Cortejando Um Semideus Arrogante. Rebekah Lewis

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Cortejando Um Semideus Arrogante - Rebekah Lewis

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me atormentar. Ele voltaria dos mortos se fosse para me atazanar — disse ela, rindo. O som suave e tilintante fez o coração dele bater um pouquinho mais rápido, e Bryce se afastou da porta, aproximando-se dela, mas parou, desajeitado, ao lado da mesa.

      — Você gosta de plantas?

      Sorrindo, ela encontrou os olhos dele.

      — Muito. Não tenho chance de cuidar delas tanto quanto antes, mas, quando visito Summerfield, gosto de passar o maior tempo possível aqui. — Ela olhou ao redor, para as prateleiras nos dois lados da construção, cobertas por vasos e botões em plena floração. — É uma pena nada disso sobreviver na terra.

      Mas que coisa esquisita para se dizer.

      — Como assim?

      — Plantei rosas na primavera passada, na frente da casa, sob as janelas gigantes. — Ela fez uma pausa, esperando para ver se o homem tinha notado as janelas mencionadas. Bryce assentiu. — Em vez de florirem, morreram. Tínhamos um jardim riquíssimo, entretanto, há uns cinco anos, parece que nada com flores sobrevive. Mas, por alguma razão, sobrevivem aqui dentro da estufa. — Ela deu de ombros. — É muito estranho.

      Bryce veria o que poderia ser feito a respeito daquilo antes de partir pela manhã. Era verdade que tinha perdido o casamento, algo que não o aborrecia, mas ainda haveria um jantar de comemoração no finzinho daquela tarde, e continuariam presos ali pela noite. Descobriria por que as flores não cresciam e corrigiria a situação. Isso não apenas faria uma linda lady sorrir, como ele poderia libertar, ao longo do processo, um pouquinho de magia reprimida.

      — Não desista das flores, pequenina. O solo pode ser caprichoso quando não está a fim de criar vidas. Tente outra vez, talvez funcione.

      — Você acha mesmo? — Os olhos dela se iluminaram com um tanto de esperança, o que o obrigou a engolir a vontade de prometer que, sim, as flores sobreviveriam.

      — Pode-se dizer que eu pratico muita jardinagem. — O homem deu de ombros, para fingir que sua paixão pouco importava a ele. Algumas pessoas achavam estranho um conde gostar de trabalhar com terra e plantas. — É o meu passatempo.

      A Senhorita Harlow parecia ter mais a dizer, mas seja lá o que fosse desapareceu quando a porta da estufa foi aberta atrás dele.

      — Te achei, eu… — O homem parou de falar abruptamente quando percebeu que a Senhorita Harlow não estava sozinha.

      Bryce se virou para encarar o recém-chegado, esperando que fosse um dos irmãos que se pareciam com ela. Em vez disso, um homem alto, com olhos verde-mar e cabelo preto, que exibia um tom azulado, olhou-o com desprezo. O saber inato da linhagem de Bryce foi suficiente para lhe dizer que aquele homem não era humano, ou seja, deveria ser parente de Ione. Ninfas do mar eram todas mulheres, o que fazia dele… um tritão. Um dos muitos, muitos filhos do deus que levava o mesmo nome.

      Todos os quais, Bryce tinha certeza, eram idiotas.

      — Lorde Shelligton — disse a Senhorita Harlow, levantando-se. Bryce firmou a sua posição na frente dela. Apesar dos tritões não terem o costume de afogar amantes, como as sereias – parte do incômodo era deixar a mulher viver para lidar com os filhos –, caso um tritão estivesse de olho na Senhorita Harlow, não teria como isso terminar bem para ela. Esses seres não cultivavam relacionamentos duradouros, apenas queriam parceiras para procriarem.

      Raios, nem o pai deles era de manter a mesma amante por muito tempo, e a lenda dizia que Tritão tinha produzido três mil filhos e três mil filhas para povoar o reino oceânico de Poseidon. Esse número deveria ser um exagero, mas, por outro lado, também não chegava a parecer impossível para um deus com a idade de Tritão.

      Shelligton o lançou um olhar de cima abaixo, contaminado por hostilidade. Bryce deu o troco na mesma moeda. Atrás dele, a Senhorita Harlow apoiou a palma da mão em seu braço, e os músculos do homem contraíram em resposta ao toque. Bryce não tinha estado esperando nada nisso. Ninguém o tocava sem que ele os tivesse tocado primeiro. Geralmente, a atitude ousada dela o teria irritado, mas não odiou a sensação de contato com a jovem.

      — Preciso voltar antes que Jonathan venha me procurar de novo. — Ela olhou de um homem ao outro ao passar por Bryce. — Foi um prazer conhecê-lo, Lorde Winterthorne. — A Senhorita Harlow assentiu ao tritão que fingia ser duque. Isso explicava por que Bryce nunca tinha ouvido falar nele. — Vossa Graça.

      Quando ela se apressou ao sair da estufa, Bryce sentiu a ausência dela no mesmo instante. Mas, primeiro, teria que colocar o tritão na linha.

      — Sim, Vossa Graça — zombou. — Ela está fora de cogitação para você.

      Shelligton bufou, indignado.

      — Nenhuma mulher está fora de cogitação para mim,

      — Essa está.

      O tritão se aproximou, parecendo um duque até o último fio de cabelo, em seu casaco e calça cinza-escuros. O peitilho branco e limpo exibia um broche de safira preso bem no centro. Bryce o odiou instintivamente. Aquelas roupas perfeitas e aquele cabelo preto azulado… tentando beijar mulheres jovens e inocentes, sem vergonha alguma, na frente de seus irmãos… Falando nisso, provavelmente deveria estar interessado em procriar com ela. A pobre garota estaria arruinada e presa a uma criança, que seria abduzida em uma noite qualquer caso fosse do sexo masculino. Por qual razão Ione havia sequer convidado os tritões para o casamento? Estaria o Capitão Harlow ciente do perigo que aquela criatura era para a irmã? Pelo menos, Jonathan estava ciente da situação, apesar de Bryce não saber, naquele momento, se o irmão realmente compreendia a proporção da ameaça.

      — Isso me soa como uma aposta, e eu nunca recuso uma aposta. — Shelligton tamborilou os dedos na coxa. — Você acha que eu não vou conseguir conquistar a garota, mas eu acho que consigo.

      Uma irritação ainda mais intensa percorreu seu corpo.

      — Não vou apostar nada. Estou mandando você deixar a mulher em paz. Se quiser chamar isso de algo, chame de ameaça. Ou de aviso.

      O tritão estalou a língua.

      — Coitadinho do semideus, deve estar morrendo de raiva por eu a ter descoberto antes de você. Claro, se tivesse chegado na hora, poderia ter tido alguma chance. Ou não, já que você não passa de um mero conde.

      — Um conde legítimo, pelo menos. — Por que ele sequer estava dando corda para aquela discussão? Não era como se Bryce estivesse tentando ter uma chance com ninguém. — Você entendeu tudo errado. Só quero salvá-la da ruína que seria se envolver com um homem como você. Um duque falso.

      Shellington deu um peteleco em um grão de poeira que havia aterrissado em seu braço.

      — Sou tão real quanto desejo ser. De qualquer maneira, primeiro, tenho que me estabelecer em Londres antes de persegui-la de verdade, o que realmente pretendo fazer. Admito, no começo, foi apenas pelo entretenimento, mas ao notar quão na defensiva você está, quero ver o seu rosto quando ela me escolher. Mulher alguma rejeita um tritão.

      Bryce cerrou os dentes para se impedir de responder, pois sabia que isso apenas pioraria tudo.

      — Não me importo com quem ela escolher ficar no fim, mas será com um homem que realmente se importa com a reputação dela. — Pareceu estar se importando demais para que as palavras

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