na oficina, à espera de regressar às salas como as grandes estrelas que eram.

      Mostrei-lhe uma tela linda de madeira do século XII, uma escultura chinesa da dinastia Ming que representava Guanyin, o mestre da compaixão para os budistas. A sua pose tranquila, o olhar baixo e a marca do terceiro olho na testa emanavam tranquilidade, quietude e confiança. Estava há vários dias na oficina, onde tentávamos devolver todo o seu esplendor à policromia original, muito desgastada com o passar dos séculos.

      Senti a mão de Noah na minha cintura. Não fez mais nada, mas foi suficiente para que deixasse escapar um gemido involuntário. Aproximou-se ainda mais de mim e baixou-se para me beijar no ombro.

      — Sinto-me insignificante entre tanta beleza — disse.

      — Tu és muito mais atraente do que esses dois — declarei, apontando para uma tela de Piero di Cosimo que também estava a ser restaurada —, e são anjos.

      — Não gosto de anjos — declarou, parando à minha frente —, não têm sexo.

      Agarrou-me o queixo com os dedos para me obrigar a levantar a cara e encontrei os seus lábios a dois centímetros dos meus e os seus olhos de fogo a estudar-me sem piedade. Beijou-me enquanto deslizava as mãos pelas minhas costas até chegar às nádegas, que apertou e massajou ao mesmo tempo que me empurrava para as suas ancas, onde me esperava uma ereção enorme. O meu cérebro devia ter paralisado nesse mesmo momento, porque o empurrei para a parede que tinha mais perto e deslizei as minhas mãos até ao seu rabo para imitar os seus movimentos provocadores.

      Com uma rapidez espantosa, Noah virou-me e, de repente, dei por mim com as costas contra a parede e o corpo dele a deixar-me com falta de ar. Pôs a mão por baixo do meu vestido e acariciou

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