Paixão e engano. Miranda Lee

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Paixão e engano - Miranda Lee Sabrina

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com uma rapariga que não conhecia bem, uma rapariga fora do comum.

      Porque, quando conhecera Sarah, ela era virgem.

      Capítulo 2

      – Tens a certeza de que não queres que te leve, querida? – perguntou Cory. – Vais precisar que alguém te ajude a levar as coisas. Posso tirar o resto do dia, isso não é um problema. Temos um horário flexível.

      – Obrigada, Cory, mas prefiro fazê-lo sozinha.

      – De certeza que o Brutus não estará lá?

      Sarah pestanejou ao ouvir a alcunha que Cory dera a Scott, embora não porque não fosse apropriada. O que Scott fizera na sexta-feira à noite em nome da paixão fora uma brutalidade. Sentiu um nó no estômago ao recordar que ela não só o permitira, como também desfrutara. Sim, isso era o pior. Adorara que Scott a devorasse e encorajara-a com súplicas e rogos.

      Na manhã seguinte, ao descobrir que o comportamento de Scott se devia aos ciúmes e à ansiedade de vingança, a sua surpresa transformara-se rapidamente em fúria.

      – Não é possível que acredites que o Scott não foi trabalhar – disse Sarah, com amargura. – Acredita em mim, nem uma bomba atómica o manteria afastado do seu escritório adorado numa segunda-feira de manhã.

      – A julgar pelo que me contaste, no sábado, foi como se tivesse rebentado uma bomba atómica.

      Sarah não costumava zangar-se. Mas quando se zangava…

      – Não consegues imaginar como estava furiosa!

      – Não tenho de imaginar, querida, vi-o quando apareceste em minha casa. Bom, estavas furiosa até começares a chorar. Todo o fim de semana a chorar. Achei que ia precisar de um colete salva-vidas.

      – Por favor, Cory, não tentes fazer-me rir. Esse homem partiu-me o coração. O que fez foi imperdoável.

      – Porquê? Porque se comportou como muitos homens se comportariam na sua situação? Quando descobri que o Felix estava a enganar-me, apetecia-me mais estar com ele do que nunca.

      – Mas não estavas apaixonado pelo Felix e eu não enganei o Scott!

      – Mas parecia…

      – Eu sei. Eu sei – concedeu Sarah, com um gemido.

      – Acho que devias ligar ao Scott e explicar porque estavas nesse hotel com o teu amigo advogado. Ao fim e ao cabo, tu própria me disseste que essas fotografias eram bastante incriminatórias.

      – E depois? O Scott pede-me desculpas e não aconteceu nada? Não, nem pensar, Cory.

      – Ah, desculpa, já me esquecia de que és escorpião. Os escorpiões não perdoam nem esquecem. Na verdade, paraste para pensar em quem enviou essas fotografias ao Scott?

      Sarah suspirou.

      – Passei toda a manhã a pensar nisso.

      – Achas que pode ter sido alguém do teu emprego?

      – Não sei, não consigo pensar em ninguém.

      – Evidentemente, tem de ser alguém que te odeia. Ou talvez seja mais provável que se trate de alguém que odeia o Scott.

      – Talvez seja a mesma pessoa que contou ao Phil esses rumores sobre o Scott e a Cleo – disse Sarah.

      – Sim, deve ser isso – respondeu Cory, animado. – Desde o começo, disse-te que era uma armadilha. Caso contrário, como é que essa pessoa, homem ou mulher, podia estar presente no momento e no lugar adequado para tirar as fotografias? Demasiada coincidência. Acho que foi alguém com quem trabalhas, Sarah, alguém que vos viu a sair juntos para almoçar e vos seguiu.

      – Mas… Quem?

      – Não sei. A única coisa que sei é que, se permitires que isto arruíne o teu casamento, permitiste que essa pessoa que conseguisse o que queria.

      – Foi o Scott que destruiu o nosso casamento – declarou Sarah. – A questão é que o Scott não me ama e não confia em mim. Recusou-se a ouvir-me. Para ele, fui apenas um enfeite e uma mulher com quem podia ir para a cama das poucas vezes que estava em casa. Coisa que mal aconteceu durante os últimos seis meses. E eu que achava que tinha vindo na sexta-feira para celebrar o aniversário do nosso casamento comigo! Que iludida!

      – Estou a ver que continuas zangada com ele.

      – Claro. Enfim, tenho de ir. O pessoal da limpeza já deve ter-se ido embora e quero fazer tudo e ir-me embora antes de o Brutus voltar para casa.

      – Agora, também lhe chamas Brutus – comentou Cory, ironicamente.

      – Sim, acho que a alcunha lhe fica bem.

      – Suponho que saibas que o ódio é a outra face do amor, não é?

      – Sim, claro que sei. Bom, Cory, vou indo. Até esta noite.

      – Levo comida chinesa para o jantar – replicou Cory. – E uma garrafa de um bom vinho.

      – Estupendo. Obrigada.

      Os olhos encheram-se de lágrimas. Cory era um grande amigo. E muito terno. Não sabia o que teria sido dela no fim de semana se não fosse por Cory.

      Sarah não tinha muitos amigos. Ao entrar na universidade, perdera o contacto com as amigas da escola. O mesmo acontecera quando a pobre mãe morrera no fim do seu primeiro ano na universidade. Incapaz de estudar, tirara um ano sabático para viajar por todo o mundo. Ao regressar a Sidney dois anos depois, também perdera o contacto com os antigos colegas de curso. Uma depressão durante o seu primeiro ano sabático impedira-a de manter o contacto com os amigos. Mal recordava a sua viagem pela Europa. Era tudo impreciso.

      Começara a sentir-se melhor ao chegar à Ásia, talvez pela simpatia e amabilidade do povo. As crianças de lá eram adoráveis. Viajar pela Índia, pela Tailândia e pelo Vietname fora a cura para a sua depressão e também diminuíra a sua hostilidade para com os homens.

      Ao voltar a Sidney, reatara os seus estudos e até se atrevera a pensar na possibilidade de dar uma oportunidade ao sexo oposto, embora ainda sem intenção de ir para a cama com um homem sem mais nem menos. Por sorte, durante o primeiro semestre na faculdade ao regressar a Sidney, conhecera Cory.

      Sarah sorriu ao recordar que, ao princípio, pensara na possibilidade de Cory ser o homem da sua vida. Cory não só era divertido, como também era extremamente bonito: Loiro, olhos azuis e musculado. E embora não a tivesse enlouquecido sensualmente, nesses tempos, não sabia o que era estar louca por um homem e parecera-lhe atraente. Depois de saírem juntos e de irem a festas durante algum tempo, Cory confessara-lhe que era homossexual. Aparentemente, nem sequer Cory o reconhecera até há pouco tempo, por medo de que os pais o rejeitassem. Mas os pais, felizmente, tinham-no aceitado como algo natural.

      Sarah resignara-a a permanecer virgem durante o resto da sua vida. Porque não estava disposta a ir para a cama com um homem que não amasse e em quem não confiasse. O homem com quem fizesse amor tinha de ser como Cory, mas heterossexual: Atraente, inteligente e

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