Confissões de amor. Sara Craven
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Meg Harrington estava instalada num cadeirão, esbelta e elegante com calças brancas de seda e uma camisa larga em tons de azul, ferrugem e ouro. O seu cabelo loiro ostentava um corte moderno e caro e a sua maquilhagem era impecável.
Quando Gerard as apresentou, sorriu com amabilidade a Alanna e depois agarrou um copo de pé alto da mesa que estava ao lado do seu cadeirão e estendeu-o ao seu filho.
– Enche-mo, por favor – disse. – Não sabia que o meu filho trazia uma amiga – comentou quando ele se afastou. – Já se conhecem há muito tempo, menina Beckett?
– Há apenas umas semanas.
A mulher arqueou as sobrancelhas.
– E aceitou acompanhá-lo aqui? É incrivelmente corajosa.
Alanna encolheu os ombros.
– Sou filha única. Por isso, uma reunião familiar como esta diz-me muito – fez uma pausa, esperando que a mentira não soasse tão ridícula quanto lhe parecia a ela. – A avó do Gerard foi muito simpática.
– Não duvido – retorquiu Meg Harrington, secamente.
– E a casa é incrível – acrescentou Alanna. – Tem uma história muito interessante.
– Uma ruína – respondeu a mãe de Gerard. – Na última fase da decadência. Estava a pensar sair, mas eis que chega a minha bebida.
Mas não era Gerard quem a trazia.
– Estás a afogar as tristezas, tia Meg? – perguntou Zandor, estendendo-lhe o copo.
– A anestesiá-las – respondeu a senhora. – E perguntando-me que mais surpresas nos esperam – fez uma pausa. – Presumo que tenhas vindo sozinho?
Ele apertou os lábios.
– Claro. E mais por negócios do que por prazer.
– Nada de novo, portanto. Desejo-te sorte – a mulher ergueu o seu copo. – Saúde. Porque não trazes algo de beber à amiga de Gerard? – perguntou. A sua voz soava divertida. – Parece que a pobre rapariga precisa de uma.
– Não – apressou-se Alanna a responder. – Obrigado. Estou bem. A sério.
Voltou-se e afastou-se, só para descobrir que Zandor caminhava ao seu lado.
– Andas novamente a fugir, Alanna? – perguntou calmamente.
Ela olhou em frente, consciente de que estava com a pulsação acelerada e tinha corado.
– Estou à procura do Gerard.
– E certamente esperas outro encontro amoroso – ele parecia divertido. – No entanto, convocaram-no para a biblioteca para uma conversa privada com a avó Niamh e não quererão que os interrompam – fez uma pausa. – Porque não nos servimos um copo e o tomamos no terraço enquanto conversamos um pouco? Acho que deveríamos ter uma conversa. Não achas?
Alanna respirou fundo.
– Pelo contrário, não temos nada para conversar – disse com frieza. – E já não bebo álcool. Certamente não preciso explicar-te porquê.
– Se tem algo a ver com o nosso encontro anterior, tens sim. A não ser que queiras insinuar que acabaste na cama comigo porque estavas bêbada.
– Adivinhaste – ela apertou os punhos atrás das costas. – E esse foi o meu primeiro erro. Felizmente, não foi fatal.
– Não acredito – retorquiu ele. – Após mais alguns copos de champanhe, eu ter-me-ia considerado agradavelmente relaxado.
– Certamente que sim – replicou ela. – E eu não tenho mais nada a dizer. Portanto, deixa-me em paz, por favor.
– Como tu me deixaste a mim? Mas eu deixei-te em paz quase um ano. E queres saber uma coisa? Descobri que isso já não me interessa. Muito menos agora que voltei a ver-te, e numas circunstâncias tão interessantes.
Zandor sorriu, mas o sorriso não lhe chegou aos olhos.
– E antes que te lembres de outra réplica desagradável, lembra-te que esta sala está cheia de gente que acha que nos conhecemos hoje e talvez se pergunte porque nos estamos a dar tão mal tão depressa.
– Por outro lado – disse ela, – pelo que ouvi, parece que tu tens o hábito de chatear as pessoas.
– Pois continua a ouvir mais coisas. Pode ser que algumas te surpreendam. Mas compreende que mais dia menos dia teremos essa conversa – disse ele.
Afastou-se e ela voltou-se para a porta, impulsionada pela necessidade de estar sozinha para pensar.
Mas Joanne encontrou-a.
– O Zandor fez-se a ti? – perguntou, nervosa. – Meu Deus! É o cúmulo. Deve ter mulheres a caírem-lhe aos pés por todo mundo. Portanto, não precisa de andar por aí a chatear – acrescentou com paixão. – Sinceramente, Alanna, não acredites em nada do que ele diga.
– Não te preocupes, não o farei.
– Além disso, – acrescentou Joanne, mais alegremente, – és a rapariga de Gerard, não és?
«Mentira», pensou Alanna. «A verdade é que neste momento não sei quem sou nem o que faço aqui».
Ergueu o queixo.
– Claro que sim – retorquiu.
– E os meus pais morrem de vontade de conhecer-te – Joanne levou-a até ao outro lado da sala. – Mas não te preocupes. A tia Caroline e a minha mãe não são nada parecidas. Ninguém diria que são irmãs.
A senhora Dennison era uma mulher alta e forte, cujo cumprimento foi tão caloroso quanto o seu sorriso.
– Lançaram-te às feras – disse, bem-humorada. Fez-lhe um sinal para que se sentasse ao seu lado. – Receio que não nos encontres no nosso melhor momento, mas não culpes o Gerard. Ele não podia saber o que ia acontecer – voltou-se para o seu esposo. – E agora parece que a minha mãe convidou o Tom Bradham para amanhã à noite. Mais problemas.
Maurice Dennison encolheu os ombros.
– Ela ressuscita com isso, querida. Relaxa-te e deixa que seja a Caroline a preocupar-se com o pormenor de onde sentará as pessoas – olhou para o seu relógio. – É quase hora de jantar. Vou buscar Kate e Mark à zona infantil e trazê-los cá para baixo.
– A minha mãe – disse Diana Dennison quando o seu marido se afastou – deve ser a única bisavó do mundo que continua a pensar que às crianças o melhor é vê-las pouco e nunca as ouvir. Portanto, elas só descem uma vez por dia, à hora do chá. E os seus pais, por seu lado, escolhem passar grande parte do tempo lá em cima com eles.
Suspirou.