Paixão e engano. Miranda Lee
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Читать онлайн книгу Paixão e engano - Miranda Lee страница 4
– Falei com um dos empregados do hotel que estava a trabalhar na sexta-feira à tarde. Lembra-se da Sarah.
Naturalmente, pensou Scott. Só um cego não repararia nela. Sarah era uma rapariga deslumbrante de cabelo loiro, olhos azuis grandes e uma boca irresistível. Apesar de ser magra, tinha curvas e vestia roupa muito feminina.
Scott nunca esqueceria o momento em que vira Sarah pela primeira vez. Fora há exatamente quinze meses. Nos escritórios da Goldstein e Evans, o escritório de advogados de Sidney que costumava usar para assinar os seus contratos. Apaixonara-se por ela imediatamente, fora amor à primeira vista. Uma semana mais tarde, durante o seu terceiro encontro para jantar, Sarah confessara-lhe que sentia o mesmo.
E Scott acreditara. Três meses depois, casaram-se. E agora, um ano mais tarde, parecia que Sarah ia tornar-se a sua ex-esposa.
Scott pigarreou.
– O que é que o empregado te disse?
– Disse-me que pareciam ter uma relação íntima. Sentaram-se num canto do estabelecimento, não beberam muito e limitaram-se a falar. Quinze minutos depois, levantaram-se e foram-se embora.
– Entendido – disse Scott, num tom cortante.
Tanto Harvey como ele sabiam para onde Sarah e o amigo tinham ido. As fotografias demonstravam-no. O homem fora ao balcão da receção e reservara um quarto. Depois, ambos tinham apanhado o elevador, tinham ido para o quarto e tinham saído quarenta e cinco minutos mais tarde.
– No entanto, o empregado disse que nunca a tinha visto lá – acrescentou Harvey.
Mas havia muitos outros hotéis em Sidney.
– No entanto, conhecia o tipo – continuou Harvey. – Tinha-o visto lá com outra mulher em várias ocasiões. Uma morena.
– Descobriste quem é?
– Sim. Chama-se Philip Leighton. Trinta e tal anos. Advogado.
– E trabalha na Goldstein e Evans, engano-me?
– Não, não te enganas. O seu trabalho concentra-se em assuntos de família e especializou-se em divórcios. Fundamentalmente, encarrega-se dos divórcios de pessoas ricas. Também procede de uma família com dinheiro. O pai dele é senador. Segundo os rumores, o senhor Leighton quer envolver-se na política. Não é casado e não tem namorada estável. Segundo um colega de trabalho com que falei esta manhã, é um playboy.
Scott, repentinamente, sentiu uns ciúmes enormes. Não suportava que o tratassem como um tolo e Sarah fizera-o. No sábado de manhã, a indignação que Sarah mostrara fora apenas uma arma para esconder a culpa. A verdade era que Sarah se deixara seduzir por um descarado.
«Talvez, se não tivesses feito tantas viagens de negócios, isto não tivesse acontecido…»
Não, nada disso, o comportamento de Sarah não tinha desculpa!
– Mais alguma coisa que tenhas a dizer a respeito da minha esposa e do tal Leighton?
– Só que não foi ter com ele depois de sair da tua casa no sábado. O Leighton tem uma casa na zona residencial da Costa Norte de Sidney, a Sarah não foi vista por lá.
– Talvez tenha ido para casa do Cory – murmurou Scott. – É o melhor amigo dela, conheceram-se na universidade.
Scott não deu mais explicações, sobretudo, porque não sabia muito em relação à amizade da sua esposa com o jovem arquiteto. De repente, percebeu que, na verdade, não sabia grande coisa sobre a esposa. Sarah contara-lhe que a mãe já não era viva e que não tinha contacto com o pai ou com o irmão, mais velho do que ela. Os pais tinham-se divorciado, não amigavelmente, e o irmão ficara do lado do pai, apesar das infidelidades dele.
Scott não tentara indagar mais no passado de Sarah. Também não lhe perguntara em relação à natureza da sua amizade com Cory, principalmente porque Cory não o preocupava. Na verdade, gostava de Cory e vice-versa.
«Suponho que, agora, depois de a Sarah lhe ter falado da sexta-feira à noite, já não goste de mim», pensou Scott. Porque de certeza que Sarah lhe teria contado. Tudo. Quando Cory e Sarah estavam juntos, pareciam dois adolescentes.
De repente, Scott desejou ficar sozinho para fazer algumas pesquisas sozinho. Portanto, levantou-se, deu a volta à secretária e ofereceu a mão a Harvey.
– Obrigado, Harvey. Agradeço-te por tudo o que fizeste.
– De nada, chefe – replicou Harvey, apertando a mão que Scott lhe estendia. – Lamento não ter podido dar-te melhores notícias.
– A vida não é fácil, Harvey.
Nem o amor. Porque ainda amava a esposa infiel. E não sabia porquê!
Assim que Harvey se foi embora, Scott agarrou no telemóvel pessoal e marcou o número do emprego de Sarah. Quando lhe disseram que Sarah não fora trabalhar, alegando estar doente, não soube o que pensar. Sarah nunca faltava ao trabalho. Adorava o que fazia, sobretudo, agora que se encarregava, de forma permanente, dos casos de pessoas sem meios para pagar um advogado. Encarregara-se de vários casos, entre eles, um sobre uma demissão injusta e outros sobre discriminação de género. Ganhara a maioria deles. Não, não era próprio de Sarah faltar ao trabalho.
Scott franziu o sobrolho. Sarah devia estar muito incomodada, sem dúvida. Mas… por causa dele ou por causa do seu próprio comportamento? Talvez só tivesse sido infiel uma vez. Talvez se arrependesse do que fizera.
Subitamente, outra ideia apareceu na sua mente. Algo horrível. E se Sarah fugira com o tal Leighton?
O coração pareceu querer sair-lhe do peito quando fez a pergunta seguinte à rececionista:
– E o senhor Leighton? Está no escritório?
– Sim, está, sim. Deseja falar com ele?
– Não, agora não, obrigado – respondeu Scott, com firmeza e um grande alívio.
Mas falaria com ele. Não tinha dúvidas de que fora Leighton que dera o primeiro passo. Sarah, pela sua personalidade, não tinha tendência para a infidelidade.
Ou sim?
Estava claro que não conhecia bem a esposa.
Abanando a cabeça, ligou para o telemóvel de Sarah. Surpreendeu-o ver que não estava desligado, embora estivesse ocupado. Com quem estaria a falar? Com Cory? Com o descarado do seu amante? E onde estava? O mais certo era que continuasse em casa de Cory.
Consciente de que não podia continuar a pensar nisso sem fazer nada, Scott tomou uma decisão. Tinha de enfrentar Sarah mais uma vez. Agarrou no casaco, vestiu-o, saiu do escritório e aproximou-se da secretária de Cleo, que olhava para o ecrã do computador com o sobrolho franzido.
– Tenho de sair, Cleo. Cancela todos os compromissos que tenho esta tarde e tira o resto do dia. Mereces.
Cleo levantou os olhos e suspirou.