O Duque e a Filha do Reverendo. Barbara Cartland
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O Duque e a Filha do Reverendo
Barbara Cartland
Barbara Cartland Ebooks Ltd
Esta Edição © 2014
Título Original:The Duke and the Preacher’s Daughter
Direitos Reservados - Cartland Promotions 2014
Capa & Design Gráfico M-Y Books
Notas da Autora
Os nobres dos séculos passados costumavam resolver problemas de honra por meio de duelos. As armas usadas variavam, indo desde punhais, espadas, lanças, até armas de fogo.
Em muitos países essas disputas foram proibidas e seus contendores, quando escapavam à morte duelando, eram presos, se não conseguissem fugir para reinados vizinhos.
O hábito do duelo foi muito difundido na França e na Inglaterra, tornando-se uma verdadeira calamidade.
No começo do século XIX, foram registrados 172 duelos, nos quais morreram 91 pessoas. Na Inglaterra, até 1840 as leis e os costumes militares autorizavam o duelo, mas essa triste prática também acabou sendo proibida. Isso dificultou muito o perigoso hábito, obrigando nobres e militares ingleses a irem duelar, em defesa da honra, em países vizinhos.
CAPÍTULO I
1817
Os lacaios de cabeleiras empoadas e libres guarnecidas de alamares apagaram as velas no salão, deixando acesas apenas as dos lampadários dourados à mesa de jantar.
A claridade das seis velas formava um oásis de luz, cujo reflexo atingia não só a luxuosa decoração mas a própria mesa. Esta, de acordo com a moda instituída pelo Príncipe Regente, não carecia de toalha, pois era envernizada e tal qual um espelho, refletia tudo que havia sobre ela.
O mordomo colocou em cima da mesa uma garrafa de vinho do Porto e outra de conhaque, em suas respectivas salvas lavradas. Após relancear um olhar pela sala, retirou-se, acompanhado pelos lacaios.
O Duque de Kingswood recostou-se confortavelmente em sua poltrona e dirigiu-se ao cavalheiro sentado ao lado:
−Bevil, você esteve singularmente calado esta noite. Existe alguma coisa que o esteja preocupando?
O cavalheiro ao qual se dirigia hesitou um momento, antes de responder:
−Você me conhece tão bem, Nolan, que eu nunca imaginei que suspeitasse que realmente eu teria algo a contar-lhe.
O Duque aguardou, com uma expressão cética no rosto. Para qualquer um que o observasse, ele teria revelado a sua certeza de que nada que lhe fosse dito o surpreenderia. Talvez fosse até mesmo duvidoso que pudesse interessá-lo.
Era estranho que um homem, dono de uma fortuna imensa, e que na realidade podia ordenar qualquer coisa que desejasse, parecesse tão blasé e tão entediado com a vida.
Não apenas seus amigos, mas também mulheres distintas e encantadoras, que tentavam conquistá-lo e prendê-lo em suas redes, julgavam quase impossível captar a atenção do duque durante muito tempo.
Já seu companheiro era muito diferente.
O major Bevil Haverington, que na realidade tinha a mesma idade do Duque, parecia mais jovem. Isto talvez ocorresse devido à sua alegria de viver e à sua natureza simples e desinibida, que o faziam sentir-se satisfeito com tudo.
De certo modo, era estranho que os dois fossem tão amigos, mas juntos, tinham estado em Eton e Oxford, e depois haviam servido no mesmo regimento, durante os longos e extenuantes anos passados na Península Ibérica.
Essa fora uma campanha que poderia ter feito com que um homem amadurecesse mais depressa, e, talvez, como no caso do duque, daí por diante passasse a encarar a vida com certo pessimismo.
Quanto ao major Haverington, participara com satisfação de cada batalha.
Como verdadeiro soldado que era, não pretendia abandonar seu regimento, agora que estavam em paz.
Por outro lado, conquanto o Duque fosse um dos mais jovens comandantes no campo de batalha, vira-se obrigado, por ocasião da morte do pai, a desligar-se do serviço militar e a assumir o controle de todos os seus bens.
Voltara para a pátria a fim de administrar as suas propriedades e apresentar-se não só na Câmara dos Lordes, mas no condado e na corte,
O Príncipe Regente recebera-o de braços abertos, bem como muitas outras pessoas pertencentes à alta sociedade, principalmente movidas por algum motivo egoístico.
Não era costume o Duque permanecer sozinho, apenas com um amigo fazendo-lhe companhia em Kingswood. Entretanto, após receber inesperadamente uma carta de seu procurador, decidira que sua presença lá era necessária, e assim convidara Bevil Haverington para acompanhá-lo, ao sair de Londres.
O major Haverington sentira-se muito grato com o convite. Preferia ficar a sós com o amigo, quando podiam conversar sobre as batalhas enfrentadas lado a lado, e outras lembranças, que de certa forma sabiam ser incrivelmente maçantes para a maioria de seus conhecidos.
A partir do momento em que haviam chegado àquela casa magnífica, que pertencera à família Wood desde a época de Carlos II, o Duque sentira certa reserva e uma sensação de intranqüilidade no major. Isso chamara-lhe a atenção, por ser contrário aos hábitos dele.
Agora, sabia que estava prestes a ouvir a explicação. Tinha certeza de que, se lhe dissesse respeito, seria, quando não desagradável, certamente nada que lhe viesse proporcionar qualquer satisfação no decorrer da noite.
Tomou um gole de vinho do Porto, antes de dizer:
−Vamos, Bevil! Fale de uma vez! Se há uma coisa que não me agrada é adiar o pior!
−Não é tão ruim assim− respondeu o major Haverington−. Mas, ao mesmo tempo, você não ficará satisfeito.
−Não é uma novidade− replicou o Duque ironicamente.
−Trata-se de Richard.
−Devia ter adivinhado!
−Ele está fazendo um papel ridículo.
−O que certamente não é nada extraordinário.
−Desta vez, porém, é mais grave. Ele pediu Delyth Maulden em casamento, e ela aceitou!
Pelo modo como o Duque se empertigou, era evidente que ficara surpreso. Seu olhar tornou-se duro, ao exclamar:
−Sempre soube que Richard era um idiota, mas não a ponto de casar-se com Delyth Maulden!
−Ele é um partidão para que Delyth queira perdê-lo− observou o major simplesmente. Deu uma batidinha no cálice e continuou:
−Você sabe que, desde que Gosport recusou-se a desposá-la, está tentando encontrar alguém