O Duque e a Filha do Reverendo. Barbara Cartland
Чтение книги онлайн.
Читать онлайн книгу O Duque e a Filha do Reverendo - Barbara Cartland страница 5
O Duque percebeu que ao dizer “um velho amigo”, o rapaz estava deixando subentendido que sir Joceline, igual a muitos outros, fora amante de Delyth Maulden.
Tinha certeza de que ele era o tipo de homem que não aceitava um não como resposta, mesmo que ela estivesse comprometida com qualquer outro.
−E o que aconteceu esta noite?− perguntou.
−Fomos nos deitar cedo, uma vez que quase todos deveriam sair a cavalo amanhã de manhã. Fui o último a subir e ainda não me despira, por estar discutindo com o meu criado de quarto a respeito da roupa que deveria usar amanhã− fez uma pausa e continuou−. Foi então que enquanto conversávamos, de repente ouvi um estampido. Por um instante pensei que me enganara, depois, julguei que o ruído viera de um quarto no primeiro andar, não muito distante do meu. Seguiu-se outro estampido. Abri a porta e saí correndo pelo corredor. Vi que a porta do quarto de Delyth estava aberta. . .
Sua voz extinguiu-se, como se achasse difícil continuar a falar.
−Conte-me o que viu− insistiu o Duque.
−Evidentemente, Richard estivera parado ao pé da cama, enquanto Lady Delyth e Gadsby estavam… juntos− disse Lorde Tring, em voz baixa−. Gadsby estava morto e havia sangue esparramado pelos lençóis.
−E Richard?− perguntou o Duque.
−Estava estendido no chão, com um ferimento a bala perto do coração!
Fez um esforço para engolir, como se a lembrança da cena o deixasse enjoado.
O Duque tornou a perguntar:
−E o que você fez?
−Primeiro, abaixei-me para examinar Richard. Percebi que, embora estivesse sangrando devido ao ferimento no peito, ainda estava vivo. Como deve saber sir, já vi muitos homens feridos para compreender que não me enganara.
−Sim, eu sei, mas continue!
Fui buscar meu criado particular para ajudar-me. Nós o pegamos e o carregamos para os seus aposentos, que não ficavam longe. Tornei a voltar para aquele quarto.
−O que estava fazendo Lady Delyth, quando você voltou?
−Ela saíra da cama e vestira alguma coisa para agasalhar-se. Estava muito pálida, porém tranqüila. Foi então que ela me disse: “Joceline está morto e a não ser que você possa pensar em algum modo de tirá-lo dessa embrulhada, Richard será enforcado”. Eu lhe respondi: “Não fale com ninguém e fique com a porta fechada’’. E, então, resolvi vir procurá-lo, sir.
Mais uma vez, Lorde Tring olhou para o Duque com a expressão de quem se sente aliviado por poder dividir sua responsabilidade com outra pessoa.
O Duque ergueu-se.
−Muito bem. Pode confiar em seu criado para cuidar de Richard em sua ausência?
−Ele esteve comigo no regimento, sir. Tem prática em ferimentos e sabe como tratá-los muito melhor do que alguns de nossos médicos.
Isso não seria difícil, pensou o duque intimamente, mas disse em voz alta:
−Mandarei selar um cavalo e voltarei com você. Levarei apenas
alguns minutos para trocar de roupa. Sirva-se de outro drink.
Atravessou o vestíbulo, ordenou a um de seus lacaios que providenciasse o cavalo, e subiu depressa mas com dignidade os degraus da escadaria imponente.
Seu criado particular esperava-o no quarto.
−Hawkins, vou ao Castelo Tring para buscar o Sr.Richard. Ele sofreu um acidente e precisará de cuidados especiais. Eu o deixarei em suas mãos.
−Mas o que aconteceu, Excelência?
−O Sr. Richard foi ferido− respondeu o duque cautelosamente.
−Num duelo, Excelência?
−Sim, Hawkins, está certo… num duelo.
O cavalo que mandara selar encontrava-se em frente à porta principal, alguns instantes antes de o Duque descer a escada.
Lorde Tring esperava-o no vestíbulo. Ainda estava pálido e um tanto abalado, mas penteara os cabelos e arranjara a gravata. Ao vê-lo, o Duque compreendeu que instintivamente ele se aprumava, como se fosse entrar em ação.
−Traremos Richard para cá em uma de suas carruagens ou na minha?− perguntou-lhe.
−A minha está inteiramente à sua disposição, sir.
−Muito bem. Mande prepará-la assim que chegarmos− respondeu o Duque.
Dirigiram-se a cavalo pela alameda de carvalhos e passaram pelo imenso portão de grades com pontas douradas, com guaritas ao lado.
Atravessaram a estrada principal, tomaram o caminho das campinas e dirigiram-se em linha reta para o Castelo Tring.
Cavalgavam tão depressa que era impossível conversar. Como ambos fossem ótimos cavaleiros, e montavam o que havia de melhor em matéria de cavalos, nada se ouvia a não ser o barulho dos cascos e assim os quilômetros entre as duas grandes mansões foram rapidamente ultrapassados.
O luar facilitava o caminho e iluminava o antigo Castelo, ao qual alguma coisa fora adicionada pelas sucessivas gerações. Sua aparência atual era muito romântica.
O Duque, porém, pensava que, no momento, ocultava alguma coisa sórdida e degradante. Um escândalo que teria de ser encoberto a todo custo.
O Duelo era admitido como modo honroso de decidir uma rixa, mas o assassinato de um homem casado era castigado com a morte.
Caso fosse humanamente possível, Nolan não tinha intenção de permitir que Richard pagasse por um crime que, ele sabia, fora inteiramente provocado por uma mulher que não fora fiel desde a primeira noite de seu noivado.
Ao chegarem à porta principal do Castelo, Lorde Tring apeou do cavalo precipitadamente, enquanto o duque agia calmamente, como se não tivesse pressa.
No vestíbulo, estavam dois lacaios, que logo se adiantaram para pegar seus chapéus e luvas.
Lorde Tring deteve-se, como se esperasse que o duque lhe dissesse como proceder.
−Não vai mandar preparar a carruagem?− lembrou-lhe ele.
−Ah, sim, é evidente!− respondeu o rapaz e deu ordens a um dos lacaios, que logo se dirigiu para as cavalariças. Em seguida, o duque subiu a escada e Lorde Tring conduziu-o por um corredor comprido que ia dar nos quartos da ala principal.
O Duque sentiu-se chocado ao ver que o aposento que fora ocupado pela mãe de Lorde Tring, até a morte, fora designado a Delyth Maulden.
Era uma das atrações do Castelo. Contavam que a Rainha Elizabeth nele dormira em uma de suas viagens pela zona rural, quando a grandeza de seu séquito e as comemorações dispendiosas