O Duque e a Filha do Reverendo. Barbara Cartland

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O Duque e a Filha do Reverendo - Barbara Cartland A Eterna Colecao de Barbara Cartland

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a garrafa de vinho do Porto, mas mudou de idéia e pegou a de conhaque.

      −Se existe algo que me faz sentir completamente incivilizado e disposto a cometer um assassinato, é a idéia de que Delyth Maulden está fazendo Richard de tolo… e a mim também.

      −Existe uma solução muito simples.

      −Qual é?

      −Que você se case e tenha um herdeiro!

      Mal disse isso, viu um lampejo de ira nos olhos do amigo e embora conhecesse o Duque tão bem, sua expressão era assustadora.

      Verificou-se um silêncio. Logo em seguida, Nolan disse calmamente:

      −Não me casaria, nem mesmo para salvar Richard ou evitar que Kingswood se transforme num bordel célebre!

      −Mas por quê? Por que assumiu uma atitude tão ridícula no que se refere ao matrimônio?

      Enquanto falava, pensou que ridícula ainda era uma palavra muito moderada.

      O Duque não era apenas um dos homens mais ricos da Inglaterra, e as suas propriedades não se igualavam às de outros aristocratas. Ele era de fato tão sedutor e bonito que as mulheres que o perseguiam não o faziam somente por causa de sua condição social ou pela riqueza.

      A maioria amava-o por ele mesmo e ao olhar agora para o amigo, o major parecia ainda ouvir uma mulher dizer-lhe magoadamente:

      −Amei Nolan. Amei-o com todo o meu coração. Quando me aban

       donou, compreendi que jamais voltaria a ser feliz.

      Ele lhe perguntara:

      −Por que ele a deixou?

      −Gostaria de saber− respondera, com um suspiro−. Nele existe algo de obstinado e secreto, que nenhuma mulher pode atingir. É como um bloco de gelo que ninguém consegue derreter.

      A ideia parecera-lhe extraordinária, mas a mesma história fora-lhe repetida tantas vezes que começava a acreditar nela.

      Sabia, por suas próprias observações, que ao mesmo tempo que o Duque se mostrava disposto a aceitar os agrados dispensados por uma bela mulher, em troca nada dava de si mesmo.

      Era generoso de modo quase esmagador, mas aquelas que o amavam não se contentavam com brilhantes e pérolas; queriam seu coração. Este, porém, nunca tinham uma chance de possuir.

      Como se nada mais tivesse a dizer sobre o assunto, o Duque ergueu-se, sem sequer ter tocado no copo de conhaque em cima da mesa.

      O major seguiu-o. Caminharam pelos amplos corredores em cujas paredes estavam pendurados quadros lindíssimos, e dirigiram-se para a grande biblioteca, na qual o Duque costumava sentar-se quando estava só ou com alguns de seus companheiros.

      As poltronas largas e confortáveis, o ambiente calmo, formado pelos livros que eram a inveja dos eruditos, a pintura do teto, a balaustrada dourada da galeria da parte superior das paredes, representavam um deleite para os olhos.

      O major sempre achara que aquela era uma das salas mais lindas que já conhecera, e, principalmente, apropriada para servir de cenário a seu dono.

      O Duque foi sentar-se numa poltrona em frente ao consolo de pedra da lareira, levado pelos artífices da Itália para a Inglaterra no início do último século.

      Embora estivessem em maio, as noites continuavam frias e a lareira estava acesa.

      O major permaneceu de pé em frente ao amigo. Após alguns instantes, disse:

      −Sabe, Nolan, estou arrependido de ser o portador de más notícias. Talvez fosse melhor se você viesse a descobrir sozinho o que está acontecendo.

      −Pois prefiro ouvi-las de você do que de qualquer outra pessoa− replicou o Duque.

      Isso é o que esperava que me dissesse− observou o major com naturalidade.

      −Pelo menos, podemos ser francos um com o outro. Sabemos que se o Richard casar com Delyth Maulden, brevemente descobrirá que a sua vida tornou-se um inferno na terra.

      −Porque ele a ama− atalhou o major.

      −É justamente o que estou dizendo. Richard é leal e idealista.

      Fez uma pausa e seus lábios se crisparam num sorriso cético, antes de continuar.

      − O que deixei de ser há muito tempo, bem antes de ter a idade dele.

      −O que aconteceu?

      −Isto é uma coisa que não pretendo contar a você ou a qualquer outra pessoa. Para mim, basta compreender o que ele está fazendo.

      −Então, o que pode fazer para evitar isso?− perguntou o major.

      −Tem que haver algo que eu possa fazer− resmungou o Duque.

       Três horas depois, ambos continuavam a dizer mais ou menos as mesmas coisas, para qualquer um dos dois, era impossível encontrar outro assunto que lhes despertasse a atenção.

      Embora tentassem, seus pensamentos voltavam inevitavelmente para Delyth Maulden e sua última conquista.

      Na realidade, ela já tentara usar das mesmas artimanhas com o Duque e o major. O primeiro ficara imune aos seus encantos, ao convite provocante de seus olhos imensos e dos seus lábios rubros.

      O major Haverington não recebera toda a carga explosiva do fascínio de Lady Delyth Maulden pelo simples motivo de não ser importante ou bastante rico. Ela se limitara a flertá-lo numa reunião no Castelo Tring, o mesmo ao qual se referira pouco antes.

      Lembrava-se ainda do quanto estava encantadora à luz do luar, após ter insistido para que ele a levasse até o terraço.

      Ao se inclinarem sobre a balaustrada, olhara para ele e chegara ainda mais perto. Ele sentira o perfume sedutor de seus cabelos e admirara o longo decote de seu traje de noite.

      Estivera prestes a sucumbir, e agir conforme ela esperava que o fizesse, mas fora salvo pelo acesso de riso de algum bêbado, numa sala por trás deles.

      Ele a segurara firmemente e a obrigara a voltar para perto de seus amigos barulhentos. Sentira que Delyth ficara furiosa, e, depois disso ela se tornara realmente uma inimiga implacável.

      Interrompeu seus devaneios ao ouvir o relógio sobre o consolo da lareira bater uma hora, e exclamou:

      −Já é tarde, e, se vamos montar a cavalo logo nas primeiras horas da manhã, vou deitar-me!

      −Uma decisão sensata− replicou o Duque−. Gastamos muitas palavras esta noite e continuamos tão longe de resolver o problema como quando começamos.

      −Talvez eu sonhe com uma solução, mas não acho provável.

       Dirigiu-se para a porta, e ao ver que Nolan não se levantara, perguntou:

      −Vai continuar aqui?

      −Sim, mais um pouco. Quando

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