Para além da verdade. Robyn Donald
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Via-se pela sua cara, pensou Rowan. Traços arrogantes, nariz empinado, queixo quadrado, olhos cor de esmeralda, boca grande… tudo proclamava uma mistura de visionário e duro homem de negócios..
– Não sabia que na Nova Zelândia havia multimilionários.
– Pois surpreender-te-ias – Bobo sorriu. – Wolfe Talamantes é um homem duro… muito só, basta olhar para ele, nãe é? Não é casado, mas já teve muitas amantes.
– E tu estás a atirar-me para a boca do lobo? – perguntou Rowan, sentindo náuseas a percorrer-lhe o estômago.
– Sei que não é o tipo de homem que te fará sentir segura, mas, por que não provar? Ainda que devas ter presente, desde o princípio, que será apenas uma aventura.
– Não gosto de homens promíscuos – afirmou ela. – E vou apenas jantar com ele, não penso ter nenhuma aventura.
Tony não escondia que tinha ido para a cama com muitas mulheres. Parecia acreditar que esse facto o tornaria mais atractivo aos seus olhos.
Bobo encolheu os ombros.
– Ninguém de bom senso é promíscuo nos dias que correm. Pelos vistos é um monógamo «em série».
– Como?
– Significa que se cansa muito depressa das namoradas e rapidamente procura outra. Não tens de ir para a cama com ele, mas meia dúzia de jantares com Wolfe Talamantes seria uma publicidade estupenda. Já foi notícia o facto de coleccionar dinheiro e mulheres bonitas, mas seria estupendo se decidisse coleccionar as tuas obras.
– Esse tipo de publicidade não me interessa – respondeu Rowan irritada consigo própria.
Não gostava de se sentir atraída por um multimilionário que arranjava uma namorada nova todos os meses.
– Qualquer publicidade é boa publicidade… e não te atrevas a dizer-lhe que não agora.
– Ainda não lhe disse que sim.
– Não vai acontecer nada. É um homem muito sexy, mas não se contam histórias esquisitas sobre ele e não faltaria quem as contasse se ele tivesses hábitos preversos. É um homem com sangue nas veias, mas, segundo toda a gente, também é um cavalheiro. A proveita o jantar com ele, nada mais – aconselhou Bobo, olhando para o relógio. – Vamos, temos de sair daqui.
O rico e atractivo Wolfe Talamantes estava a falar com uma ruiva vestida de couro. Mas quando viu Rowan despediu-se dela, deixando-a praticamente a falar sozinha.
– Diverte-te no jantar – desejou-lhe Bobo.
– Igualmente para ti.
– Obrigado – murmurou ele, com ar de gozo.
Rowan ficou nervosa, tanto que teve de ordenar às suas pernas que se movimentassem por entre as pessoas. Tremia debaixo do escrutínio de muitos olhares, mas um desejo subversivo rompeu as suas defesas como lava ardente… bonita, perigosa e destrutiva.
Não eram só as suas feições que chamavam a atenção, nem a elegância do seu andar, nem o impacto da sua altura ou os ombros largos.
Às pessoas que o olhavam respondia instintivamente com um ar de superioridade, que era como uma capa invisível que Wolfe Talamantes vestia.
«E aos seus olhos», pensou, vendo que uma rapariga ficara corada ao olhá-lo. Uns olhos verdes enigmáticos, com aqueles reflexos dourados que pareciam aprisionar tudo. Os olhos daquele homem tinham o condão de fazer com que se perdessem neles… uns olhos que podiam incendiar-se e queimar a vontade.
– Pensei que talvez pudéssemos ir ao Olivier – sugeriu ele quando se aproximaram da porta.
– Ao Olivier?
– É um restaurante novo.
– Não conheço muitos restaurantes em Auckland. Vivo no campo – explicou ela.
– Onde? – perguntou Wolfe, abrindo a porta de vidro e olhando para os dois lados da rua.
Rowan interrogou-se porque teria ele tido aquela preocupação, como se estivesse a vigiar. Mas era normal se se tivesse em conta que na Nova Zelândia a vida podia ser perigosa para alguém tão rico como ele.
– Vivo no norte – respondeu ela sem dar mais explicações.
Um homem com aspecto de pugilista saiu de um Mercedes estacionado em frente da galeria e abriu a porta.
Rowan deixou-se cair no banco de pele, infinitamente mais cómodo que os bancos do descapotável de Tony.
Mas tinha de se lembrar daquilo que o dinheiro tinha feito a Tony.
«Ele era um fraco e Wolfe Talamantes não o é», respondeu-lhe uma vozinha lá do fundo da sua consciência.
E, portanto, era muito mais perigoso. Incomodada, observou o duro perfil de Wolfe, mas teve de afastar o olhar imediatamente.
– Uma mulher misteriosa – disse ele por fim.
Rowan imaginou que, provavelmente, estava tão seguro de si mesmo que já estaria a imaginar ter a sua morada e telefone depois do primeiro prato.
E decidiu que não lho diria, por muito que o seu corpo respondesse à sensualidade daquele homem.
O Oliver ficava no primeiro andar de uma torre de luxuosos apartamentos.
– É um restaurante muito discreto – explicou Wolfe quando entraram no enorme vestíbulo, uma espécie de templo com sofás desenhados especificamente para aquele local e chão de mármore. – Suponho que te chocará depois da discrição japonesa, mas a comida é muito boa.
O chefe de mesa, que parecia estar à espera deles, conduziu-os a uma mesa afastada das demais. Ao fundo ficava a pista de dança onde uma orquestra de jazz tocava um ritmo suave e sensual.
Wolfe pediu uma garrafa de champanhe francês, daquelas que Rowan somente vira em filmes.
– Que quer tomar?
Ela ficou paralisada ao sentir o impacto do seu olhar. Sabia-o, sabia o que sentia porque ele sentia a mesma coisa. A intuição advertiu-o que gostava tanto como ela… e que, como ela, era incapaz de o controlar.
O seu apetite desapareceu para dar lugar a outro apetite mais exigente e escolheu o primeiro prato que vinha no menu.
– Cogumelos. Depois, peixe… salmão grelhado, por favor.
Wolfe pediu salada e escalope de vitela. Um carnívero convicto, concluiu Rowan, tentando incluí-lo nessa categoria para enfraquecer o fascínio que exercia sobre ela.
Mas não funcionou.
O primitivo atractivo de Wolfe Talamantes era um desafio à sua condição