A Bíblia Sagrada - Vol. I (Parte 2/2). Johannes Biermanski
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"Nenhuma expressão, na verdade, pode, chegar à altura do esplendor daquela exibição magnificente; ... pessoa alguma que a não testemunhou pode ter uma concepção adequada de sua glória. Dir-se-ia que tôdas as estrêlas se houvessem reunido em um ponto próximo do zênite, a dali fôssem simultâneamente arrojadas, com a velocidade do relâmpago, a tôdas as partes do horizonte; e, no entanto, não se exauriam, seguindo-se milhares cèleremente no rasto de milhares, como se houvessem sido criadas para a ocasião." - F. Reed, no Christian Advocate and journal, de 13 de dezembro de 1833. "Não era possível contemplar-se um quadro mais fiel de uma figueira lançando seus figos quando açoitada por um vento forte." - The Old Countryman, no Advertiser, vespertino de Portland, de 26 de novembro de 1833.
No Journal of Comerce, de Nova York, de 14 de novembro de 1833, apareceu um longo artigo considerando êste maravilhoso fenômeno, artigo que continha esta declaração: "Nenhum filósofo ou sábio mencionou ou registou, suponho-o eu, um acontecimento semelhante ao de ontem de manhã. Um profeta há mil e oitocentos anos predisse-o exatamente - se não nos furtarmos ao incômodo de compreender o chuveiro de estrêlas como a queda das mesmas, ... no único sentido em que é possível ser isso literalmente verdade."
Assim se mostrou o último dos sinais de Sua vinda, relativamente aos quais Yahshua declarou a Seus discípulos: "Quando virdes tôdas estas coisas, sabei que está próximo às portas." S. Mateus 24:33. Depois dêstes sinais S. João contemplou, como o grande acontecimento a seguir imediatamente, o céu retirando-se como pergaminho que se enrola, enquanto a Terra tremia, montanhas e ilhas se removiam dos lugares, e os ímpios procuravam, aterrorizados, fugir da presença do Filho do homem. (Apocalipse 6:12-17).
Muitos que testemunharam a queda das estrêlas, consideraram-na um arauto do juízo vindouro - "sinal espantoso, precursor certo, misericordioso prenúncio do grande a terrível dia." - The Old Countryman. Dêste modo a atenção do povo foi dirigida para o cumprimento da profecia, sendo muitos levados a dar atenção à advertência do segundo advento.
No ano de 1840 outro notável cumprimento de profecia despertou geral interêsse. Dois anos antes, Josias Litch, um dos principais ministros que pregavam o segundo advento, publicou uma explicação de Apocalipse 9, predizendo a queda do Império Otomano. Segundo seus cálculos esta potência deveria ser subvertida "no ano de 1840, no mês de agosto;" e poucos dias apenas antes de seu cumprimento escreveu : "Admitindo que o primeiro período, 150 anos, se cumpriu exatamente antes que Deacozes subisse ao trono com permissão dos turcos, e que os 391 anos, quinze dias, começaram no final do primeiro período, terminará no dia 11 de agôsto de 1840, quando se pode esperar seja abatido o poderio otomano em Constantinopla. E isto, creio eu, verificar-se-á ser o caso." - Josias Litch, artigo no Signs of the Times, and Expositor of Prophecy, de 1° de agôsto de 1840.
No mesmo tempo especificado, a Turquia, por intermédio de seus embaixadores, aceitou a proteção das potências aliadas da Europa, e assim se pôs sob a direção de nações cristãs. O acontecimento cumpriu exatamente a predição. (...) Quando isto se tornou conhecido, multidões se convenceram da exatidão dos princípios de interpretação profética adotados por Miller e seus companheiros, e maravilhoso impulso foi dado ao movimento do advento. Homens de saber a posição uniram-se a Miller, tanto para pregar como para publicar suas opiniões, e de 1840 a 1844 a obra estendeu-se rapidamente.
Guilherme Miller possuía grandes dotes intelectuais, disciplinados pela meditação e estudo; e a êstes acrescentava a sabedoria do Céu, pondo-se em ligação com a Fonte da sabedoria. Era um homem de verdadeiro valor, que inspirava respeito e estima onde quer que a integridade de caráter e a, excelência moral fôssem apreciadas. Unindo a verdadeira bondade de coração à humildade cristã e ao poder do domínio-próprio, era atento e afável para com todos, pronto para ouvir as opiniões de outrem e pesar seus argumentos. Sem paixão ou excitação, aferia tôdas as teorias e doutrinas pela Palavra de Deus [YAHWEH]; e seu raciocínio são e o profundo conhecimento das Escrituras habilitavam-no a refutar o êrro e desmascarar a falsidade.
Todavia, não prosseguiu êle o seu trabalho sem tenaz oposição. Como acontecera com os primeiros reformadores, as verdades que apresentava não eram recebidas favoràvelmente pelos ensinadores populares da religião. Não podendo manter sua atitude pelas Escrituras, viam-se obrigados a recorrer aos ditos e doutrinas de homens, às tradições dos pais da igreja. A Palavra de Deus [YAHWEH], porém, era o único testemunho aceito pelos pregadores da verdade do advento. "A Bíblia, e a Biblia só," era a sua senha. A falta de argumentos das Santas Escrituras, por parte dos oponentes, supriam-na êles pelo ridículo e o escárnio. Empregavam tempo, meios e talentos para difamar aqueles cuja única falta era esperar com alegria a volta de seu Senhor, e esforçar-se por viver vida santa e exortar aos demais a prepararem-se para o Seu aparecimento.
Diligentes esforços se faziam para que o espírito do povo fôsse desviado do assunto referente ao segundo advento. Procurava-se dar a impressão de que estudar as profecias que se referem à vinda do Messias e ao fim do mundo, fôsse pecado, algo de que os homens deveriam envergonhar-se. Assim, o ministério popular minava a fé na Palavra de Deus [YAHWEH]. Seu ensino tornava os homens incrédulos, e muitos tomaram a liberdade de andar conforme seus próprios desejos ímpios. Então os autores dêsse mal atribuíram-no todo aos adventistas.
Se bem que Miller conseguia ter casas repletas de ouvintes inteligentes e atentos, seu nome era raras vêzes mencionado pela imprensa religiosa, exceto para fins de acusação e ridículo. Os descuidados e ímpios, tornando-se audazes pela atitude dos ensinadores religiosos, recorriam aos epítetos infamantes, graçolas vis e blasfemas, em seu esfôrço de amontoar o ultraje sôbre êle e sua obra. O homem de cabelos grisalhos, que deixara o lar confortável para viajar a expensas próprias, de cidade em cidade, de vila em vila, labutando incessantemente a fim de levar ao mundo a solene advertência do juízo próximo, era vilmente acusado de fanático, mentiroso e patife explorador.
O ridículo, a falsidade, o insulto acumulados sôbre êle, provocaram indignados protestos, mesmo por parte da imprensa secular. "Tratar um assunto de tão imponente majestade e terríveis conseqüências," com leviandade e linguagem baixa, declaravam mesmo homens mundanos ser "não meramente brincar com os sentimentos de seus propagadores e advogados," mas "fazer zombaria do dia de juízo, escarnecer da própria Divindade, a desdenhar os terrores de Seu tribunal." - Bliss.
O instigador de todo mal procurava não sômente contrariar o efeito da mensagem do advento, mas destruir o próprio mensageiro. Miller fazia aplicação prática da verdade das Escrituras ao coração de seus ouvintes, reprovando-lhes os pecados e perturbando-lhes a satisfação própria; e suas palavras claras e incisivas despertaram inimizade. A oposição manifestada pelos membros da igreja à sua mensagem, animava as classes inferiores a irem mais longe; e conspiraram alguns dos inimigos para tirar-lhe a vida quando saísse do local da reunião. Santos anjos, porém, estavam na multidão, e um dêles, certa vez, sob a forma de homem, tomou o braço dêsse servo do Senhor e pô-lo a salvo da turba enfurecida. Sua obra ainda não estava terminada, e Satanás e seus emissários viram seus planos frustrados.
A despeito de tôda a oposição, o interesse no movimento adventista continuou a aumentar. As congregações cresceram das dezenas e centenas para milhares. Grande aumento houve nas várias igrejas, mas depois de algum tempo se manifestou o espírito de oposição a êsses conversos, e as igrejas começaram a tomar providências disciplinares contra os que tinham abraçado as opiniões de Miller. Êste