Vingança Do Coração. Barbara Cartland
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Como o noivado era mantido em segredo, Warren disse ao tio apenas, que estava pensando em um compromisso mais sério com Magnólia e que gostaria de ouvir a opinião dele a respeito.
–Magnólia é uma encantadora moça, meu caro rapaz! Só espero que ela goste do campo, pois se não gostar, não serve para você.
–Ela foi criada no interior e o seu pai cria e treina cães de raça.
–É, você me disse mesmo. Acho que conheci o pai dela… sim, conheci-o. Ótima pessoa. Então a filha dele deve, certamente, saber seguir os cães numa caçada.
–Claro que sabe!– disse Warren com entusiasmo.
Ao mesmo tempo pensava consigo mesmo, embora detestasse admiti-lo, que, quando vira Magnólia montando um cavalo, não ficara bem impressionado como pensou que ficaria.
Naquele dia havia atribuído a falta de jeito dela ao seu nervosismo.
Jamais lhe passara pela cabeça que ela estava com medo de cair e ferir seu lindo rosto.
Todavia, ele nem se preocupava se Magnólia sabia ou não cavalgar. Isso era uma falta muito pequenina em uma pessoa que parecia ser perfeita em tudo.
Como de costume, havia muitos hóspedes em Buckwood, todos amigos do Marquês. Logo depois que Warren e Magnólia chegaram, Raymond também chegou com mais três colegas de escola.
Os quatro vinham diretamente de Oxford, eram muito alegres, barulhentos e sempre dispostos a se divertirem.
Suas brincadeiras incluíam desde descer escorregando pelo corrimão da escada, sentando-se sobre bandejas de chá, até a pregar peças nas pessoas, inclusive em Magnólia.
Ela participava das brincadeiras de um modo que fez Warren admirá-la ainda mais. Ficou encantado com o espírito esportivo de Magnólia, que se divertia com os rapazes, sorria das provocações que lhe faziam, como se ela fosse um gatinho, e preferia a companhia deles à das pessoas mais velhas.
Estava muito frio e, no dia seguinte, quando o gelo sobre o lago já estava bem sólido e espesso, todos foram patinar. Surpreso, Warren constatou que Magnólia era uma excelente patinadora.
Ela era uma figura maravilhosa que se destacava das demais por seu porte elegante, seu corpo ágil e esguio. Um gorro de pele de raposa prateada emoldurava-lhe o rosto. Magnólia estava corada pela atividade intensa que o esporte exigia, e seus grandes olhos escuros, de longos cílios, brilhavam de alegria.
Os rapazes brigavam entre si, pois todos queriam patinar com Magnólia. Os que não conseguiam tê-la como par, contentavam-se em ficar patinando perto dela.
Warren apenas olhava os jovens com complacência e se orgulhava da graça e comunicabilidade da noiva. Apesar de adorar patinar sobre o gelo, não gostava de fazê-lo com aqueles garotos ruidosos que gostavam de acrobacias e tinham mais prazer nas competições do que no esporte em si. Por isso Warren deixou a companhia dos mais jovens e foi cavalgar com o tio.
O Marquês, devido à idade, preferia esportes mais suaves. Enquanto cavalgava, o velho nobre ia contando ao sobrinho a situação de suas terras e de seus bens.
Falou sobre as providências que já havia tomado para deixar tudo em ordem para Raymond poder administrar com eficiência o que por herança lhe caberia.
Entretanto, o Marquês sabia que o filho era ainda muito irresponsável e não se interessava pelos negócios do pai.
Assim, o Marquês resolveu abrir-se com o seu sobrinho e pedir sua ajuda.
–Gostaria que Raymond fosse um pouco mais ajuizado e tivesse maior interesse pelo patrimônio que herdará de mim. Por favor, converse com ele. Faça-o ver que propriedades enormes como as minhas só podem ser administradas se o dono controlar tudo que está sendo feito e todos os empregados que trabalham para ele.
–Tenho certeza de que Raymond compreende tudo isso, tio Arthur, mas ainda é jovem. Esta manhã, por exemplo, ele e seus companheiros pareciam um bando de crianças brincando uns com os outros. Com o tempo vai ficar mais ajuizado e será um ótimo administrador destas terras e de todos os seus bens. Será assim como o senhor.
–Queira Deus! Sinceramente, é o que desejo– murmurou o Marquês.
Depois, mudando de assunto, ele continuou:
–Agora quero lhe falar sobre o nosso novo capataz. Parece que o homem não está se ajeitando muito bem com o tipo de serviço…
E lá foram os dois conversando enquanto cavalgavam até que, vendo que entardecia, retornaram a Buckwood.
Já escurecia e os patinadores haviam voltado do lago. Estavam todos ao redor da mesa de bilhar. Continuavam com suas brincadeiras, piadas e a algazarra costumeiras. Warren os observava e se enternecia olhando para Magnólia.
Ela parecia muito feliz e estava linda com as faces coradas e os cabelos agora soltos, levemente desalinhados.
Queria tomá-la nos braços e beijá-la, mas quando tentou tirá-la da companhia dos jovens, ela lhe disse baixinho que talvez fosse um erro se desaparecesse do salão.
–Amo-o demais querido, mas devemos ser muito, muito cautelosos– ela disse com ternura.
Ele compreendeu e foi até a biblioteca para ler os jornais recém-chegados de Londres.
Enquanto se dirigia para a biblioteca, pensava em como Magnólia era adorável e como se adaptava bem a cada situação. Sem dúvida, ela seria uma esposa perfeita.
Somente quatro dias mais tarde, quando os dois voltavam para Londres foi que a bomba explodiu.
Depois de saber a verdade, Warren pensou melhor em tudo que havia acontecido e viu como havia sido um perfeito idiota por não perceber o que acontecia diante de seus próprios olhos.
Todas. as noites, em Buckwood, havia bailes. Para essas festas vinham rapazes e moças das fazendas vizinhas, a convite de Raymond. A mansão vivia dias alegres e movimentados.
Raymond organizara tudo com muita habilidade. Primeiro tocavam valsas, bem do agrado dos mais velhos e Warren as dançava com Magnólia.
Depois era a vez das barulhentas e vivazes quadrilhas, além de lancers e reels, estas duas danças escocesas, as quais eram dançadas em ritmo alucinado, rapazes e moças rodopiando entre gritos de alegria e risos descontraídos.
Tudo parecia próprio dos jovens e era muito divertido, o que fez Warren pensar que estava ficando velho para tanta agitação e barulho. Todavia, alguns anos antes, o próprio Príncipe Charles havia lançado a moda das brincadeiras e dos chistes nas festas, nas quais ele próprio se divertia a valer.
Agora Warren percebia que apreciava bem mais uma partida de bridge.
Foi somente quando vira Raymond conversando baixinho com Magnólia na véspera de voltarem para Londres, que estranhou aquela intimidade, mas atribuiu ao fato de os dois terem ficado tão bons amigos, e na verdade, até se alegrara com isso.
Porém, quando voltavam para Londres em um vagão particular, estando a criada de Magnólia no compartimento ao lado do deles, foi que a moça falou,