Doce rendição. Catherine George

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Doce rendição - Catherine George Sabrina

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Hoje foi um dia muito cansativo para os professores e depois tive que consolar uma miúda preocupada com a sua mãe – disse ela, sem a preocupação de dissimular um bocejo.

      – Não queria roubar-te mais tempo, de modo que vou directo ao assunto. Que prenda compro para o bebé?

      – Não tens que comprar nada. Adam não está à espera de nenhum presente.

      – Disse-me que tu és a madrinha. O que é que compraste?

      – Pedi-lhe que procurasse algo de prata antiga no antiquário do meu pai.

      Kate esperou, sabendo que Alasdair tinha outra razão para lhe telefonar.

      – Poder-nos-íamos ter encontrado depois, quando a menina se tivesse ido embora.

      – A verdade é que não me dava jeito. Aliás, disseram-me que nos vamos ver no baptizado.

      – Não te parece bem, não é?

      – Não é assunto meu.

      – Se não queres que vá…

      – Porque não? Podemos falar dos velhos tempos – disse ela então.

      – Eu esperava fazer isso esta noite. É verdade, estou de volta a Inglaterra definitivamente. Uma promoção.

      Kate encolheu os ombros, mesmo que ele não a pudesse vê-la. Que Alasdair Drummond vivesse em Inglaterra ou nos Estados Unidos era-lhe indiferente.

      – Parabéns. Descobriste alguma droga milagrosa?

      – Mais ou menos. Conto-te quando nos virmos.

      – Alasdair, deveria ter-te perguntado isto há mais tempo… De quem era o funeral a que foste esta tarde?

      – Da minha avó.

      – Ah, os meus pêsames.

      – Obrigado. Podemos ver-nos amanhã, Kate?

      – Não, desculpa. Vou para Stavely depois do almoço. Boa noite, Alasdair. Vemo-nos no Domingo…

      – Não desligues, por favor. Se esperar até Domingo, não poderei ver-te em particular. E estou mais curioso do que nunca para resolver o mistério.

      – Que mistério? – perguntou ela, apesar de saber de que é que ele estava a falar.

      – Vá, Kate… tu sabes a que mistério me refiro. Eras a estudante de física mais brilhante de Cambridge. O que aconteceu para decidires desperdiçar o teu talento dando aulas numa vila isolada?

      Capítulo 2

      Kate conteve-se a muito custo.

      – Olha, Alasdair, já falámos disto na última vez que nos vimos e a resposta continua a ser a mesma. Eu não penso que esteja a desperdiçar o meu talento. E Foychurch não é uma vila isolada. É uma comunidade com pessoas encantadoras, de modo que estou muito bem. Eu sou uma rapariga do campo, lembras-te?

      – Lembro-me muito bem. É por isso que o que dizes não responde à minha pergunta. Os teus tutores de Cambridge pensavam que tinham encontrado uma nova madame Curie – recordou-se ele.

      – Pois enganaram-se. E agora que esclarecemos isso, boa noite.

      – Kate, escuta…

      – Não quero ouvir. Boa noite.

      Kate desligou e ficou a olhar para o céu escuro pela janela, inquieta e incomodada pelos comentários de Alasdair Drummond.

      As suas irmãs mais velhas, Leonie e Jess, eram duas pessoas muito seguras de si mesmas. Como o seu irmão Adam. Mas Kate, três anos mais nova e muito menos extrovertida, tinha compensado a sua falta de confiança com uma grande ética profissional e um cérebro que lhe conseguiu lugar na Universidade de Cambridge.

      E ali conheceu Alasdair Drummond, licenciado na Universidade de Edimburgo e pós-graduado em Harvard, fazendo trabalhos de investigação no Colégio de Trinity em Cambridge.

      Para sua surpresa, depois de se terem encontrado pela primeira vez, Alasdair tornou-se o seu protector. Isso aumentou a confiança em si mesma e inclusive fez com que, em seguida, muitos dos seus colegas se interessassem por ela. Mas Kate era indiferente às suas atenções, porque se tinha apaixonado loucamente por Alasdair Drummond.

      Demasiado inteligente para se enganar a si mesma, sabia desde o princípio que ele não estava apaixonado. Alasdair, cinco anos mais velho do que ela e um homem experiente, tratava-a como uma irmã mais nova, nada mais. Kate apoiava-o durante os jogos de rugby e ele convidava-a para tomarem uma cerveja de vez em quando. Mas durante todo esse tempo, o máximo que conseguiu foi algum beijo na face.

      Loucamente apaixonada pela primeira vez, estava tão frustrada que as suas notas baixaram. Então, exactamente antes de ele se ir embora de Cambridge, Kate fechou-se no seu quarto, negando-se a sair com alguém.

      Alasdair tinha encontrado trabalho numa grande empresa farmacêutica e escreveram-se durante algum tempo. Depois foi para os Estados Unidos e as cartas tornaram-se mais escassas. Só a visitou uma vez, quando Kate estava prestes a ocupar o seu lugar em Foychurch.

      Alasdair mostrou a sua decepção por aquela eleição profissional, dizendo que era um terrível erro, que não podia desperdiçar o seu talento dando aulas a miúdos da primária… e Kate descontrolou-se.

      Disse-lhe que o que fazia com a sua vida não lhe dizia respeito e expulsou-o de casa.

      E não o tinha voltado a ver até esse dia.

      Alasdair Drummond, o brilhante licenciado em Física e Química, tinha tido uma carreira exemplar. E isso, em combinação com a sua maturidade era, seguramente, um afrodisíaco para a maioria das mulheres. Mas não o era para ela.

      O telefone acordou-a às sete da manhã e Kate atendeu, meia a dormir.

      – Desculpe se a acordo, menina Dysart – ouviu a voz de Jack Spencer. – Mil desculpas.

      – Não faz mal. Já nasceu o bebé?

      – Jonh Spencer Cartwright nasceu há um par de horas e é um bebé perfeito. A minha irmã está muito bem, mas Tim quase teve um ataque de ansiedade.

      – Obrigada por telefonar – sorriu ela. – Como está Abby?

      – No sétimo céu. Ainda não viu o irmão, mas está louca para o ver.

      – Imagino.

      – Menina Dysart, a minha sobrinha disse-me que vai passar as férias com a sua família.

      – Pois, sim…

      – Quando se vai embora?

      – Depois do almoço.

      – Posso perguntar-lhe para onde vai?

      Kate fez um gesto de surpresa.

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