Cortejando Um Semideus Arrogante. Rebekah Lewis

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Cortejando Um Semideus Arrogante - Rebekah Lewis

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Daqui a um ano, no começo da Temporada, nossa aposta começa.

      Bryce já estava cansado daquela tolice.

      — A Temporada começa depois do Natal. Você quis dizer, então, no começo da Curta Temporada?

      — Alguém realmente a chama assim? — O tritão nem sequer piscou. — Você topa ou não?

      — Não vou apostar nada com você. — Muito poderia acontecer em um ano. Poderia, por exemplo, garantir que a senhorita Harlow estivesse casada antes de a aposta começar. Ele tinha diversos conhecidos que seriam um bom partido, mas, quando os considerou um a um, dispensou-os de imediato com base em uma ou outra desculpa.

      — Porque você sabe que vai perder — provocou Shelligton.

      — Porque eu não quero nada de você quando eu ganhar. — Ao dizer isso, seu poder reverberou, ganhando vida dentro de si, enquanto a irritação atingia seu pico, e Bryce cerrou os punhos. Pelo cantinho do olho, botões irromperam em flores maduras nos vasos da direita.

      Shellington olhou para as flores, com uma expressão entediada no rosto.

      — Que fofo. Você tem um dom tão delicado… Ah, deixe-me te lembrar que consigo satisfazer uma mulher simplesmente cantando para ela.

      — Seria uma pena reduzi-lo a um soprano, então. — Não havia como saber se o comentário sobre a cantoria era verdadeiro ou não. As sereias eram um tipo completamente diferente de ser, apesar das lendas que, em algum momento, as misturavam com os tritões.

      O tritão riu e se virou, mas parou ao alcançar a porta.

      — Um ano. Um de nós conquistará o coração da linda Senhorita Harlow e o direito de se gabar a todos que foi melhor do que o outro.

      Bryce revirou os olhos. Talvez, se entrasse no jogo, Shelligton finalmente iria embora e lhe daria um momento de paz.

      — E o perdedor?

      — O que acha de deixarmos as coisas interessantes? — A voz dele assumiu um tom perverso. — O perdedor abre mão da imortalidade.

      Aquilo tudo era ridículo, mas quando viu a porta ser fechada com força assim que o tritão se foi, ele ser permitiu ter um momento para considerar o que havia acontecido. Muito realmente poderia acontecer em um ano, lembrou-se. Seria melhor se a Senhorita Harlow estivesse casada antes do início da próxima Temporada – para o bem de todos os envolvidos.

      Capítulo 2

       22 de outubro de 1818

      Wendelin estava parada na frente da casa londrina do Conde de Winterthorne, embasbacada com todas as flores logo dentro dos portões na rua. O conde vivia no subúrbio de Londres, não muito longe da casa do pai dela. Entretanto, nunca tinha notado aquela propriedade, pois se tivesse, teria com certeza passado horas admirando os lindos jardins. Infelizmente, ela nunca se aventurou a ir tão longe em suas caminhadas.

      A voz da mãe, vinda da carruagem logo atrás, lembrou-a do porquê estava ali, e seu nervosismo subiu-lhe a garganta como um cardume de peixinhos. De fato, havia ficado surpresa e um tantinho animada quando recebeu o convite para o baile e descobriu, com ainda mais euforia, quem seria o anfitrião. A mãe tinha ficado mais do que alegre, pois o baile dos Winterthorne era reservado apenas para o alto escalão da sociedade. Apesar do pai dela ser um visconde, ninguém de sua família jamais havia recebido um convite para aquele evento.

      Teria ela causado uma boa impressão no Lorde Winterthorne quando o conheceu ano passado? Os dois não tiveram chance de conversar depois daquele encontro secreto na estufa, e ela mal podia esperar pra contar ao homem que as rosas plantadas por ela, no verão passado, tinham sobrevivido sem quaisquer dificuldades. Na verdade, o jardineiro havia conseguido plantar diversas flores por toda a propriedade, e todas cresceram onde, antigamente, nem sequer teriam nascido. Ele estava certo quanto a não desistir. Obviamente, pelas flores ao redor da casa dele, o conde tinha talento quando se tratava de saber como e quando plantar qualquer coisa. Seria entediante da parte dela perguntar ao lorde sobre suas habilidades de jardinagem, ou ele gostaria do assunto? A moça não sabia quantos cavalheiros se importavam com plantas, então não teve certeza de quais seriam os limites envolta da questão.

      — Bem — disse a mãe, animada, enquanto o pai de Wendelin ajudava a esposa a descer da carruagem, assim como tinha feito com a filha minutos antes. — Aqui estamos, então. Certifique-se de conseguir pelo menos uma ou duas danças com o conde. Acho que não vai ser difícil, levando em consideração que ele a convidou pessoalmente. — Georgina Harlow, Viscondessa de Summerfield, estava ansiosa para acompanhar a única filha e para arrastar o visconde consigo. Estava claro que esperava que o Conde de Winterthorne fosse pedir a mão da filha naquela mesma noite, e queria que o pai estivesse presente para que a permissão pudesse ser obtida.

      Wendelin escondeu a vontade de revirar os olhos. O conde, com certeza, tinha sido gentil, nada mais. Ela era uma nova amiga que ele havia conhecido no casamento do irmão dela. Se os papéis estivessem invertidos, ela também haveria considerado enviar um convite a ele. Isso não indicava o interesse do homem. Se realmente estivesse interessado dela, não a teria visitado em algum momento ao longo do ano passado?

      Mas, de vez em quando, ela imaginava… caso não tivessem sido descobertos pelo Lorde Shelligton, ele a teria tentado beijar? Wendelin sacudiu a ideia para longe. Com certeza, a mãe estar dando uma de cupido havia começado a afetar os seus pensamentos, e não lhe faria bem algum desejar algo que apenas terminaria em decepção. A moça queria um amor apaixonante como o que seu irmão James tinha com a esposa, cujo namoro tumultuado havia sido cheio de aventura e resgates arriscados no mar – mas, talvez, sem a parte de quase se afogar e de levar um tiro. Não queria ser cortejada de maneira educada, adequada ou discreta como o irmão Michael tinha feito com a esposa. Não que a esposa dele fosse inadequada ou algo do tipo.

      Wendelin queria sua própria aventura. Ou, pelo menos… algo emocionante e inesperado. Ousado e escandaloso. A mãe ficaria horrorizada se pudesse ouvir os pensamentos da filha. Por sorte, quando entraram na casa, deixou as ideias de lado.

      O interior da casa era tão abundante em vegetação quanto o lado de fora. Flores e plantas novinhas em folha adornavam todas as alcovas. Era tudo tão lindo, que ela se pegou deslizando os dedos sobre as pétalas delicadas de um lírio no salão de baile, assimilando os arredores.

      — Wendelin — sibilou a mãe. — Por que você está perdendo tempo aí no canto? Vá encontrar o conde e assegurar uma dança.

      — Tá bem, estou indo. — A mãe deveria realmente estar querendo colocar a filha para fora de casa o quanto antes. Wendelin não se via como um grande incômodo, mas todas as debutantes se tornavam mulheres mais cedo do que tarde. Claro, esta seria a sua primeira Temporada. Seu baile de apresentação tinha ocorrido na primavera, mas ela não havia comparecido a muitos eventos recentemente.

      Nem o Lorde Winterthorne ou o Lorde Shelligton tinham comparecido.

      Ela suspeitava que, talvez, houvesse imaginado algum interesse dos dois antes do convite para o baile de Winterthorne chegar. Talvez, ele estivesse ocupado com outras coisas ou ainda sequer estivesse na cidade. Suspirando, Wendelin afastou os devaneios da mente. Não ajudaria em nada cultivar tamanha fascinação por um cavalheiro como o Lorde Winterthorne. Afinal de contas, ele era conhecido por ser frio e arrogante. O que um homem desses poderia oferecer a ela, exceto sua boa aparência e um título?

      

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