"Casamento de sociedade" Comprometida com um xeque - A Esposa Secreta. Kate Walker
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– Talvez me tenha expressado mal. Na realidade, não acredito que queira casar comigo. Mas acho que é algo que pensa que deve fazer pela honra. Foi um acordo entre os nossos pais há muito, muito tempo.
– Jenna, não estou a perceber…
– Vou tentar explicar. O falecido pai de Rashid e o meu pai eram muito amigos e, quando eu ainda era um bebé, decidiram que se eu reunisse certas condições… certos critérios, seria a esposa de Rashid.
– E quais eram esses critérios? – inquiriu ele.
– Físicos, por exemplo, deveria ser do agrado de Rashid.
– Bom, não acho que haja dúvida sobre isso, não é? – riu Brad.
Ela encolheu os ombros.
– Acho que cumpro com essa condição.
– Falas como se estivesses a falar de um móvel ou de uma coisa!
– É possível que se trate de uma coisa do género – declarou Jenna, lembrando-se do último encontro com ele, com aqueles olhos pretos fitando-a com desejo.
– Qual é o outro critério?
– O óbvio. Devo ser virgem… mas não me apetece falar disso.
– Pois… – anuiu Brad. – Mas há qualquer coisa que não me estás a contar, Jenna. Não me parece que a ideia seja repugnante para ti. Tenho visto fotografias do homem e é muito atraente…
Jenna engoliu em seco. Era verdade.
– Oh, não é nada disso! É um homem espectacular, só que a América mudou-me. Com o que aprendi agora, talvez não queira o que antigamente queria.
– Perdi-me nas tuas reflexões! – protestou Brad.
– Quando vim para os Estados Unidos, tive acesso à liberdade da imprensa pela primeira vez e li o que diziam as revistas da sociedade sobre o estilo de vida de Rashid!
– Estou a começar a perceber – afirmou Brad.
– Rashid é quase doze anos mais velho do que eu… Quando era criança costumava proteger-me…
Ele levara-a com ele para todos os lados durante a sua infância. Ela sempre o admirara. E quando tinha catorze anos suspirara por ele ao vê-lo montado no seu cavalo preto, um magnífico garanhão…
Durante a sua relação com ele, tinha-o feito rir, tinha brincado com ele e Rashid tinha tolerado o que em qualquer outra pessoa teria tomado como sinal de insurreição… E ela tinha sentido que o mundo começava e acabava com Rashid…
– Então, o que é que aconteceu para que agora o detestes dessa maneira?
– Detestá-lo? Não, não o detesto.
– Pela maneira como falas, parece que o odeias…
«Ódio?», pensou Jenna. Na realidade, amara-o sempre. Mas seria sempre um amor não correspondido, insuficiente para a mulher em que se tornara.
Quando fizera dezoito anos, a relação entre eles mudara profundamente. Rashid começara a distanciar-se dela. A atmosfera começara a ser tensa. A relação confortável entre eles tinha-se evaporado…
E ela tivera saudades da antiga relação.
– Rashid não tentou casar comigo quando tive idade para isso – declarou ela. – E o meu orgulho não me permitiu demonstrar-lhe a minha desilusão. Não tive vontade de ficar em Quador e disse que desejava conhecer melhor o país da minha falecida mãe, que queria conhecer a minha terra natal.
Rashid também tivera experiências naquele sentido. Os seus pais tinham morrido num acidente de avião e os seus direitos e heranças tinham chegado mais cedo do que alguém antecipara. Não só tivera que suportar a dor da perda, mas tivera que começar a governar o país. A transição do poder não tinha sido fácil. Muitas pessoas tinham duvidado da sua capacidade para dominar aquelas terras e Rashid tivera que o demonstrar pela força.
Lembrava-se de como Rashid tinha demorado a dar a sua aprovação e consultara o pai dela para que ela viesse estudar direito para os Estados Unidos.
– Reconheço que a sua aprovação para que eu saísse do país me confundiu um pouco, mas depois percebi. A verdade dói… – declarou ela.
– Que verdade?
– Sobre o seu estilo de vida. Que parva que fui! Pensei que como era o meu noivo não andaria com outras mulheres! Mas soube que andava com modelos e actrizes desde a sua adolescência. Tinham-me ocultado essa informação quando estava em Quador, mas quando cheguei aqui, soube tudo. Inclusive agora tem uma amante!… Tem uma mulher em Paris e telefona-me para que me case com ele!
– Tens a certeza? – inquiriu Brad, horrorizado.
– Sim, chama-se Chantal e é a sua favorita. Certamente vai ocupar o quarto de hotel ao lado do nosso na nossa lua-de-mel… São esses os costumes de Quador!
– E o que é que vais fazer, Jenna? Não irás aceitar uma relação assim, pois não?
– Oh, não! – Jenna sorriu. – Voltarei para Quador e vou convencer Rashid de que não sou a mulher com quem quer casar.
– E como é que vais fazer isso? – inquiriu Brad.
– Não te preocupes comigo, Brad – ela estremeceu. – Vou pensar em alguma coisa.
– Mas preocupas-me…
– Não te preocupes. Não me vai obrigar a fazer nada que eu não queira ou que não esteja de acordo com os meus princípios morais.
– Sim, claro – replicou Brad, não muito convencido.
Jenna agitou o seu cabelo ruivo, como uma égua preparando-se para uma corrida.
– Vou reservar a passagem e vou dar uma volta pelas lojas.
O avião de Rashid aterrou em Paris. Uma limusina preta estava à sua espera para o levar ao luxuoso apartamento num selecto bairro da cidade.
Como sempre, um discreto guarda-costas precedeu-o, enquanto outro o seguiu, quase oculto das pessoas.
– Podem deixar-me, agora – declarou Rashid.
– Mas, Excelência…
– Deixem-me! Sabereis da minha presença dentro de alguns minutos – replicou Rashid.
O guarda-costas olhou para ele como se pusesse uma objecção, mas era inútil opor-se à vontade de Rashid.
– Sim, Excelência – declarou.
Rashid bateu à porta. Tinha chave, mas sabia que já não a poderia usar.
A porta abriu-se e Chantal apareceu. Tinha estado à sua espera, pois um telefonema