"Casamento de sociedade" Comprometida com um xeque - A Esposa Secreta. Kate Walker
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Claro que viajara com pouca bagagem, não pensava ficar!
– Com muito pouca bagagem – concordou ela, com um sorriso tenso.
– Bom, aqui acaba o meu trabalho, menina – declarou Abdullah, e inclinou a cabeça.
– Obrigada, Abdullah.
Jenna entrou no quarto, desejando ter serenidade suficiente para levar a cabo o seu plano sem que se notasse. Mas ao ver Rashid junto à janela, a sua garganta secou.
Como poderia ter imaginado que seria fácil rejeitar a sua proposta de casamento? Esquecera-se do efeito que produzia nela?
Vestido com um roupão de seda de fios dourados, o seu corpo musculoso parecia mais viril do que nunca.
Ouvira-a entrar, mas não se tinha virado, como se quisesse fazê-la esperar para se deleitar com o seu rosto, da mesma maneira que ela o tinha feito esperar desde que lhe telefonara.
Jenna sabia o que se esperava dela. Sabia que era melhor não o irritar e falou com o tom de voz que estivera a ensaiar mentalmente durante toda a sua viagem desde Nova Iorque.
– Xeque – declarou ela.
Ele virou-se e inclinou a sua cabeça como cumprimento.
Como tinha podido esquecer a sua presença! Era magnífico!
Rashid parecia furioso.
– O que é que fizeste? – inquiriu ele, em francês, como uma serpente venenosa.
Ao ouvir as suas palavras em francês, Jenna lembrou a sua amante francesa e sentiu uma dor aguda no coração.
Fitou-o, ignorando a sua pergunta.
– Xeque?
Rashid sentiu que aquela mulher que o ignorava tinha pouco a ver com a Jenna que ele conhecera.
Vestia umas calças de ganga justas e uma blusa de seda de cor de âmbar que combinava com os seus olhos. Umas botas curtas alargavam mais as suas pernas e um chapéu de aba larga adornava o seu cabelo ruivo. E aquela maquilhagem! «Tem um aspecto muito ocidental», pensou ele, com desagrado.
– Como te atreves a apresentar-te a mim tão arranjada?
– Não gostas da minha roupa? – inquiriu ela, com inocência.
– Pareces uma mulher vulgar! – exclamou Rashid, expressando os seus pensamentos em voz alta.
– Não me parece. Uma mulher dessas não poderia pagar esta roupa – replicou Jenna.
– Não me refiro a esse género de mulher! Não estou a falar das que andam na rua, nos bairros baixos de Riocard!
– Oh, tu referes-te a uma prostituta de luxo, então? – inquiriu ela.
Irritado, Rashid não respondeu.
– Porque é que não estás vestida com a roupa tradicional de Quador?
– Porque estou mais habituada a usar isto.
– Brad gosta que te vistas assim? – inquiriu Rashid.
Jenna pensou que seria melhor não o contrariar.
– Vou mudar de roupa.
Rashid abanou a cabeça.
– Oh, não. Já me fizeste esperar demasiado. Vais-te embora quando eu disser! – Rashid respirou fundo. – Queres refrescar-te um bocado?
Jenna abanou a cabeça.
Rashid voltou a sentir irritação.
– Tira esse chapéu! – ordenou.
Jenna tirou o chapéu e fitou-o, tentando não demonstrar o seu desafio.
Rashid ficou calado um momento.
– Cortaste o cabelo! – exclamou, com voz quebrada.
Por um momento, Jenna pareceu reparar numa certa tristeza nas suas palavras, mas ao ver os seus olhos de aço, percebeu que se enganara.
– Sim, gostas? – inquiriu ela, sentindo o frio do ar condicionado no seu pescoço, recentemente a descoberto.
– Porquê? – inquiriu ele. – Porque é que cortaste o cabelo dessa maneira? Para pareceres um homem?
Ela sentiu-se incomodada com aquela crítica, quase arrependida do seu novo aspecto, desejando recuperar novamente a sua aprovação. Perturbada pelo seu comentário, começou a brincar com os berloques do seu chapéu.
Até que se lembrou de Chantal e de todas as outras.
Uma dama de companhia era testemunha da conversa, mas não parecia compreendê-la. A sua missão era proteger e não imiscuir-se.
Jenna levantou o queixo em sinal de desafio. Aquele movimento realçou os seus seios sob a seda da sua blusa e Rashid não ficou imune a isso.
Jenna fitou-o nos olhos.
– Achas que pareço um homem? – inquiriu ela.
Alguma coisa deveria ter mudado no ambiente entre eles, dado que a dama de companhia franziu a testa e fitou-os.
– Volta aos teus assuntos! – exclamou Rashid, na sua língua materna.
Ela obedeceu imediatamente.
Rashid voltou a falar francês, fazendo um movimento de cabeça para a dama de companhia.
– Vês? É essa a obediência a que estou habituado, Jenna, e a que espero.
Rashid pensou que Jenna seria solícita com ele, que se renderia ao seu poder. Iria fazê-la gemer de prazer nos seus braços. Faria com que ela o desejasse tanto como ele a desejava…
– Não esperes isso de mim. Não sou tua subordinada. Vivi demasiado tempo na América para ignorar a igualdade entre homem e mulher!
– Como te atreves a falar assim ao teu governante? – inquiriu ele, incrédulo. – Quando casarmos, ocuparás naturalmente o papel de esposa subordinada!
– Eu gosto do meu cabelo assim. É mais confortável. Posso sair do duche com o cabelo molhado e ir directamente para a Universidade. Como um homem, na realidade!
– Vais para a Universidade de cabelo molhado?
Ela supôs que aquilo deveria ser estranho para um homem cuja posição na vida o obrigara a manter-se afastado das preocupações quotidianas, mas Rashid falava como se se tratasse de algum desvio sexual.
– Claro! Quando estou atrasada!
– Bom, não terás de te preocupar