Resgatada pelo xeque. Кейт Хьюит
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Olhou para ela de cima a baixo e assentiu, dando a sua aprovação.
– Venha comigo, por favor.
Enquanto o seguia, com os sapatos a ecoar no chão de mármore, disse, num tom levemente mordaz:
– É evidente que a Mada e a Abra estão ao corrente do plano e que ambas se parecem mais com a rainha Elena do que eu. Pelo menos, ambas têm o cabelo da mesma cor do que ela. Porque não pediram a uma delas?
– Nenhuma das duas possui a segurança em si própria nem a capacidade suficientes para levar a substituição a cabo. Nem sequer se sentiriam confortáveis a vestir roupa ocidental.
– Mas o Aziz e o senhor confiam nelas?
– Claro. Muito poucas pessoas estão a par deste engano, menina Ellis. A menina, o xeque Aziz, a Mada, a Abra e eu.
– E a tripulação do avião real, para além do empregado que me escoltou até aqui.
– É verdade – confirmou Malik, com uma inclinação leve da cabeça. – Mas trata-se de um grupo reduzido cujos membros são leais ao xeque.
– O Aziz não está em Kadar há tempo suficiente para ganhar a lealdade do povo.
– É o que ele parece achar. Mas há mais gente que lhe é leal do que pensa.
Antes de Olivia conseguir responder, Malik abriu a porta de uma sala decorada que tinha uma varanda ampla. Do outro lado da divisão, Olivia avistou o pátio cheio de gente. Algumas pessoas esticavam o pescoço para tentar ver o novo xeque e a futura esposa.
Olivia sentiu um nó no estômago e levou a mão à boca.
– Por favor, não vomites – pediu Aziz, num tom seco, ao entrar na sala. – Ias estragar a roupa bonita que usas. – Parou à frente dela e estudou-a de cima a baixo com os seus olhos cinzentos, em que ela viu um brilho de aprovação masculina que lhe contraiu o estômago. Nunca olhara para ela assim. – O cabelo escuro favorece-te. Os saltos também. Muito. Quase lamento que essa cor seja temporária. – Aziz sorriu.
Ela ergueu o queixo e reprimiu os sentimentos que Aziz despertava tão facilmente no seu interior. Porque reagia assim quando não o fazia antes?
– Desde que pareça a rainha Elena…
– Creio que o farás muito bem. Sei que te peço muito, Olivia, mas estou profundamente agradecido pela tua ajuda.
– Só quero voltar para Paris.
– E vais fazê-lo. Mas, primeiro, a varanda. – Indicou as portas. Apesar de estarem fechadas, Olivia ouvia o clamor da multidão. Engoliu em seco.
– Já deste a conferência de imprensa?
– Há uns segundos.
– Perguntaram-te porque a rainha Elena não estava nela?
– Alguns jornalistas fizeram-no e disse-lhes que estavas cansada da viagem e a preparar-te para conhecer o teu novo povo. De todos os modos, neste país, não é habitual que uma mulher apareça à frente dos meios de comunicação social e faça declarações.
– Mas a Elena fê-lo muitas vezes. É a soberana do seu país.
– É verdade, mas, em Kadar, vai limitar-se a ser a esposa do xeque. Essa é a diferença.
Olivia percebeu um pouco de amargura na voz de Aziz e questionou-se a que se devia.
– Porque é que a rainha Elena acedeu a casar-se contigo se vai ter menos direitos aqui? Suponho que não tenha sido por amor.
– Claro que não. – Aziz esboçou um sorriso. – A aliança era boa para ambos por diferentes motivos.
– Falas no passado. Já não é boa?
– Será quando a encontrar. Mas, por enquanto… – Apontou para a varanda. – O nosso povo, que nos adora, espera por nós.
Olivia sentiu-se nervosa, mas assentiu.
– Muito bem.
– É importante que saibas – disse Aziz, em voz baixa, enquanto se dirigiam para a varanda – que, embora o meu casamento com a Elena fosse por conveniência, as pessoas pensam que é por amor. Querem que seja.
– Embora tenham ficado noivos há apenas algumas semanas?
– As pessoas acreditam no que querem acreditar – comentou Aziz, encolhendo os ombros.
– E o que é que isso tem a ver com o meu aparecimento?
Aziz sorriu, brincalhão, e acariciou-lhe a face. Para Olivia, foi como receber uma descarga elétrica. Recuou instintivamente.
– Devemos comportar-nos como se estivéssemos loucamente apaixonados. No entanto, tenta reprimir-te nas tuas demonstrações de afeto. Ao fim e ao cabo, este é um país conservador.
Ela abriu a boca, indignada, apesar de saber que Aziz brincava. Riu-se, deu-lhe o braço e saíram para a varanda.
A multidão aclamou-os assim que os viu. O ar quente atingiu o rosto de Olivia. Pestanejou, atónita com o clamor de aprovação que subia do pátio e que parecia não ter fim.
Aziz passou-lhe o braço pela cintura enquanto cumprimentava com a outra mão.
– Cumprimenta – murmurou. Olivia, obediente, levantou a mão. – Sorri. – Ela fê-lo.
– Tinhas-me dito – sussurrou ela –, que o povo de Kadar não te era leal.
– É um povo romântico, para além de tradicional. Gosta da ideia do meu casamento, a de um casamento de contos de fadas, mais do que eu gosto.
Ao fim de dois minutos intermináveis, Aziz baixou a mão e Olivia achou que tinham acabado. Mas ele continuou a agarrá-la pela cintura enquanto lhe punha a outra mão no queixo.
– O que estás a fazer? – sussurrou ela.
– A multidão quer que nos beijemos.
– O que se passou com as demonstrações de afeto? – perguntou ela, cerrando os dentes. – Não era um país conservador?
– Siyad é um pouco mais moderna. E não te preocupes, porque será um beijo casto, sem língua. – Ela abriu a boca por causa do susto e ele aproveitou para a beijar.
Olivia ficou paralisada com o contacto dos seus lábios. Há tanto tempo que não a beijavam que se esquecera de como se sentia. Os lábios de Aziz eram suaves e frescos e segurava-lhe o rosto com firmeza e ternura. Ela fechou os olhos instintivamente enquanto tentava reprimir a onda de desejo que a invadira de forma inesperada.
– Já está. – Aziz afastou-se dela a sorrir. – Conseguiste conter-te.
– Foi fácil – respondeu ela. E ele desatou a rir-se.