Paixão e engano. Miranda Lee

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Paixão e engano - Miranda Lee Sabrina

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      Era a primeira vez que Scott sentia esses ciúmes sombrios e essa fúria que o tinham levado a deixar a secretária, Cleo, na Costa de Ouro para concluir a negociação em seu nome. Como desculpa, dissera que Sarah estava indisposta e apanhara um avião para ir para casa e enfrentar a esposa adúltera.

      Mas não a enfrentara imediatamente. Porquê? Por sentimento de culpa? Por vergonha?

      A sua intenção fora falar com Sarah imediatamente. Ainda albergara a esperança de que houvesse uma explicação lógica a respeito de semelhante pesadelo. Contudo, ao entrar em sua casa, Sarah precipitara-se para os seus braços, contente por ter voltado tão cedo. Beijara-o apaixonadamente, com mais ardor do que de costume. Embora a sua vida sexual tivesse sido mais do que satisfatória até àquele momento, Sarah não era agressiva no que se referia ao sexo. Esperava sempre que ele desse o primeiro passo, que tivesse o controlo. No entanto, naquela noite, não fora assim. Naquela noite, Sarah mostrara-se atrevida, acariciara-o intimamente e beijara-lhe o sexo.

      «Culpada», decidiu, ao pensar atentamente nisso.

      Contra toda a razão, quando Sarah adormecera depois de uma maratona sexual cansativa, fora ele que se sentira culpado. Uma loucura. De que podia sentir-se culpado? Sarah era a culpada. Sarah era a adúltera, não ele.

      Sarah mentira-lhe descaradamente ao contar-lhe o que fizera naquele dia: Fora comprar-lhe um presente maravilhoso de aniversário à tarde. No entanto, ele sabia perfeitamente o que Sarah estivera a fazer na sexta-feira à tarde.

      Levantara-se da cama, fora para o escritório, começara a beber e, no fim, adormecera no sofá, completamente ébrio.

      Fora lá que Sarah o encontrara na manhã seguinte. E fora lá que tinham tido o confronto terrível…

      Fora horrível. Ainda se surpreendia com as acusações que Sarah lhe fizera. No fim, Sarah fora-se embora. E não voltara.

      No domingo à noite, Scott vira-se obrigado a aceitar que talvez Sarah não regressasse.

      O que devia tê-lo agradado, mas era exatamente o contrário. Apesar de ser um homem que não tolerava ter uma esposa em quem não podia confiar, havia a possibilidade de não ser o que parecia e de ter cometido um erro grave.

      Afastou os pensamentos ao ouvir alguém a bater à porta.

      – Sim? – perguntou Scott, afastando-se da janela.

      Cleo entrou discretamente e lançou-lhe um olhar extremamente significativo. A sua expressão mostrava preocupação. Contara a Cleo o que acontecera. Cleo era a sua secretária e não lhe escapava nada. Depois de três anos a trabalhar juntos, Cleo também era sua amiga e mostrara-se ainda mais surpreendida do que ele. Na verdade, Cleo declarara que não acreditava que Sarah tivesse sido infiel:

      – Não é possível que a Sarah te tenha enganado, Scott. Essa rapariga adora-te!

      Sim, fora o que ele pensara, mas, evidentemente, enganara-se. Teria mostrado a Cleo as fotografias que incriminavam Sarah, mas já não as tinha. Entregara o telemóvel em questão ao chefe de segurança da sua empresa no sábado à tarde para que investigasse o assunto.

      Mostrar as fotografias da sua esposa com outro homem a Harvey fora humilhante. No entanto, não tivera outro remédio senão descobrir a autenticidade das fotografias e a identidade de quem as enviara. Além disso, queria saber o possível a respeito do homem que aparecia ao lado da esposa.

      O homem que aparecia nas fotografias era bonito, embora não tão forte como ele, mas bastante magro. Elegante e muito bem vestido.

      – O Harvey acabou de ligar para dizer que já sobe – informou Cleo, afastando-o dos seus pensamentos sombrios. – Queres que vos faça um café?

      – Por enquanto, não. Obrigado, Cleo. Ah e também quero agradecer-te por me substituíres na sexta-feira. Não sei o que faria sem ti.

      Cleo encolheu os ombros.

      – Receio que não tenha servido de muito. O investidor deixou muito claro que não queria fazer acordos com uma mulher, sobretudo, com uma com menos de trinta anos. No entanto, se a minha opinião te servir de alguma coisa, acho que não devias aceitar o seu dinheiro. Não gosto nada desse tipo, tem um olhar muito esquivo.

      Scott sorriu ironicamente. Cleo tinha o costume de julgar as pessoas pelo seu olhar. E não costumava enganar-se. Várias vezes, os conselhos de Cleo tinham-lhe evitado erros custosos. Cleo gostava muito de Sarah, considerava-a uma rapariga encantadora. Supunha que não pudesse acertar-se sempre.

      – Nesse caso, vou apagá-lo da lista de possíveis sócios – declarou Scott.

      – Sim, será o melhor. No entanto, tens de encontrar outro e com a maior rapidez possível, Scott. Caso contrário, vais ter de fechar a refinaria de níquel e talvez a mina também. Não podem continuar a funcionar com perdas durante muito mais tempo.

      – Sim, eu sei – respondeu ele. – Porque não começas a investigar possíveis investidores? Talvez alguém da Austrália… Ah, aqui está o Harvey. Olá, Harvey, entra.

      Cleo deixou-os e Harvey entrou no escritório com uma expressão impenetrável. Harvey tinha cinquenta e muitos anos, era um homem alto e corpulento e completamente careca. Tinha um rosto atraente, lábios firmes e olhos azuis frios. Fora polícia durante vinte anos e investigador privado durante outros dez anos, antes de entrar na sua empresa para ocupar o lugar de supervisor do departamento de segurança. O seu físico impressionante tornava-o uma escolta excelente, tarefa que desempenhara várias vezes para o proteger. Ser um magnata da indústria mineira tinha os seus perigos, sobretudo, quando tinha de fechar alguma mina, mesmo que fosse apenas temporariamente.

      Harvey, que usava umas calças de ganga e um casaco de couro preto, também era um perito em informática, algo de valor incalculável nos tempos que corriam.

      Scott fechou a porta do escritório e indicou a Harvey que se sentasse numa das duas poltronas situadas à frente da sua secretária.

      – O que descobriste? – perguntou Scott, sem preâmbulos.

      Os olhos de Harvey quase mostraram compaixão e Scott teve de conter uma náusea.

      – A julgar pela tua expressão, receio que não sejam boas notícias.

      – Não.

      – Vá lá, conta-me.

      Harvey inclinou-se para a frente e deixou o telemóvel de Scott em cima da secretária, antes de voltar a recostar-se.

      – Mas vamos por partes – disse Harvey. – O telemóvel que foi usado para te enviar essas fotografias não pôde ser rastreado.

      – Já o suspeitava – disse Scott. – As fotografias são verdadeiras?

      – Sim. Não foram manipuladas.

      – E a data e a hora em que foram tiradas?

      – Também verdadeiras. Confirmei-o ao examinar a filmagem da câmara de segurança do hotel. O estabelecimento tem câmaras por todo o lado.

      – Que hotel é esse?

      – O Regency.

      Scott

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