Mestres da Poesia - Mário de Andrade. Mário de Andrade

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Mestres da Poesia - Mário de Andrade - Mário de Andrade Mestres da Poesia

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inteligentes, de mãos dadas,

      Entre o trepidar dos táxis vascolejantes,

      A rua Marechal Deodoro...

      Oh! minhas alucinações!

      Como um possesso num aceso em meus aplausos

      Aos heróis do meu estado amado!...

      E as esperanças de ver tudo salvo!

      Duas mil reformas, três projetos...

      Emigram os futuros noturnos...

      E verde, verde, verde!...

      Oh! minhas alucinações!

      Mas os deputados chapéus altos,

      Mudavam-se pouco a pouco em cabras!

      Crescem-lhes os cornos, descem-lhes barbinhas...

      E vi os chapéus altos do meu estado amado,

      Com os triângulos de madeira no pescoço,

      Nos verdes esperança, sob as franjas de ouro da tarde,

      Se punham a pastar

      Rente do Palácio do senhor presidente...

      Oh! minhas alucinações!

      Tietê

       Era uma vez um rio...Porém os Borbas-Gatos dos uitra-nacionais esperiamente! Havia nas manhãs cheias de Sol do entusiasmoas monções da ambição...E as gigânteas vitórias!As embarcações singravam rumo do abismal Descaminho...Arroubos... Lutas... Setas... Cantigas... Povoar!Ritmos de Brecheret!... E a santificação da morte!Foram-se os ouros... E o hoje das turmalinas!... — Nadador! Vamos partir pela via dum Mato-Grosso?— Io! Mai!... (Mais dez braçadas. Quina Migone. Hat Stores. Meia de seda.)Vado a pranzare con la Ruth.

      Paisagem n.° 1

      Minha Londres das neblinas finas...

      Pleno verão. Os dez mil milhões de rosas paulistanas.

      Há neves de perfumes no ar.

      Faz frio, muito frio...

      E a ironia das pernas das costureirinhas

      Parecidas com bailarinas...

      O vento é como uma navalha

      Nas mãos dum espanhol. Arlequinal...

      Há duas horas queimou Sol.

      Daqui a duas horas queima Sol.

      Passa um São Bobo, cantando, sob os plátanos,

      Um tralalá... A guarda-cívica! Prisão!

      Necessidade a prisão

      Para que haja civilização?

      Meu coração sente-se muito triste...

      Enquanto o cinzento das ruas arrepiadas

      Dialoga um lamento com o vento...

      Meu coração sente-se muito alegre!

      Este friozinho arrebitado

      Dá uma vontade de sorrir!

      E sigo. E vou sentindo,

      À inquieta alacridade da invernia,

      Como um gosto de lágrimas na boca...

      Ode ao burguês

      Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,

      O burguês-burguês!

      A digestão bem feita de São Paulo!

      O homem-curva! o homem-nádegas!

      O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,

      É sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

      Eu insulto as aristocracias cautelosas!

      Os barões lampeões! os condes Joões! os duques zurros!

      Que vivem dentro de muros sem pulos;

      E gemem sangues de alguns milréis fracos

      Para dizerem que as filhas da senhora falam o francês

      E tocam o Printemps com as unhas!

      Eu insulto o burguês-funesto!

      O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!

      Fora os que algarismam os amanhãs!

      Olha a vida dos nossos setembros!

      Fará Sol? Choverá? Arlequinal!

      Mas à chuva dos rosais

      O êxtase fará sempre Sol!

      Morte à gordura!

      Morte às adiposidades cerebrais!

      Morte ao burguês-mensal!

      Ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!

      Padaria Suíça! Morte viva ao Adriano!

      "— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?

      — Um colar... — Conto e quinhentos!!!

      Mas nós morremos de fome!"

      Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!

      Oh! purée de batatas morais!

      Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!

      Ódio aos temperamentos regulares

      Ódio aos relógios musculares! Morte e infâmia!

      Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!

      Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,

      Sempiternamente as mesmices convencionais!

      De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!

      Dois a doisl Primeira posição! Marcha!

      Todos para a Central do meu rancor inebriante

      Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!

      Morte ao burguês de giolhos.

      Cheirando religião e que não crê em Deus!

      Ódio

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