Mestres da Poesia - Fernando Pessoa. Fernando Pessoa

Чтение книги онлайн.

Читать онлайн книгу Mestres da Poesia - Fernando Pessoa - Fernando Pessoa страница 13

Mestres da Poesia - Fernando Pessoa - Fernando Pessoa Mestres da Poesia

Скачать книгу

style="font-size:15px;">      E deponhamos como ante um juiz

      O nosso anseio derradeiro.

      Sim, o sono, o sossego, o não ser nada

      A morte sempre ansiada

      [...]

      No sossego da fronte que repousa

      Alheia a toda a coisa.

      O apagamento, bem ou mal, de tudo.

      Como quem, roçando um arco às vezes

      (early morning)

      Como quem, roçando um arco às vezes

       Por um violino, ao acaso,

      Súbito som excessivamente belo e saudoso

       Ouve-se, e não se pode encontrar outra vez,

      Às vezes, sou certos gestos súbitos do Momento,

       Gemo irrespiradas sensações...

      E são um tédio repentino à cor e à hora das coisas

      E uma lamúria e longínqua paixão de não estar no mundo.

      Árvores longínquas que esperam por mim desde Deus...

      Paisagens mais perto da alma... Ou são grandes pálios

      Em procissões interminavelmente a mesma...

      Levando-me num triunfo de coisa nenhuma, sonolento e voluptuoso,

      E perdido fico no Tempo como um momento em que se não pensa em nada...

      Ela canta e as suas notas soltas tecem

      Ela canta e as suas notas soltas tecem

      Penumbras de sentir no (...) ar...

      Em torno as coisas todas entristecem

      Só para que ela lhes possa ser luar.

      Ó alma derramando-se invisível,

      Ó natural requinte da expressão...

      Rio de som em tua água

      Vai boiando em silêncio (...) e insensível

      E debruça-se a vê-lo o inextinguível

      Esforço de ser perfeito de imperfeição.

      Asas de borboletas de só-espírito

      Volteiam (...) em torno dos sons

      Que a tua voz em espirais

      (...)

      Loura a face que espia

      Loura a face que espia

      Cose, debruçada à janela,

      Se eu fosse outro pararia

      E falaria com ela.

      Mas seja o tempo ou o acaso

      Seja a sorte interior,

      Olho mas não faço caso

      Ou não faz caso o amor.

      Mas não me sai da memória

      A janela e ela, e eu

      Que se fosse outro era história [?]

      Mas o outro nunca nasceu...

      Semitis desilientis aquae

      No ar frio da noite calma

      Bóia à vontade a minha alma,

      Quase sem querer viver

      Sente os momentos correr,

      Como uma folha no rio,

      Sente contra si o frio

      Das horas fluidas levando

      Seu inerte corpo brando.

      Mais do que isto? Para quê?

      Tudo quanto o olhar vê

      A mão toca, o ouvido escuta,

      A consciência prescruta,

      É inútil que se escutasse,

      Que se visse ou se pensasse.

      Entre as margens com arbustos

      Luze, na noite dos sustos,

      Só o luar repousado,

      Ao correr vago e amparado

      Do rio deixado em livre

      A alma passa, a alma vive.

      Ninguém. Só eu e o segredo

      Do luar e do arvoredo

      Que das margens causa medo.

      Nada. Só a hora inútil

      Só o sacrifício fútil

      De desejar sem querer

      E sem razão esquecer.

      Prolixa memória, toda.

      Rio indo como uma roda,

      Noite como um lago mudo,

      E a incerteza de tudo.

      Recosto-me, e a hora dorme.

      Corre-me o que a noite enorme

      Atribui à minha mágoa,

      Como um ser murmuro de água.

      Ninguém; a noite e o luar.

      Nada; nem saber pensar.

      Raie o dia, ou morra eu

      Volte no oriente do céu

      O sol ou não volte mais,

      Só sempre os tédios iguais

      E as horas, calem o medo,

      Como o rio entre o arvoredo,

      De nocturna consistência,

      Com fluida, vaga insistência.

      O mal é haver consciência

Скачать книгу