Confissões de amor. Sara Craven
Чтение книги онлайн.
Читать онлайн книгу Confissões de amor - Sara Craven страница 4
A senhora Healey assimilou a informação sem fazer comentários.
– Então vamos – disse a Gerard. – Sabes que a tua avó não gosta de esperar.
Gerard e Alanna começaram a andar atrás dela.
– Não te preocupes com a tia Caroline – sussurrou o primeiro. – Desde que a minha mãe foi viver para Suffolk, leva demasiado a sério o seu papel de anfitriã da casa.
Pouco depois entraram numa grande sala de teto baixo, com uma lareira de pedra numa ponta, grande o suficiente para assar um boi.
Os móveis, principalmente sofás longos e macios e cadeirões fundos, todos com estofo num cretone já desbotado, não eram propositadamente envelhecidos de um modo elegante. Tal como os tapetes gastos pelo chão de madeira escura e as cortinas verdes de damasco que emolduravam umas amplas portas de vidro, eram simplesmente velhos.
A sala estava cheia de gente que ficou em silêncio quando eles entraram. Alanna sentiu-se incomodada. Teria preferido que conversassem, nem que fosse só para apagar do ruído dos seus saltos no chão de madeira e dissimular o facto de que todos olhavam fixamente para ela quando Gerard a levava em direção à avó.
Niamh Harrington era uma mulher baixinha e gordinha, com olhos azuis brilhantes, bochechas coradas e muito cabelo branco, cor de neve, que usava apanhado em cima da cabeça e que dava a impressão que poderia cair a qualquer momento.
Estava sentada no meio do sofá mais longo, à frente das janelas abertas. Falava animadamente com a rapariga loira que tinha ao lado, mas interrompeu-se quando Gerard se aproximou.
– Querido rapaz – ergueu a cara para que ele a beijasse. – Portanto, esta é a tua encantadora rapariga.
Examinou Alanna com atenção e esta teve, por um momento, o impulso absurdo de retroceder. A senhora Harrington sorriu.
– Isto é maravilhoso. Bem-vinda a Whitestone, querida.
Alanna não esperava que a sua anfitriã tivesse aquela pronúncia irlandesa, embora imaginasse que o nome «Niamh» deveria ter-lhe dado uma pista.
– Obrigada por ter-me convidado, senhora Harrington – disse. – Tem uma casa linda.
A mulher fez um gesto de desagrado com uma mão cheia de anéis.
– Já conheceu melhores dias – voltou-se para a rapariga que tinha ao lado. – Mexe-te um pouco, Joanne, querida, e deixa a Alanna sentar-se ao meu lado e falar-me de si mesma.
Gerard olhava em redor.
– Não vejo a minha mãe – disse.
– A pobre Meg está lá em cima a descansar. Suponho que a viagem desde Suffolk a tenha deixado esgotada – a senhora Harrington suspirou. – Deixa-a por agora. Tenho a certeza de que já estará boa à hora do jantar.
Alanna viu que Gerard apertava os lábios, mas não disse nada.
– Bom – comentou a senhora Harrington. – O meu neto disse-me que és editora.
– Edito ficção comercial para mulheres – comentou Alanna.
– Esse é um trabalho que invejo. Não há nada que eu goste mais do que um livro. Uma boa história sumarenta e não demasiado sentimental. Talvez possas recomendar-me alguns livros que gostes.
«Pode recomendar-me um livro para uma idosa que gosta de ler?»
Era quase o mesmo pedido que tinha ouvido numa livraria de Londres um ano atrás, mas dessa vez fora com uma voz profunda de homem. E o começo do pesadelo que tanto precisava esquecer. Tentou reprimir um calafrio instintivo.
– Tens frio, e não me admira, agora que se levantou a brisa da tarde – Niamh Harrington falou mais alto: – Queres entrar já, Zandor? E fecha essas portas atrás de ti. Há uma corrente de ar e não podemos permitir que a convidada do Gerard morra de frio só porque tu queres andar pelo terraço.
Alanna teve a sensação de que estava mesmo gelada. Olhou para as suas mãos, que apertava tanto no colo que tinha os nós brancos.
– Zandor – repetiu com incredulidade. Zandor?
Não, não era possível. Estava tão nervosa que tinha ouvido mal. Devia ser isso.
– Peço-te desculpa, avó. A ti e à bela amiga do meu primo. Temos de esforçar-nos para que não lhe aconteça nada de mal.
Alanna obrigou-se a levantar os olhos e olhar para a figura alta e escura, em contraluz, que estava enquadrada pelas portas de vidro.
Era o homem de cujo quarto tinha fugido há tantos meses atrás e que lhe tinha deixado recordações que a atormentavam desde então.
E pelas piores razões possíveis.
Capítulo 2
Ele fechou atrás de si as portas do terraço com muito cuidado e avançou, com as suas longas pernas numas calças pretas e a sua camisa a condizer, aberta até ao meio, oferecendo a Alanna uma visão não desejada do seu peito cor de bronze e a recordação de que, quando tinha fugido da sua cama no encontro anterior, ele não vestia roupa alguma.
– Talvez devêssemos apresentar-nos como deve ser – disse ele com calma. – Chamo-me Zandor Varga. E você?
Ela conseguiu falar, embora com uma voz rouca muito diferente da sua habitual.
– Alanna – engoliu em seco. – Alanna Beckett.
Ele assentiu, observando-a com os seus olhos de um cinzento pálido.
– É um prazer conhecê-la, menina Beckett. O meu primo Gerard teve sempre um gosto extraordinário.
Deu meia volta e Alanna sentiu-se aliviada, mas sabia que o alívio seria apenas passageiro. Aquilo não tinha acabado. O dia que tinha começado mal acabava de piorar mil vezes.
Compreendeu então que naquele dia em Chelsea não tinha imaginado coisas. Que como dono da cadeia Bazaar Vert, ele tinha ido à sucursal de King’s Road, onde ela o tinha visto por breves instantes. E Gerard provavelmente tinha acabado de acompanhá-lo lá fora onde tinha ido em seu resgate.
A senhora Harrington, certamente, não tinha detetado nada de estranho, pois a conversa tinha voltado ao tema dos livros.
– Middlemarch – disse. – Leu esse? Um livro maravilhoso, mas que tonta a jovem Dorothea para casar com esse homem tão empertigado. E tudo para depois saltar da frigideira para o fogo com aquele outro tipo – fez uma careta de desprezo. – Um inútil. Porque é que raparigas decentes se sentem atraídas por homens assim?
Alanna conseguiu sorrir.
– Não faço ideia. Mas continua a ser uma grande novela.
«E foi o que eu disse ao seu neto, que a comprou para si há mais ou menos um ano».
– Não é altura de nos prepararmos