O Duque e a Filha do Reverendo. Barbara Cartland

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O Duque e a Filha do Reverendo - Barbara Cartland A Eterna Colecao de Barbara Cartland

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porta e, sem esperar resposta, entrou no quarto.

      Delyth Maulden, que vestia um négligé lindíssimo, estava sentada à penteadeira, em frente ao espelho.

      Seus longos cabelos pretos esparramavam-se sobre os ombros. O rosto, que virou para os dois ao entrarem, parecia muito tranqüilo, e, como o duque teve que admitir, enraivecido, incrivelmente bonito.

      Estendido na cama, jazia sir Joceline, morto com uma bala que atingira diretamente seu coração.

      Ignorando Lady Delyth, o duque dirigiu-se à cama e ficou olhando para o morto.

      −Mande alguém vesti-lo− disse Lorde Tring−. Deverá ser levado para o corredor. Os lençóis deverão ser trocados e destruídos. Seu criado particular pode fazer isto sem que mais ninguém da casa fique sabendo.

      O Duque virou-se na direção da porta.

      −Agora gostaria de ver Richard.

      −Sim, é claro− respondeu Lorde Tring.

      −Não tem nada para me dizer?− perguntou lady Delyth.

       O Duque permaneceu parado, respondendo em seguida:

      −A senhora deverá declarar que houve um duelo no corredor entre dois homens que beberam demasiadamente durante o jantar− fez uma pausa e continuou−. Dirá que estava completamente vestida quando isso ocorreu. Que a discussão começou enquanto os três subiam a escada, sendo motivada por alguma banalidade… como, por exemplo, qual deles a acompanharia amanhã no passeio a cavalo.

      O duque olhou-a bem e acrescentou:

      −Quero deixar bem claro que não estou inventando essa história para salvar sua reputação, mas unicamente para evitar que Richard seja preso por assassinato.

      −Ele é um idiota histérico!− exclamou Delyth desdenhosamente.

      −Concordo− replicou o Duque−, e também cego e completamente estúpido. Caso contrário, saberia o que a senhora é realmente… uma prostituta!

      Sua voz soou como uma chicotada. Virou-se e saiu acompanhado por Lorde Tring.

      Ao entrarem no quarto para o qual Richard fora levado, o Duque viu que seu sobrinho estava deitado na cama, ainda vestido. Apenas a camisa fora aberta na frente e seu peito estava envolto numa atadura feita pelo criado particular de Lorde Tring.

      Estava muito pálido, mas quando o duque pôs a mão em sua testa notou que a pele estava quente. Tomou-lhe o pulso e sentiu as pulsações, embora muito fracas.

      −Eu o levarei para casa− disse a Lorde Tring−, e quando eu for embora, e o corpo de sir Joceline estiver vestido, monte em seu cavalo e vá falar com o xerife. Ele foi amigo de seu pai e sei que fará o que puder para auxiliá-lo.

      −Farei o que disse. Muito obrigado, sir.

      −Depois que eu partir− tornou a falar o Duque−, você e aquela mulher precisam ter certeza de que contarão a mesma história sobre o que aqui ocorreu. Não importa o que disserem, pois nenhum dos con-tendores estará em situação de contradizê-los.

      Sua voz era áspera, pois compreendera que Richard estava gravemente ferido e talvez até morresse de um ferimento que ele mesmo se infligira.

      Ao mesmo tempo, e embora fosse perigoso removê-lo, o Duque sabia que era preferível entregá-lo aos cuidados de Hawkins do que aos de qualquer outra pessoa.

      Do mesmo modo que Harris Tring, Hawkins combatera ao lado de seu amo, mas o primeiro era mais jovem e Hawkins estava com ele há dez anos.

      Abandonando seu pensamento, perguntou:

      −A carruagem já chegou? Podemos levar Richard para baixo.

      Ao ver que Lorde Tring já estava saindo do quarto, acrescentou:

      −Não se esqueça de que quando o xerife chegar para ver Gadsby, este deverá estar segurando uma pistola usada em duelo e deflagrada há pouco tempo.

      −O senhor pensa em tudo, sir!− exclamou Lorde Tring, com admiração.

      −Pelo menos estou tentando− replicou o Duque,

      Ao voltar lentamente por aquelas estradas sinuosas da região, o Duque sentara-se na carruagem, de costas para os cavalos.

      Ao olhar para Richard, que jazia inconsciente no banco de trás, pensou que teria sido mais justo se ele tivesse empregado a segunda bala em Delyth Maulden, e não em si mesmo.

      Sua experiência com as mulheres revelava-lhe que, enquanto ela parecia calma e imperturbável ante o que ocorrera, na realidade sentia-se acovardada. Mas, ao mesmo tempo e com seu habitual egoísmo, só pensava nela.

      Não perdera só um admirador, mas dois. Sir Joceline era rico, porém sem nenhuma probabilidade de algum dia tornar-se duque.

      O fato de que um duelo fora travado por causa dela não surpreenderia a ninguém, e como ele mesmo já afirmara, não deixaria sua reputação mais prejudicada do que já estava.

      Além disso, era sabido que nenhuma mulher decente e bem-educada se permitiria ser causa de um duelo.

      Ainda que algumas vezes elas fossem envolvidas, os cavalheiros tomariam todo o cuidado para ocultar o verdadeiro motivo da rixa e a atribuiriam a qualquer coisa, mas nunca à dama em questão.

      Entretanto, pensou o Duque sombriamente, Lady Delyth, com seus amigos ordinários e indecorosos, certamente consideraria o que acontecera como mais uma de suas vitórias.

      Contudo uma coisa era certa, no momento: não seria provável que algum outro, com a posição social de Richard, viesse a propor-lhe casamento. Perguntou a si mesmo se, depois de tudo o que aconteceu, ela tentaria obrigá-lo a manter a palavra quanto ao noivado. Este fora um dos motivos pelo qual resolvera afastar o primo imediatamente do Castelo Tring.

      Se Delyth Maulden conseguisse sair daquele caso sórdido com o futuro garantido, ela o faria.

      Nolan pensou que, estando Richard instalado em Kingswood, seria mais fácil evitar que ela o procurasse. Ao mesmo tempo, a sua ausência daria a entender que o noivado tivera um fim inesperado.

      «Diabos a levem», pensou, ao olhar para o rosto inconsciente de seu herdeiro. «Maldita seja ela e todas as mulheres! Por baixo da mesma camada externa, são todas exatamente iguais!»

      CAPÍTULO II

      O Duque de Kingswood e o major Haverington, montados em seus cavalos, já haviam galopado mais de um quilômetro, antes de obrigá-los a seguir a trote.

      Ainda era muito cedo. O sol não dispersara a bruma que envolvia o rio e uma camada de orvalho cobria o capinzal.

      Apesar de o Duque não ter se deitado antes das cinco da manhã, parecia extraordinariamente bem-disposto.

      Após ter levado Richard para Kingswood, mandara que um de seus cavalariços fosse buscar o médico a toda pressa. Quando ele chegou, fora difícil localizar a bala e extraí-la.

      Felizmente,

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