Cortejando Um Semideus Arrogante. Rebekah Lewis
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Читать онлайн книгу Cortejando Um Semideus Arrogante - Rebekah Lewis страница 5
— É mesmo? — Um timbre masculino a fez congelar no lugar. — E o que uma lady tão bonita quanto você considera fantasia?
Wendelin se virou, colocando a mão sobre o coração.
— Lorde Shelligton… Desculpa, Vossa Graça, mas você me assustou. Não percebi que eu tinha falado aquilo em voz alta. — Ele a devia achar muito esquisita. A moça piscou quando o viu, pois sua linda feição nunca falhava em pegá-la desprevenida em um primeiro momento. O cabelo dele era tão preto que, sob algumas luzes, parecia azul-escuro. Mas, claro, era impossível que alguém tivesse o cabelo dessa cor. Ela vestia preto por completo, exceto pelo peitilho de um tom suave de verde-mar, que combinava com os seus olhos de cor nada comum.
Lorde Shelligton fez desfeita às palavras dela.
— Nunca se desculpe por sonhar acordada. Até mesmo as coisas mais impossíveis podem se realizar.
Mas que coisa peculiar de ser dita. Ainda assim, seria bom se lembrar de que, logo, estaria casada. Ainda nesta Temporada, se dependesse da mãe. E era melhor abandonar os sonhos ao assumir as responsabilidades de esposa. Infelizmente, isso…
— Você está mais radiante do que nunca, Senhorita Harlow. — O duque sorriu para ela, exibindo uma covinha na bochecha esquerda. — Me daria a honra de sua primeira dança?
Adrenalina a percorreu. A mãe ficaria muito satisfeita quando soubesse que a primeira dança da filha naquela noite seria com um duque. Mas… Wendelin não conseguiu impedir os olhos de passearem por todas as pessoas no salão, esperando encontrar o anfitrião esquivo. No entanto, foi uma tentativa que não deu em nada, pois o Lorde Winterthorne não estava em lugar algum.
— Claro, Vossa Graça. Seria um prazer. — Lorde Shelligton a levou para a pista quando a quadrilha começou. Honestamente, ela ficou aliviada por não ser uma valsa tão cedo na noite. Sempre virara uma poça de nervos nas valsas. E, bem… havia algo em Lorde Shelligton que a mantinha alerta. Ah, claro, ele era bonito e gentil. Mas havia algo, logo abaixo da superfície de cada toque, em cada encontro de olhares. Um arrepio que indicava algo perigoso, proibido. Quase como se os instintos dela a avisassem para não ficar sozinha com ele.
Havia experienciado a mesma coisa no casamento do irmão, mas, com tantas pessoas ao redor, não sentiu medo naquela data, assim como não sentiu hoje. Riu de si mesma quando trocou de parceiro na dança, afastando-se, por enquanto, do duque. Era apenas o nervosismo e o medo que toda jovem sentia perante a possibilidade de um escândalo, de ser arruinada por um libertino. Nada mais.
Sim, nada mais. Pare de ser tola.
Quando a dança acabou, suas bochechas doíam de tanto sorrir. Gostava muito de dançar. Era uma das poucas vezes que podia colocar a sua energia em jogo sem levar uma bronca. Se dependesse da vontade da alta sociedade, todas as ladies estariam debruçadas em cantos, bordando pela eternidade. Ora! Wendelin desejava a liberdade do interior, o vento no cabelo, a grama sob as solas descalças. Um jardim rodeando-a. Era isso o que ela queria. Por mais que amasse dançar, preferiria estar longe da cidade, se pudesse. Mas que cavalheiro lhe permitiria tal coisa, ainda mais se acabasse casada com alguém como o Duque de Shelligton?
Com certeza, ele teria que estar em Londres durante toda a Temporada com ela, sua esposa obediente.
— Senhorita Harlow? — chamou-lhe Lorde Shelligton, aproximando-se mais do que o aceitável da orelha dela.
Ela se assustou.
— Sim?
O homem piscou e inclinou a cabeça.
— Perguntei se você gostaria de uma bebida.
— Ah! — Ela riu, mas soou forçado. — Desculpa, Vossa Graça. Eu estava pensando em quanto me divirto dançando. — Não havia razão para o sobrecarregar com as demais ideias e pensamentos que ela tinha sobre o futuro. Deixe-o achar que ela era leviana.
O olhar dele baixou dos olhos aos lábios dela, mais um tantinho para baixo e, logo, para cima de novo.
— O rubor do esforço aumentou a sua beleza. Dance até não poder mais, e nunca deixe ninguém lhe roubar esta alegria. — Ele deslizou os dedos, devagarinho, sobre os antebraços enluvados dela, ocasionando arrepios na pele sob o material. — Gostaria de um copo de ponche?
Agora que ele havia mencionado, ela estava mesmo com sede.
— Seria maravilhoso. Obrigada, Vossa Graça.
Lorde Shelligton assentiu e se dirigiu para a mesa de refrescos. Wendelin o observou desaparecer na multidão e suspirou. Teria a mãe a visto dançar com o duque? Virou-se para procurar os pais e arfou. Pegou-se encarando um peitilho asseado e devidamente amarrado sobre uma camiseta branca, preso sob um colete verde-escuro e de um casaco que combinava. Ombros amplos preenchiam esse casaco, e o rosto do homem a quem os ombros pertenciam era ainda mais lindo do que a senhorita se lembrava. Olhos azuis, sob um punhado de cabelo louro, trespassavam Wendelin, e o nervosismo que antes havia parecido com peixinhos, irrompeu em borboletas na sua barriga.
O Conde de Winterthorne, por fim, havia chegado, e ele não parecia nem um pouco feliz em vê-la.
Bryce chegou ao salão na hora exata para testemunhar aquele tritão dançando com a Senhorita Wendelin Harlow. Porque o duque não fez nenhuma aparição em Londres – pelo menos, não que Bryce tenha ficado sabendo –, o conde acreditou que, talvez, o rival tivesse se esquecido da conversa do casamento ou encontrado alguma outra lady para atormentar em algum outro lugar. Mas claro que isso não era verdade. Seu nêmesis, que de vez em quando exibia barbatanas, estivera aguardando Bryce tomar uma atitude.
E isso o irritou demais.
— Lorde Winterthorne — disse a Senhorita Harlow, sem fôlego. — Quase trombei em você.
— Não tem problema. — Então, ele sorriu ao perceber que, talvez, estivesse carrancudo, caso o humor pudesse ser a indicação de algo. — Queria te agradecer por ter vindo hoje, e perguntar sobre o seu cartão de danças.
Ela corou, um rosa lindo que complementava o azul desbotado de seus olhos e vestido. Mesmo não estando apaixonada por ela, Bryce faria tudo o que estivesse ao seu alcance para impedi-la de ser arruinada por Shellington. Aquela pobre garota não fazia ideia do perigo que corria.
— Posso? — Ele apontou para o cartão pendurado no pulso dela. Wendelin assentiu, erguendo o braço para que ele pudesse ver o pequeno pedaço de papel e adicionar seu nome. — Hm. Sim, a próxima música já começou, então vamos dançar a depois desta… e a sua oitava dança da noite.
O queixo da senhorita Harlow caiu um pouquinho, então, ela disse:
— Claro, meu lorde.
— São valsas.
As bochechas dela ganharam um tom mais profundo de rosa.
— Mal posso esperar.
Provavelmente, não tanto quanto ele. Que Shellington dançasse quadrilhas com ela. As valsas seriam dele. Havia sido difícil evitar